No início do ano passado publicamos o artigo "3D da pecuária de corte: quais os desafios para", em que perguntávamos à toda a comunidade BeefPoint quais seriam os principais desafios que o setor iria enfrentar durante 2010. Em 2010, os desafios foram grandes e podemos considerar que de maneira geral o Brasil e o setor tiveram um ano bom.
No início do ano passado publicamos o artigo “3D da pecuária de corte: quais os desafios para 2010?“, em que perguntávamos à toda a comunidade BeefPoint quais seriam os principais desafios que o setor iria enfrentar durante 2010.
Na época estávamos acabando de sair de um ano recheado de incertezas, dificuldades e obstáculos que exigiram grande esforço para serem transpostos. O ano de 2009 foi marcado por queda nas exportações, variação cambial, baixo volume de crédito no mercado, crise de frigoríficos, aumento da pressão ambiental, aumento dos custos e queda do preço da arroba. Ou seja, um ano realmente difícil.
2010 sinalizava que seria um ano de recuperação, mas os desafios ainda eram grandes. Nas opiniões dos nossos leitores foram citados temas como:
• Concentração dos frigoríficos: realmente após a crise muitos frigoríficos quebraram, uns foram vendidos e outras plantas arrendadas. Em 2010 ainda vimos reflexos desta crise e algumas indústrias apresentaram dificuldades. Alguns especialistas acreditam que o processo de consolidação ainda não acabou e essa situação cobra dos pecuaristas cada vez mais profissionalização na comercialização já que o poder de negociação da indústria têm aumentado.
• Rastreabilidade: este ainda é um tema polêmico, mas que é uma realidade e precisa ser melhor discutido. Podemos dizer que o Sisbov pouco mudou no último ano e continua colecionando opiniões contrárias e a favor. Nos últimos meses alguns Estados concederam aos pecuaristas a opção de decidirem se a carne de seus animais pode ser exportada ou não, ou seja, o frigorífico só poderá exportar a carne se pagar um diferencial pelo boi rastreado. Acho que ai está o grande entrave da popularização em massa do sistema, se o pecuarista vislumbrar lucro na operação ele irá investir para se tornar ERAS.
• Sustentabilidade: a questão ambiental foi um dos grandes temas de 2010 e deve continuar sendo nos próximos anos. Muito já está sendo feito neste quesito, mas com certeza ainda precisamos melhorar. O Mapa lançou o programa ABC, que visa financiar produtores na busca pela sustentabilidade. O Novo Código Florestal, de autoria do relator deputado Aldo Rebelo está para ser votado e apesar da grande discussão, deve trazer algum alívio para o setor. Além disso surgem a cada dia novas iniciativas como a popularização da ILP, do plantio direto e a criação da Associação dos Profissionais da Pecuária Sustentável, que buscar divulgar para a sociedade tudo o que vem sendo feito e melhorar o nível do debate, apresentando dados verdadeiros e resultados de pesquisa.
• Marketing: ainda precisamos intensificar ações de marketing institucional da nossa carne, para que a carne brasileira seja realmente conhecida mundo à fora. Algumas empresas e associações aumentaram o investimento em ações para divulgar suas marcas e isso tem sido muito bom. O Marfrig por exemplo está patrocinando a Seleção Brasileira de Futebol e a Copa do Mundo de Futebol com a marca Seara.
• Reposição: os preços altos da reposição foram citados com um dos entraves da pecuária de corte no ano passado. Esses preços continuaram em patamares elevados, mas diferente do que muitos previam os preços do boi gordo registraram forte valorização no segundo semestre.
• Exportações: as exportações brasileiras de carne bovina se recuperaram em 2010, chegando próximas aos valores apurados em 2008. Um dado interessante de se notar é que a nossa carne está mais valorizada no mercado internacional sendo negociada em 2010, pelo preço médio de US$ 4.059/tonelada.
Outros pontos citados na pesquisa realizada no ano passado foram: custos de produção, carga tributária, política agrícola, aumento de produtividade e de profissionalização do produtor.
Em 2010, os desafios foram grandes e podemos considerar que de maneira geral o Brasil e o setor tiveram um ano bom, ao ponto do superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio, avaliar que “o ano passado foi o melhor nos últimos seis anos, tanto na recuperação do preço da arroba como nas exportações e isso vai refletir nos próximos anos de forma positiva”.
Gostaríamos de saber a sua opinião sobre quais serão os 3 principais desafios para a pecuária de corte em 2011. E ainda, o que poderá ser feito para impulsionar a cadeia no Brasil. Dê sua opinião enviando um curto e rápido comentário através do box de cartas do leitor, abaixo.
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Financiamento, a juros civilizados, para pecuária e ILP.
Posso citar apenas uma para contribuir com a discussão:
Aqui no município de São Paulo, existe a Lei nº 15.120 de 14/01/2010 que versa sobre a origem da carne comprada para a merenda escolar e hospitais. A carne bovina não pode ser oriunda de área desmatada, de trabalho infantil ou escravo, ou de terra indígena. E no seu artigo 2º, exige que cada entrega seja acompanhada de ´histórico de procedência´. A Lei completou 01 ano e ainda não conseguiu ser colocada em prática.
Diversos frigoríficos podem declarar sua idoneidade, mas não sabem como farão para entregar carne rastreada para abastecer o município.
Se essa exigência de alguns exportadores e grandes varejistas pegar, não sei como vai ser na prática.
Acredito que os desafios da pecuária para 2011 ainda estarão relacionados com as principais questões do ano passado como a rastreabilidade que ainda precisa ser mais divulgada além de remunerar cada vez mais o produtor para compensar o investimento, consequentemente isso intensifica a nossa produção que ganhará em produtividade. Com relação aos frigoríficos acredito que o sistema de negociação da carne entre produtor/abatedouro ainda é muito primitivo, cabe ao governo intervir nesta negociação com uma política que não prejudique nenhuma das partes. Já o preço do boi e a relação de troca estão intimamente ligados com a oferta e a demanda. Quanto mais nossa carne for “bem vista” no exterior (mercado externo) e o poder de compra dos brasileiros aumentar (mercado interno), haverá elevação dos preços.
É preciso haver forte união no meio rural,na tentativa de diminuir os custos da
cadeia de produção,através de cooperativas que englobam desde a compra de in-
sumos até a finalização nos frigoríficos.Outro fator importante é sensibilizar o Go-
verno,que nossas terras estão necessitando de cuidados em que nossa renda,
nao nos permite tratá-la como deveria- INCENTIVOS A LONGO PRAZO E JUROS
COMPATÍVEIS.