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Devemos ter orgulho dos nossos confinamentos?

Por Miguel Cavalcanti, Engenheiro agrônomo, especialista em mercado do boi e marketing da carne e CEO do BeefPoint (beefpoint.com.br).

Em 2008, fui convidado a palestrar no congresso mundial da carne, na África do Sul, sobre as perspectivas da pecuária de corte brasileira. Apresentei um breve resumo do que estava acontecendo por aqui, inclusive o crescimento dos confinamentos brasileiros, mostrando dados da nossa pesquisa Top 50 BeefPoint. Expliquei que o percentual de animais confinados frente ao total abatido era pequeno, mas relevante.

Após a palestra, fui criticado por alguns brasileiros presentes no evento. Eu não deveria falar de confinamento, quando nossos concorrentes, como a Irlanda, só mostravam fotos de animais a pasto, foi um dos comentários que recebi. Aquilo me intrigou um pouco, pois era difícil para mim negar a importância dos confinamentos, já naquela época e também acreditava que era difícil “tampar o sol com a peneira”.

Esse ano, durante o congresso mundial da carne, dessa vez na França, ouvi um palestrante brasileiro comentar das vantagens da nossa pecuária, incluindo que só tínhamos animais a pasto e não usávamos grãos (que poderiam ser usados na alimentação humana) em confinamentos de gado de corte. No dia, pelo Twitter, brinquei: quatro milhões de animais confinados não é pouca coisa.

Apesar disso, acredito que há bastante gente que compartilha dessa visão de que devemos falar que nosso boi é de capim e ponto final.

Eu continuo acreditando que cada vez mais estamos na era da transparência. Os gringos, pelo menos os informados, sabem que temos confinamentos. Será que isso é motivo de vergonha ou de orgulho para nós?

O confinamento cresce no Brasil. Veja por exemplo, a quantidade de eventos sobre confinamento que aconteceu ano passado e esse ano. Outros temas, tão ou mais relevantes pouco são discutidos. O BeefPoint foi o único a realizar dois workshops sobre pecuária de cria, o primeiro em 2009 e o segundo esse ano. A engorda a pasto nunca teve um evento exclusivo. Vamos realizar o primeiro do Brasil em outubro. Mas sobre confinamentos, tivemos inúmeros eventos esse ano. E os que participei, todos contaram com grande público.

Ou seja, o tema confinamento é relevante e as pessoas querem se informar. Querem aprender. Querem fazer melhor. E isso é muito bom. Confinamento é curto prazo, é risco maior, é tecnologia. Precisamos aprimorar nossos conhecimentos para ter resultado financeiro e a cada ano surgem novidades em nutrição, aditivos, gestão, etc.

Quando olhamos os melhores confinamentos de fora do Brasil e comparamos com os melhores daqui, vemos que estamos muito bem. Essa foi uma das conclusões do nosso grupo de viagem a Austrália em maio desse ano. Visitamos um ótimo confinamento no estado de Queensland, com capacidade de 32 mil cabeças. Quando comparamos com o que há de melhor por aqui, percebemos que estamos muitíssimo bem. Somos tão bons ou melhores.

O Brasil tem feito um ótimo trabalho, até porque temos muita gente competente estudando, pensando e também visitando ótimos confinamentos fora do Brasil para aprender e aplicar aqui. No workshop sobre confinamento que realizamos em abril desse ano, minha conclusão foi de que confinamento no Brasil é uma junção de tecnologia com empreendedorismo. E essa junção tem funcionado muito bem, pois alia dinamismo e velocidade com conhecimento.

Outro ponto é que o confinamento é uma ótima ferramenta para se produzir boi a pasto. Temos uma grande vantagem frente a muitos outros países. Estamos numa região tropical, com amplas pastagens e chuvas abundantes. No entanto, quanto mais eficientes formos em usar nossos pastos, mais claro fica que temos sazonalidade de produção. Pasto produz muito mais nas águas do que na seca. Mesmo em pastos irrigados, pois é uma questão de água, temperatura e horas de sol por dia. Ou seja, se só usarmos pasto sem nenhum tipo de confinamento ou suplementação, estaremos travados pelo potencial produtivo da seca e não pelo potencial das águas.

