Os atuais preços varejistas da carne bovina e dos produtos derivados encontraram uma resistência dos consumidores. Embora altos em termos relativos, os preços varejistas não estão fornecendo margens para a cadeia que suportem os setores de engorda de gado e de frigoríficos.
Baixas margens dos frigoríficos
Os 38,81 milhões de hectares que deverão ser plantados com milho em 2012 nos Estados Unidos deveriam aliviar parte das pressões sobre as margens de lucros dos criadores de gado, mas provavelmente isso não ocorrerá até que a nova safra seja colhida, de acordo com o último relatório de previsões do mercado pecuário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), publicado em 16 de abril. As condições de seca das Planícies de Sul e nos estados do sudoeste parecem estar diminuindo, à medida que o fenômeno climático La Niña muda para um padrão climático mais normal e, junto com as expectativas de safras mais normais, as previsões de disponibilidade de pastagens em 2012 estão melhorando.
Entretanto, existem indícios de que os pecuaristas do sul e do sudoeste dos Estados Unidos estão comprando bezerros ao invés de vacas para pastar nesse verão. Essa estratégia poderia também servir para reduzir a pressão nas pastagens sobre os pastos prejudicados pela seca, permitindo uma chance de se recuperar dos efeitos da seca de 2011.
Ao reabastecer com bezerros ao invés de vacas, os pecuaristas estão efetivamente adiando a reconstrução dos estoques nacionais bovinos com relação ao momento originalmente antecipado. A alta taxa de abate de vacas observada durante o primeiro trimestre de 2012 também afetará a safra de bezerros em 2012, que deverá ser um pouco menor como resultado disso, e poderá também afetar de forma adversa o estoque total de vacas em 2013, que, combinado com um aumento relativamente baixo nas novilhas devendo parir em 2012, poderá também cair levemente com relação aos estoques já baixos. Além disso, uma safra de bezerros menor em 2012 resultaria em menos bovinos disponíveis para terminação em 2013 e potencialmente uma menor produção de carne bovina em 2013 e 2014. Isso será exacerbado a uma extensão que os produtores manterão as novilhas da safra de bezerros de 2012 para reposições de rebanho ou reconstrução de rebanhos.
A direção que os valores dos cortes nas categorias “Choice” e “Select” tomarão em curto prazo é incerta e dependerá parcialmente do impacto em todo o setor de carne bovina das atuais respostas negativas dos consumidores à carne magra de textura fina, chamada de “lodo rosa” (lean finely-textured beef – LFTB). De acordo com estimativas da indústria e de analistas, a LFTB contribuiu com 3% a 6% das ofertas totais de carne bovina magra. Se os produtores de carne moída deixarem de usar a LFTB, precisarão encontrar fontes alternativas de carne magra ou substitutos para substituir isso nos produtos finais.
Com os estoques de bovinos em níveis baixos, os abates deverão declinar e provavelmente levarão a maiores preços dos bovinos e maiores preços da carne magra processada. Entretanto, os maiores preços dos bovinos poderão fornecer um incentivo para os abates de animais ao invés de mantê-los para cria, o que levará a um aumento em curto prazo nas ofertas de carne magra à custa da reconstrução do rebanho e do aumento das ofertas de carne em um período de 2-3 anos.
Se a demanda por carne magra processada se fortalecer, os preços da carne importada – principal fonte alternativa para a carne magra processada – também podem aumentar por causa das ofertas mundiais baixas de forma geral de carne bovina disponível para exportação. Além dos preços geralmente mais fracos da carne bovina no atacado, os preços para a carne 50% magra declinaram bastante, em grande parte por causa da menor produção de LFTB diminuindo a necessidade para as porções usadas para produzir LFTB e para misturar com o LFTB para produzir produtos de carne moída. Como resultado, os preços para essas porções declinaram 50% de 1o de março a 9 de abril de 2012 (média de 5 dias, Daily National Carlot Meat Report).
Os atuais preços varejistas da carne bovina e dos produtos derivados encontraram uma resistência dos consumidores. Embora altos em termos relativos, os preços varejistas não estão fornecendo margens para a cadeia que suportem os setores de engorda de gado e de frigoríficos. Com os frigoríficos sofrendo uma intensa pressão entre o custo do boi gordo e dos valores dos cortes no atacado, ou os valores dos cortes terão que aumentar – pressionando as margens dos varejistas ou resultando em maiores preços da carne bovina no varejo e em posição aos recentes movimentos de preços – ou os preços do boi gordo terão que permanecer relativamente fracos comparados com o último trimestre. Os menores preços do boi gordo continuarão pressionando as margens de lucros dos criadores.
Exportações de carne bovina dos EUA ficarão 2% menores em 2012
As exportações de carne bovina dos Estados Unidos em 2012 deverão ser de 1,225 milhão de toneladas, 2% a menos que no ano anterior. A produção doméstica de carne bovina cairá mais na segunda metade do ano, em 5% e 9% com relação ao ano anterior no terceiro e quarto trimestres, respectivamente. Os níveis de exportação no primeiro e no segundo trimestre do ano foram previstos em 299,37 e 326,58 mil toneladas, respectivamente, 4% e 3% de aumento com relação ao ano anterior. Os níveis de exportação no terceiro e quarto trimestres foram previstos em 317,51 e 292,56 mil toneladas, marcando um declínio de 9% e 6%.
Importações de carne bovina dos EUA serão 19% maiores em 2012
As importações de carne bovina dos Estados Unidos em 2012 deverão ser de 1,134 milhão de toneladas; isso seria 19% maior do que o nível importado em 2011, que registrou o menor volume das últimas duas décadas. As importações de carne da Oceania deverão se fortalecer, à medida que o ano progride e à medida que mais produtos estão disponíveis para exportação dos esforços de reconstrução do rebanho – particularmente na Austrália – no ano passado. As importações de carne bovina processada do Brasil deverão aumentar firmemente à medida que o ano progride. Além disso, os esforços recentes no México para aumentar a capacidade de processamento TIF (isto é, plantas de abate inspecionadas pelo Governo Federal que cumprem os padrões similares aos dos Estados Unidos) para implementar mais alimentação com grãos dos gados e para aumentar a competitividade de exportação do país estão resultando em maior oferta de carne bovina disponível para o mercado de importação dos Estados Unidos. Os níveis de importação dos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2012 deverão ser de 272,15 mil toneladas, 30% a mais que no ano anterior. Um crescimento de 12%, 15% e 22% foram previstos para os três trimestres restantes de 2012.
Fonte: USDA, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.