Japão: USDA prevê recuperação para o mercado carne

Em um relatório publicado em 10 de abril, que faz uma revisão das previsões presentes no relatório de 5 de setembro de 2011 sobre o mercado de carnes do Japão, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou a previsão de um cenário de recuperação com relação à queda na produção doméstica e no consumo de carne bovina no ano anterior devido ao terremoto seguido por tsunami em março, ao incidente da contaminação com E.coli O157 e à detecção de Césio 137 na carne bovina doméstica.

No relatório de 2011, o USDA projetou um leve declínio no consumo total, um leve aumento nas importações totais e estoques finais relativamente altos em 2011. Para 2012, o USDA prevê uma diminuição gradual dos altos estoques excedentes devido a um leve aumento no consumo total com relação ao ano anterior. O USDA também projetou que em 2012, os abates totais continuariam seu declínio e que as importações totais permaneceriam sem mudanças com relação ao ano anterior. Entretanto, houve na verdade um aumento nas importações totais devido à maior demanda, o que contribuiu para que o consumo total fosse levemente maior em 2012. Além disso, os estoques reais finais do ano de 2011 foi apenas levemente maior do que o nível do começo do ano.

Finalmente, o relatório de 2011 também notou uma maior demanda para “carne bovina de animais alimentados com grãos de classificação média”. O USDA projetou que essa demanda prevista continuará e que a carne bovina norte-americana terá bom desempenho no Japão em 2012. Baseado nisso, o USDA fez novas previsões sobre o cenário de 2012 do mercado de carne bovina do Japão, como explicado abaixo.

Leve aumento no consumo total de carne bovina previsto para 2012

Como explicado no relatório anual anterior, a questão da detecção de césio no verão passado na carne bovina doméstica (de animais alimentados com palha de arroz contaminada) afetou a confiança dos consumidores na segurança do produto doméstico. Mesmo se não houvesse um requerimento do Governo, os principais varejistas continuariam vendendo carne bovina doméstica com rótulos indicando “testada” ou sinais “não detectados”. O USDA não está certo sobre por quanto tempo essas práticas continuarão, à medida que a resposta do Governo parece ter sido efetiva em prevenir a entrada de carne bovina contaminada nos canais de distribuição.

Para o consumo, a mudança no verão passado de carne bovina doméstica para carne importada continuou durante o resto de 2011. O USDA espera que esse consumo mude, especialmente para carne suína, sendo temporário e, depois, revertido em 2012. A previsão de mercado para carne bovina importada também deverá permanecer boa para o ano. Isso é verdadeiro para vendas de cortes de animais alimentados com grãos dos Estados Unidos, que podem suprir a demanda por “cortes de animais alimentados a grãos de classificação média e preços acessíveis”.

De fato, em uma comparação com relação ao ano anterior, as importações em 2011 (excluindo os produtos processados e preparados) foram 4% maiores para carne bovina (724.000 toneladas). Devido a esse aumento nas importações de cortes de carne bovina, o USDA mudou sua previsão anterior para o consumo total de carne bovina do Japão de “queda leve” para “aumento líquido” de 1%, para 1,239 milhão de toneladas.

O principal destaque no ano passado foi o grande crescimento na carne bovina dos Estados Unidos, que aumentaram 32%, para 169.000 toneladas com relação ao ano anterior, batendo a projeção anterior do USDA, que era conservadora. A carne bovina australiana sofreu uma queda de 4% devido a seu alto preço. Para a nova previsão de 2012, o USDA projetou uma demanda de mercado para cortes importados de animais alimentados com grãos devendo continuar e uma melhor demanda geral. Baseado nisso, o consumo total de carne bovina em 2012 foi agora projetado para aumentar 1%, para 1,256 milhão de toneladas, um aumento substancial com relação à projeção anterior.

Crescimento de 2% nas importações foi previsto para 2012

O USDA também projetou um crescimento de 2% nas importações de carne bovina do Japão em 2012, com as importações totais devendo ser de 756.000 toneladas, outro substancial aumento com relação à estimativa do ano anterior. Atualmente, o USDA estima que as importações do Japão de cortes dos Estados Unidos crescerão a um ritmo moderado quando comparado com 2011, em 7%, para um total de 182.000 toneladas. Essa estimativa é baseada na hipótese de que números suficientes de animais qualificados para exportação ao Japão estão disponíveis nos Estados Unidos para suprir a sólida demanda de mercado japonesa por cortes de animais alimentados com grãos.

Entretanto, os importadores japoneses estão preocupados com o aumento da oferta de exportação dos Estados Unidos que começou no ano passado. Se isso persistir, poderá efetivamente eliminar a vantagem competitiva de preço que os Estados Unidos tinham contra a Austrália em 2011. O aumento na oferta de exportação pode ser devido ao número historicamente pequeno de bovinos nos confinamentos dos Estados Unidos previstos para esse ano. Além disso, de acordo com fontes do mercado, alguns fornecedores australianos começaram a reduzir sua oferta de exportação ao JapãoEssa medida pode também estar relacionada a seu maior abate e produção previstos para o ano.

Agora, as importações do Japão de carne bovina da Austrália em 2012 deverão cair 3% com relação ao ano anterior, para cerca de 471.000 toneladas. Como no ano anterior, as ofertas australianas de cortes resfriados de animais criados a pasto e alimentados com grãos deverão continuar sendo substituída pelos cortes de animais alimentados com grãos dos Estados Unidos. Os cortes de carne congelados de animais criados a pasto da Austrália (principalmente usados para fabricação de hambúrgueres) deverão continuar tendo bom desempenho em 2012 atendendo aos baixos preços buscados pelos consumidores.

Previsões de demanda doméstica estável por carne bovina em 2012

O USDA revisou para baixo as previsões de abates totais de bovinos em 2012 com relação à sua previsão anterior. Os abates totais em 2011 caíram mais do que a previsão anterior, com um declínio de 3% para 1,179 milhão de cabeças (501.000 toneladas). Refletindo a lenta recuperação, o USDA projetou, em comparação com o ano anterior, um declínio marginal para os abates totais de 2012, para 1,175 milhão de cabeças (500.000 toneladas). Existem relatos de que algumas vacas leiteiras (cerca de 4.000-5.000 cabeças) que foram criadas nas regiões afetadas pela radiação de Tohoku e Kanto, foram voluntariamente retidas no ano passado devido às preocupações com a contaminação e que essas vacas deverão ser abatidas nesse ano. Então, algum aumento nos abates de vacas leiteiras poderá ser visto em 2012, mas isso provavelmente deverá ser compensado pela redução dos abates e outros locais.

Revisões sobre restrições relacionadas a EEB podem mudar a previsão mais tarde

No final do ano passado, o Governo do Japão finalmente anunciou que revisaria suas restrições gerais de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) através da revisão pela Comissão de Segurança Alimentar (FSC). A revisão da FSC poderá mudar as restrições de importação do Japão impostas à carne bovina norte-americana, que está em efeito há quase 10 anos e, nesse caso, o USDA revisaria suas previsões. Fatores a serem incorporados na avaliação do USDA seriam:

1) possibilidade de substituição da carne bovina americana pela australiana;

2) provável crescimento das importações totais de carne bovina;

3) possibilidade de desencadeamento de salvaguardas para a carne bovina; e

4) prováveis impactos no mercado de carne suína.