Além disso, o pasto é excelente para recria, e menos eficiente na fase final da terminação. Onde temos um boi em acabamento, podemos colocar dois bezerros-garrotes, cada um ganhando mais por dia. Até por isso, muita gente diz que o confinamento é uma excelente estratégia dentro do sistema de produção, não uma técnica isolada. Quando você integra pastagens bem manejadas com confinamento no seu sistema, a eficiência aumenta.

Vale lembrar também que a agricultura está crescendo no Brasil e com isso os subprodutos. Quanto mais perto o confinamento estiver de comida barata, mais eficiente será. Em SP, a polpa cítrica é muito utilizada. Em outros estados, há muitos subprodutos da soja, do milho, sorgo e até do algodão. A integração lavoura-pecuária não precisa ocorrer na mesma área, para ser benéfica. Se seu vizinho faz agricultura, suas chances de comprar bons ingredientes para seu confinamento aumentam.

O confinamento também é uma forma de aumentar o peso de carcaça. Com isso, teremos mais quilos de carne por animal abatido, mais quilos de carne produzidos por vaca. Mais quilos de carne por hectare.

Ainda devemos lembrar que o Brasil termina 90% do seu gado a pasto. E que o sistema de produção brasileiro é baseado muito mais do que 90% a pasto, pois 100% (ou quase) da cria acontece a pasto. Mas não devemos criar falsas dicotomias.

Um dos aprendizados que trouxe de Austrália foi ver uma mesma empresa produzindo carne de Wagyu com mais de 400 dias de confinamento, carne de Angus com 100 dias de confinamento e carne de gado a pasto. Diferentes opções, para diferentes mercados, para diferentes demandas do consumidor. Qual é o melhor? Não há essa resposta. Atenda seu consumidor da maneira que ele está buscando e querendo pagar por isso.

Ao mesmo tempo, podemos (e devemos) vender melhor nosso gado criado a pasto. Há oportunidades para isso e devemos explorar isso mais a fundo. Se faz pouco sobre isso. E também nos enganamos achando que só o Brasil tem boi a pasto. Tenho uma coleção de materiais promocionais de carne bovina dos mais diversos países. Uma infinidade de países, dos mais diversos continentes fala que tem boi a pasto. Ou seja, não estamos sozinhos nesse mercado.

Minha conclusão é que devemos ter orgulho do nosso sistema a pasto, das vantagens que pecuária tropical do Brasil oferece, ao mesmo tempo que temos orgulho dos nossos confinamentos. Não é preciso ignorar, fingir que não existe ou negar um sistema para elogiar o outro. Até porque não adianta esconder uma verdade que está fácil de ser observada. Essa é minha opinião, mas quero escutar a sua. Envie seu comentário.

25 Comments

  1. Afonso Baggio disse:

    Miguel, acho que a melhor palavra sobre o que foi abordado é o equilíbrio. Tem muita coisa boa acontecendo no Brasil na área de manejos de pastagens, e o confinamento vem entrando como uma forma de acelerar o processo de produção da nossa pecuária de corte. Na minha visão acho que os dois andam juntos, e você está correto quando diz que não devemos esconder o nosso confinamento, afinal o Brasil vem tecnificando e muito essa atividade.
    Parabenizo você e a equipe do Beefpoint pelos workshops, espero um dia ter a oportunidade de participar, e creio que vocês fazem a diferença na cadeia produtiva da carne com informações e debates em alto nível.
    Grande abraço.

  2. Roberto Trigo Pires de Mesquita disse:

    Concordo plenamente com você. A minha expectativa para o Brasil é de que em futuro próximo a exploração da pecuária de renda máxima exigirá sistemas de produção multifuncionais orientados para a gestão sustentável da cria em pastoreio racional e da terminação em confinamento.
    Alianças estratégicas entre fazendas especializadas na cria a pasto com as de terminação (engorda / acabamento) em confinamentos reduzirão o ciclo completo da pecuária de corte para algo em torno de 16 a 18 meses, com produção de carne de qualidade superior e alto valor agregado.
    Abraço
    Roberto

