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JBS: estratégia de expansão é vista com cautela, dizem analistas

A estratégia agressiva do JBS de expandir operações em carne bovina e a recente entrada no mercado de aves no Brasil são vistas com cautela por analistas que questionam como a empresa já alavancada vai lidar com custos maiores e o controle das diversas operações.

A estratégia agressiva do JBS de expandir operações em carne bovina e a recente entrada no mercado de aves no Brasil são vistas com cautela por analistas que questionam como a empresa já alavancada vai lidar com custos maiores e o controle das diversas operações.

O JBS aumentou em 20% sua capacidade de abate no Brasil, para 38 mil cabeças/dia, com a incorporação de 12 frigoríficos, entre arrendamentos e compras de pequenas unidades desde o início do ano. Esse aumento em bovinos ainda pode ser maior, considerando que os credores do Independência, que já foi o quarto frigorífico brasileiro, aprovaram recentemente a proposta de compra feita pelo JBS.

No início de maio, o JBS entrou no segmento de aves no Brasil com o arrendamento de ativos da Frangosul, controlada da francesa Doux, em contrato que prevê opção de compra. As unidades foram reunidas na divisão JBS Aves Brasil. As operações impõem um desafio à empresa que é controlar os diferentes tipos de operações, na avaliação de analistas consultados pela Reuters, enquanto pecuaristas questionam a concentração de frigoríficos em regiões estratégicas.

Na teleconferência em que comentou os resultados da companhia, o presidente do JBS Wesley Batista afirmou que o aporte para colocar as unidades em funcionamento, estimado em 500 milhões de reais, é pequeno frente ao retorno esperado. A expectativa é que a expansão, incluindo aves e bovinos, gere 4,5 bilhões de reais ao faturamento anual da empresa, que foi de 61,8 bilhões de reais em 2011.

O valor da dívida líquida da companhia está em 4,3 vezes em relação à geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações), mas com estimativa do executivo de fechar o ano em três vezes.

A analista da Bigma Consultoria, Lygia Pimentel, observa que inicialmente a expansão foi considerada adequada, levando em conta o esperado aumento da oferta de animais. “Mas agora fica uma dúvida: eles estão se alavancando rápido e talvez não consigam fazer caixa rápido o suficiente”, disse. Na avaliação de Lygia, a estratégia pode ser arriscada porque neste cenário a empresa estaria contando mais com uma melhora das exportações do que na gestão de suas operações. “Outra dúvida de todos é saber se o JBS está assumindo os frigoríficos para manter em banho-maria ou para colocá-las em atividade”, acrescentou Lygia, lembrando que muitas das unidades incorporadas estão paralisadas.

A expansão do JBS também preocupa os pecuaristas de Mato Grosso, Estado com maior rebanho no país, que questionam a estratégia de manter unidades paradas. Segundo o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, o JBS tem quatro unidades paralisadas no Estado, três arrendadas e uma planta própria.

Consultada pela Reuters, o JBS informou que não comenta sobre as unidades paralisadas.

Outro fator que preocupa os pecuaristas é a concentração dos frigoríficos em poucas empresas. Recentemente, instituto que reúne pecuaristas e agricultores de Mato Grosso apontou que o JBS detem 48%. Em Mato Grosso do Sul, JBS, Minerva e Marfrig concentram 70% da capacidade de abate do Estado, segundo o presidente da associação local dos criadores (Acrissul), Francisco Maia.

A expectativa de reversão do ciclo pecuário, depois de anos com oferta restrita para o abate, também está estimulando a retomada das operações por outros frigoríficos, mas de forma mais moderada. O Marfrig, segundo maior, anunciou  planos para a retomada das atividades em três das nove unidades que foram paralisadas temporariamente.

A analista da Bigma lembra que o Minerva, terceiro no ranking, por exemplo, tem sido mais comedido. “O Minerva adquiriu uma planta em Minas Gerais, bem localizada, e as ações estão se valorizando mais que as do JBS”.

Fonte: Reuters, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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