Frango: alta dos insumos prejudica produção e exportação

O Brasil ocupa e tende a manter forte posição em relação a outros países, tanto na produção de carne de frango (terceiro maior produtor mundial) como na exportação do produto, liderada mundialmente pelo frango brasileiro. No entanto, essas posições estão em risco, simplesmente porque os principais insumos de produção do frango (milho e farelo de soja) atingiram internamente altos valores, prejudicando o consumor brasileiro e os maiores importadores da carne de frango.

Porém, o que poderia ser apenas uma crise momentânea, corre o risco de apresentar desdobramentos ainda mais sérios no médio e longo prazos. Essa hipótese já começa a se concretizar porque, após operar onerosamente na maior parte do primeiro semestre (devido ao alto preço dessas duas matérias-primas), grande parte dos diversos segmentos que compõem a cadeia produtiva do frango já não dispõe de capital ou crédito para manter suas atividades. Assim, começa-se a reduzir significativamente o ritmo produtivo, algo que afeta, também, a normal reposição de novas matrizes reprodutoras.

Nos últimos 30 dias, o valor do milho aumentou cerca de 35% e o farelo de soja acumulou variação da ordem de 25%. Isto em um mês, porque comparativamente aos preços de um ano atrás, hoje o farelo de soja está 100% mais caro.

Ou seja, sem remuneração que permita reinvestimentos na atividade, o abastecimento de carne de frango de 2013 será afetado e, eventualmente, até dos anos posteriores, pois a queda de alojamentos tende a se refletir também no segmento que produz a “avó” do frango abatido. Para tentar evitar que a defasagem entre o custo de produção e os preços de venda aumente ainda mais, o produtor começa a fazer o que entende ser “a sua parte”: procurar readequar o volume produzido ao consumo recessivo da atualidade.

Exportações

Consideradas as médias dos últimos 12 meses, o preço da carne de frango exportada pelo Brasil registra evolução positiva, mas inferior à dos EUA. Já o resultado dos quatro primeiros quatro meses de 2012 aponta resultados opostos: os EUA continuam com evolução positiva, mas os preços obtidos pelo Brasil recuaram 6% em relação ao mesmo quadrimestre de 2011.

Os dados são da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e apontam que, embora atingindo o melhor nível do ano, em abril o preço médio do frango exportado pelo Brasil ficou 8,3% abaixo do registrado um ano antes. Ou mais de 11% aquém do pico alcançado nos últimos 24 meses – US$2.194/t em maio de 2011. Aliás, a redução de preço acompanhou o frango brasileiro nos quatro primeiros meses do ano. Por isso, o quadrimestre foi fechado com um valor médio 6% menor que o de idêntico período do ano passado.

Já o frango exportado pelos EUA vem obtendo resultados positivos tanto no ano quanto nos últimos 12 meses. Dessa forma, nos quatro primeiros meses de 2012 o preço médio do produto aumentou 10,6%, enquanto o avanço em um período de 12 meses ficou próximo de 13%.

Em decorrência desses comportamentos, o preço médio das exportações norte-americanas (constituídas, essencialmente, por coxa/sobrecoxa de frango) reduziu a diferença em relação ao preço obtido pelo produto brasileiro. Em 2011, no primeiro quadrimestre, o preço médio dos EUA correspondeu a pouco mais da metade (54%) do preço brasileiro. Neste ano subiram 10% pontos percentuais, passando a corresponder a 64% do preço médio obtido pelo Brasil no quadrimestre.

Fonte: Avisite