  3. Jose roberto puoli disse:

    Caro Miguelito, boa tarde.
    Concordo com a essência do seu ponto de vista. Você abordou um ponto crucial do confinamento, que é o uso dele como uma ferramenta para termos pastos bons e bastante produtivos. Ótimo. Porém, o que me parece que as pessoas evitam de falar é na parte da grana. Dei uma palestra na Argentina semana passada sobre a pecuária brasileira, e tiveram muitas perguntas a este respeito, confinamento. Além de usar o mesmo argumento teu, ou seja, a importância do confinamento são os benefícios indiretos, toquei na parte do dinheiro. Esse é o ponto que eu acredito que gera mais blablabla e conflito de opiniões. Simplesmente, porque num período longo, é difícil ganhar dinheiro diretamente com o confinamento. Sei que têm exceções, mas na média e quando todos os custos, quero dizer todos, são apontados, é difícil ganhar dinheiro com os kilos colocados no confinamento. Já fui quase linchado por ter esse ponto de vista.
    Concluindo, acredito que confinamento é muito importante, e se colocarmos ele como uma ferramenta, importante, numa fazenda produtiva, acabariam as críticas.
    Abração
    limão

  4. Jose Orcasita disse:

    Miguel,

    Excelente articulo, soy Colombiano y desarrollo la labor de engorde de ganado a Pasto y en Confinamiento (Feedlot), y de varios puntos que comentas en el articulo puedo concluir (sin desechar los otros factores) que:

    1. La ganaderia a pasto y la ganaderia en confinamiento son complementarias.
    2. La decision de elegir un sistema de engorde u otro, dependera de las necesidades de nuestro cliente final.

    Saludos,

    Jose Orcasita
    Business Partner & Director de Inversiones
    Uypro Feeding
    Mobile UY (598) 99907787
    Office UY (598) 4354 7333
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  5. Péricles Bertoni disse:

    Muito boa matéria Eng. Miguel Cavalcanti, parabéns.
    Péricles Bertoni – Entec Biogas Austria

  6. André Alves de Souza disse:

    Bom dia Miguel!
    Com certeza devemos ter muito orgulho de nossos confinamentos, bem como exaltar os grande benfícios desse sistema em conjunto com o sistema de crescimento em pastagens. Temos a possibilidade de confinarmos com grande eficiência e, consequentemente lucratividade, em conjunto com sistemas de produção, principalmente nos casos de termos tb a integração lavoura pecuária, onde podemos acelerar bastante o desenvolvimento dos animais.
    Nos trópicos, definimos a utilização do confinamento visando aumentar a eficiência de produção, produção por área, taxas de desfrute e lucro! Isso é bem diferente das situações de clima temperado, onde o confinamento passa a ser praticamente obrigatório devido às condições climáticas.
    Sem dúvida alguma os sistemas intensivos de terminação de bovinos são essenciais para aumentos da eficiência e lucratividade dos sistemas produtivos. Além da melhora na qualidade dos cortes produzidos, que deverá ser a próxima oportunidade de aumento da remuneração para o produtor, apesar de ainda “engatinhar” a classificação de carcaças no Brasil.

    Grande abraço!

  7. SERGIO RAPOSO DE MEDEIROS disse:

    Caro Miguel, Bem lembrado por você que o confinamento, de forma geral, não só representa cerca de 10% dos animais abatidos, mas menos do que 10% de sua idade de abate, ou seja, ainda hoje quase 100% da produção é em pastagens! O importante é que, conforme seu texto defende, não querer advogar vantagens excludentes de um sistema em relação ao outro. Eles se complementam muito bem, resultando em menor idade de abate, carcaças mais pesadas e uniformes e aproveitamento mais racional das pastagens (com consequente aumento de lotação). Por fim, o confinamento no sistema de produção no Brasil é uma ferramenta comprovadamente redutora de impacto ambiental, sendo das mais eficazes em reduzir emissão de gases de efeito estufa por quilograma de carne produzida!!!

  8. Cristiano José Just de Andrade disse:

    Tenho orgulho do confinamento. Fiquei orgulhoso pelo seu artigo. Falou e disse. Parabéns.

