Em 2003/2004 quando o bem-estar animal estava começando a estar na boca dos países de primeiro mundo, um levantamento no país sobre a cadeia de carnes mostrou que se perdiam US$ 32,52 por cada novilho que chegava ao abate devido aos machucados causados por maus manejos durante a produção ou transporte. Os machucados representavam 60% das carcaças dos animais que chegavam aos frigoríficos.
Embora o Uruguai tenha avançado na questão do bem-estar animal no momento do abate, ainda falta muito a ser feito a nível de estabelecimentos agropecuários, segundo a especialista em bem-estar animal dos Estados Unidos, Temple Grandin.
Os consumidores não somente exigem que o produto que compram seja de melhor qualidade, mas também, pressionam para que o animal tenha sido abatido sem sofrimento. Isso ganhará mais relevância no próximo ano, quando a União Europeia (UE) aplicará uma nova normativa para abate de animais cuja carne é destinada ao bloco e que contempla melhoras no bem-estar animal.
Em 2003/2004 quando o bem-estar animal começou a ser questionado pelo países de primeiro mundo, um levantamento no país sobre a cadeia de carnes mostrou que se perdiam US$ 32,52 por cada novilho que chegava ao abate devido aos machucados causados por maus manejos durante a produção ou transporte. Os machucados representavam 60% das carcaças dos animais que chegavam aos frigoríficos.
Desde então, o Uruguai tem seguido à risca os delinetamentos da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), órgão cujas normas sanitárias são referendadas pela Organização Mundial de Comércio (OMC) em busca de uma melhora. Os avanços têm sido substanciais, principalmente a partir da capacitação realizada pela especialista Grandin, da Universidade do Estado de Colorado, e um grupo de técnicos locais de elite, aportados pelo Instituto Plano Agropecuário, Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INIA), Faculdade de Veterinária e Instituto Nacional de Carnes (INAC).
Em 2008, após a capacitação de operários da indústria frigorífica, transportadores, produtores e pessoal do campo, os danos econômicos baixaram pela metade. Agora, são dados passos para melhorar o desempenho em outros setores, como é o caso das vacas leiteiras.
Por isso, Grandin voltou ao país onde fará palestra no Congresso Internacional de Bem-Estar Animal, Avanços e Estratégias para o futuro das espécies produtivas e no 2º Encontro Regional de Pesquisa em Bem-Estar Animal. O evento é organizado pelo INAC, INIA, Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP), Faculdade de Veterinária e Plano Agropecuário.
Após visitar estabelecimentos em todo o país, além da indústria frigorífica, Grandin afirmou que “o Uruguai conseguiu avançar muito e como país exportador de carne tem muitas vantagens. O mesmo ocorreu à Nova Zelândia e à Austrália”. No entanto, segundo ela, “uma das coisas que o Uruguai precisa fazer é por em prática um bom sistema de auditoria. Notei várias vezes que se realizam workshops para as pessoas, há muito entusiasmo com as práticas novas de manejo dos animais, mas o que acontece é que quando voltam a seus estabelecimentos não põem essas práticas em marcha ou as põem parcialmente e se vão deteriorando”.
Evitar maiores perdas econômicas na cadeia de carnes e nos estabelecimentos é fundamental, mas mais importante ainda é manter aberto os mercados, porque um só prova de maltrato animal pode deixar o Uruguai fora do circuito exportador, que hoje é relevante diante de um panorama internacional promissor para as proteínas de origem animal.
Para a especialista em qualidade da carne e uma das pioneiras em capacitação sobre bem-estar animal, Stella Maris Huertas, o progresso obtido no país também é notório. “Em todos os níveis, houve um importante avanço, porque as pessoas estão muito convencidas de que isso não é brincadeira, de que realmente tem uma importância elevada, não somente do ponto de vista ético e moral, mas também, do ponto de vista econômico, porque evita perder dinheiro”.
A nível da indústria, se vê muito claro esse avanço em tudo o que é “investimentos nas instalações e na capacitação do pessoa. A nível de estabelecimentos rurais, há grandes melhoras nos currais, tubos, e também temos capacitado muito pessoal”, disse Huertas.
Por outro lado, o diretor dos Serviços Pecuários do MGAP, Francisco Muzio, disse que “a nova norma da UE para abate de animais – começará a ser aplicada no ano que vem – está obrigando a realizar um acompanhamento muito próximo do bem-estar animal”. Nas últimas auditorias da UE na cadeia de carnes do Uruguai, colocou-se muita ênfase nesse tema.
O presidente do INAC, Luis Alfredo Fratti, também destacou o grande esforço da cadeia de carne do Uruguai para cumprir com esse requisito. “O Uruguai está mais preocupado com a qualidade que com a quantidade”.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.