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1oWorkshop Guzerá da Barra – O negócio é carne

Workshop realizado dia 22 de fevereiro define as bases para a produção de elite do plantel Guzerá e prepara pecuarista para mercado da carne light européia. Remate de exemplares PO fazem média histórica de R$ 10,6 mil.

O Brasil reúne as principais condições para tornar-se o maior exportador mundial de carne. Alguns fatores internos e externos, entretanto, impedem a concretização imediata deste cenário e devem ser equacionados pelos pecuaristas. Este foi o tom do 1o Workshop Guzerá da Barra – O negócio é carne, realizado dia 22 de fevereiro, no Hotel Estância Barra Bonita. O encontro precedeu o 1o Leilão Guzerá da Barra, dia 23, onde foram quebrados recordes de média da raça e preço pago por fêmea. Ambos eventos foram organizados pela AgroBarra, holding dirigida por Roberto e Beto Neszlinger (Barra Bonita/SP).

Mercado em alta

Paulo Loureiro, médico veterinário e consultor da AgroBarra, abriu o workshop falando sobre a necessidade do país posicionar-se melhor na oferta de produtos diferenciados no mercado externo, cada vez mais competitivo e seletivo. “É preciso dimensionar o poder de compra do mercado mundial de carne e, segundo a lógica deste mercado, indicar o tipo de produto adequado a cada continente, conforme os hábitos de consumo de sua população”, aponta o consultor. Assim como Loureiro, o presidente da CNA Brasil – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, Antônio Ernesto de Salvo, exortou os produtores a lutarem por melhores preços identificando nichos de mercado em alta e praticando alianças consistentes com a indústria frigorífica e empresas exportadoras. “O produtor brasileiro não pode mais caminhar de joelhos”, concluiu.

Sua majestade, o consumidor

A oferta de carne de qualidade ao consumidor começa pela padronização da produção seguindo a tendência do mercado por carne light. A conclusão é do professor da USP, Albino Luchiari. Ele recomenda ao produtor cuidados no manejo e pré-abate como condição para obter melhores preços de venda. “Qualquer tipo de estresse a que o animal seja submetido pode ocasionar grandes prejuízos à qualidade da carne, como lesões, perdas de tecidos, diminuição do shelf life e da maciez e escurecimento da carne”, explica. Para ele, o produtor terá ganhos significativos se a carne deixar de ser tratada como commodity. Quem dita as regras é o comprador final. “O preço tem que ser determinado pelo que o consumidor necessita e quer pagar, não o que o produtor quer receber”. Luchiari alertou que o consumidor não paga pelo aspecto nutricional, pela segurança ou qualidade óbvia. “Estão inclusos no preço”.

Uso de super touros

Lembrando que o touro é responsável por 80% ou mais do melhoramento genético do rebanho, Fernando Galvani, médico veterinário e diretor da VetPlus – empresa especializada em reprodução de bovinos (Marabá/PA), acredita que o reprodutor zebuíno é sub-aproveitado e mostrou que a utilização de touros Guzerá traz resultados surpreendentes. Galvani apresentou dados colhidos na Fazenda Surubim (PA) em 3 períodos: 1999, 2000 e 2002. Na estação de monta de 1999, a proporção vaca/touro foi de 50,6/1 em 93 dias de EM. Em 2000, o índice geral subiu para 63/1. A evolução média de cobertura foi comprovada com a estação de monta realizada até fevereiro de 2002, utilizando-se 1 touro para 81 vacas – ampliando a produtividade dos touros Guzerá em 60,08% em 3 anos com maior oferta de genética superior para a fazenda. “Touros de alta libido tiveram desempenho superior. No ano de 99, 4 touros de alta libido cobriram 79 vacas. Em 2000, a cobertura foi de 101/1 feita por 6 touros de alta libido, em 90 dias de EM. Nesta estação de 2002, 2 touros cobriram 121 vacas e outros 2 montaram 127”, completa. Galvani lembra que a utilização dos super touros incorpora ao sistema de produção ganhos econômicos significativos, com redução no número de touros em trabalho, aumento do suporte da propriedade e incremento de fertilidade no rebanho.

Guzerá em Sertãozinho

Luis Martins Bonilha, diretor do Instituto de Zootecnia de São Paulo, ressaltou o poder da seleção dentro de rebanhos no melhoramento genético da pecuária de corte. “O Brasil necessita melhorar sua taxa de desfrute, atualmente em 22%. Não basta possuir o maior rebanho comercial do mundo. É necessário acelerar a precocidade sexual de nossas matrizes e elevar o peso médio do rebanho ao abate”, afirmou. Ele citou exemplos práticos de rebanhos onde já se aplicam métodos de seleção para ganho de peso e precocidade sexual, como ocorre na Estação Experimental de Sertãozinho (SP). Comparando-se o desempenho do rebanho de seleção do IZ no período 81/98 com 95/98, o índice P378 (peso final do PGP) evoluiu 6,3% – de 301,8 kg para 320,8 kg – e o ganho de peso ao dia (G112) em 10,9% – de 752g para 834g. Quanto a características de carcaça de amostras populacionais de rebanhos Guzerá em Sertãozinho, os números foram expressivos: peso de abate em 464,3 kg (8,45% superior ao Nelore IZ), com rendimento de carcaça de 57,7%.

Leilão

Organizado pela AgroBarra, dos empresários Roberto e Beto Neszlinger, o 1o Leilão Guzerá da Barra, realizado no dia 23 de fevereiro (Barra Bonita/SP) fechou as contas com uma excelente média para fêmeas (R$ 10.575), total liquidez de seus 35 lotes e faturamento geral de R$ 326,2 mil. É o melhor remate de Guzerá dos últimos tempos. Além das 26 fêmeas, foram negociados 8 machos (R$ 4,2 mil média) e 1 prenhez (R$ 3,08 mil).

Com lances de guzeratistas de 6 estados, o remate inaugural do Guzerá da Barra está fazendo história: o valor médio de R$ 10.575,00 alcançado pelas fêmeas do leilão foi superior em 39,8% ao resultado da raça obtido até agora (média de R$ 7.563,11), elevando a cotação média de exemplares PO. O maior comprador do pregão, Murilo Bueno Kammer (Araras/SP), saiu satisfeito com suas compras, desembolsando R$ 61.180,00 levando 6 lotes.

O destaque do leilão, entretanto, foi a venda de 50% da vaca Evolução de Reilloc, de 91 meses, filha de Unidos da MS e Lorena de Reilloc. A fêmeas é uma das estrelas do plantel de doadoras da Guzerá da Barra e máquina de fazer embriões: produziu pela Barra 136 embriões viáveis em 12 coletas – incrível marca de 11 viáveis por coleta.

Evolução teve sua cota adquirida por José Manoel Fernandes Diogo Junior (Tietê/SP) por R$ 28 mil. “Com certeza é a vaca guzerá mais bem paga da raça até o momento”, comemora Roberto Neszlinger. “No leilão colocamos mais 3 machos e 3 fêmeas, produtos de Evolução, que somaram R$ 49.840,00 em vendas, mostrando que a matriz é sinônimo de lucratividade real”.

Informações adicionais:

Roberto e Beto Neszlinger – AgroBarra: (11) 5051-6111
Paulo Loreiro: (19) 9604-5471
Albino Luchiari: (11) 3091-7702
Fernando Galvani: (63) 415-1086
Luis Martins Bonilha: (34) 9972-8682
Antonio Ernesto de Salvo: (61) 326-0460

Fonte: Assessoria de Imprensa AgroBarra.

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