  9. leonardo siqueira hudson disse:

    Miguel
    Concordo com você.
    Abraço
    Leonardo Hudson
    Exagro

  10. Romulo Rogerio Canhete disse:

    Senhor Miguel,
    Gostaria de ouvir o senhor e demais produtores, com relação ao malefício do Confinamento com relação ao grande volume de animais entregues aos frigoríficos e com isto a redução na @.
    Se estes animais não estivessem confinados, os frigoríficos não teriam uma programação tão exata e obrigatória de entrega por parte do produtor para o abate. Isto dificultaria a escala e com isto não haveria tanta desvalorização da @ em época de confinamento.
    Atualmente todos frigoríficos tem confinamentos próprios ou fazem boitel, garantindo as escalas por meses.
    Nos últimos anos temos percebido que os GRANDES PRODUTORES tem crescido pouco mas constantemente ano a ano, ou seja, o BOI QUE ESTAVA PULVERIZADO NAS MAOS DE 100 produtores agora esta nas mãos de 10 produtores e tende a menos, com isto, os frigoríficos proporcionam melhores condições para estes GRANDES PRODUTORES e retiram esta vantagem nos menores, pois com os grandes tem garantia de sua escala por meses. Melhor negociar com 10 do que com 100.
    Estes menores produtores ficam em situação constrangedora em ter que praticamente doar seu patrimônio com prejuízo aos frigoríficos. Tal fato tem levado confinadores de 5000 animais para baixo a mudar de atividade, reduzir ou mesclar.
    Para mim CONFINAMENTO no centro-oeste, principalmente em GOIAS ‘e um grande prejuízo para a GRANDE MAIORIA DOS PRODUTORES, tanto que na pesquisa do MINERVA quanto a tendência para o segundo tombo dos confinamentos de 2012 tem-se previsão de 30% de redução.
    OU a ABIEC, ABRAFRIGO, outros, vejam com olhos diferentes esta situação ou no curto médio prazo vão ter ENORMES dificuldades de JULHO em diante dos anos seguintes.
    Deveriam sim fazer parcerias com os grandes, mais sempre prever espaço para os médios e pequenos, pois, a soma dos pequenos e médios ‘e muito maior que os grandes e neste formato COM CERTEZA estão eliminando os pequenos e médios produtores, fazendo-os migragem para outra atividade.

  11. Alessander Vieira disse:

    Parabéns Miguel, cabe alguma discussão sobre o tema em relação ao tamanho dos confinamentos, temos notado uma tendência de migração do pequeno Confinamento na fazenda para o envio de bois para Confinamento Maior em parceria ou pagando diária. Alguém compartilha dessa observação?

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Obrigado Alessander. Essa é um levantamento interessante de fazermos no BeefPoint. Abs, Miguel

  12. Pedro Leopoldo Reboledo Alonso disse:

    Inacreditável, que vontade que argumentos construtivos e esperançosos o pecuarista é um ser muito particular.

  13. José da Rocha Cavalcanti disse:

    Miguel, parabéns pela visão holística do confinamento na cadeia da carne.

    Gostaria de comentar que na minha opinião o confinamento nesses últimos 15 anos, agregou vários novos fatores geradores de custos principalmente nos investimentos em equipamentos de alta tecnologia para suprir a necessidade de mão de obra com suas implicações trabalhistas e novas instalações redimensionadas para um módulo mínimo da ordem dos “mil animais confinados”.

    Dessa forma o confinamento migrou da maioria das fazendas de pecuária para as fazendas de agricultura e/ou empresários motivados em investir na engorda de bois com assessoria direta, nos cálculos dos custos da atividade, elaborando uma lista de prioridades na compra dos bois e dos insumos da alimentação, vendas a termo e no mercado futuro, promovendo uma expectativa de receitas com baixas chances de prejuízos. Essas assessorias se especializam a cada dia, para desafiar a volatilidade dos preços da arrobas proporcionando ao confinador/investidor o lucro.

    Do ponto de vista do pequeno ou médio produtor, incapacitado de fazer os referidos investimentos, o confinamento torna-se uma atividade com maior cenário de riscos. O aumento de peso da carcaça proporcionado pelo confinamento é quase o equivalente para se pagar os custos. O pecuarista sendo eficiente terá como recompensa a antecipação da comercialização das arrobas que ele produziu nos pastos.

    Mas, não é demais alertar, para os riscos do pequeno/médio pecuarista se tornar á semelhança dos avicultores um fornecedor de matéria prima aos frigoríficos com a conseqüente transferência de suas margens de lucro para o elo seguinte da cadeia.

    As atuais parcerias em Goiás frigorífico/confinador com pecuaristas que tenho conhecimento ainda não sintonizam no ambiente do negócio uma relação ganha-ganha. Será necessário num futuro próximo criar um canal transparente entre frigorífico e pecuarista para a exposição das percepções, pontos de vistas e ideais de adequação.

    Faço também um alerta em relação “a era da transparência”. Convivemos atualmente com uma situação no mínimo contraditória no que diz respeito à utilização da soja OGM.

    Ao vender gado para o frigorífico o pecuarista assina o Modelo B onde afirma que os animais não receberam alimentos que contenham derivados de organismos geneticamente modificados – OGM.

    Entretanto nas Notas Fiscais de aquisição de rações, farelos e proteinados, vem no rodapé esquerdo – como informação complementar – que os produtos PODEM conter ingredientes produzidos a partir de soja transgênica. O triste é perceber que a maioria dos produtores não tem conhecimento do que estão assinando, muito menos de que a soja transgênica faz parte da “barreira européia”.

  14. ubirajara simini disse:

    Miguel, o debate deve sempre estar em foco, parabens, toda fazenda de recria e engorda como e meu caso, precisa do confinamento para ser produtiva o ano inteiro, a sazonalidade se combate com cocho e o perido das aguas deve ser tambem tecnificado como o cocho, aumento de produçao na mesma area, menos desmate, maior lucratividade,mais investimento. O casamento perfeito para aumentar a produtividade nas nossas fazendas, teconologia seja no cocho ou a pasto, mais uma vez parabens.

  15. Cláudio dabus Figueiredo disse:

    Boa Tarde !!
    Minha opinião a respeito desse assunto é,que dependendo do grau de desenvolvimento do seu negócio e a vocação da área para terminação, o confinamento é um caminho natural para explorar o potencial produtivo.
    Acredito que confinar é o próximo passo para quem já estabeleceu suas pastagens, com critério e já suplementa de alguma forma a pasto.
    Cláudio D. Figueiredo

  16. Cristiano Ramos disse:

    Boa tarde, a visão do confinamento no Brasil ao meu ver tem que ser aumentar a taxa de desfrute, acabar a carcaça com qualidade. Outros paises(canada) por situações climaticas os animais são terminados em confinamentos, porem temos um bom preço pago na carne, porem um custo elevado.Com o uso de residuos ou mesmo uma especie de agregar valor no grão transformando ste em carne poder ser interessante. Muito boa matéria. Obrigado

  17. Luiza Janaina M. Rosa disse:

    Concordo com você devemos ter orgulho do nosso confinamento, até porque os nossos sistemas de produção que são tão tecnificados como os de países que se dizem mais desenvolvidos que nos, é como foi comentado no artigo estudamos muito para que isso aconteça, e nao devemos esconder o modo que produzimos porque ele é excelente e mentira tem perna curta.

  18. Romulo Canhede disse:

    Senhor Miguel, o senhor Jose da Rocha Cavalcanti traduz com 100% de exatidao que confinamento para medios e pequenos produtores so tem ganha x ganha para frigorifico e eles perde x perde.
    Gostaria de ouvir o senhor e demais produtores, com relação ao malefício do Confinamento em relação ao volume de animais levados ao abate e com isto a redução na @.
    Se estes animais não estivessem confinados, frigoríficos não teriam uma programação tão exata e obrigatória de entrega por parte do produtor. Isto dificultaria a escala e com isto não haveria tanta desvalorização da @ em época de confinamento.
    A tempos frigoríficos confinam animais próprios ou fazem boitel, garantindo as escalas por meses.
    Nos últimos anos os grandes produtores tem crescido pouco, mas constantemente, o boi que estava pulverizado nas mãos de 100 produtores agora esta nas mãos de 10, e as estes os frigoríficos proporcionam melhores condições financeiras e retiram esta vantagem nos menores e médios, pois com os grandes eles tem a garantia de sua escala por meses. Melhor negociar com 10 do que com 100.
    Confinamento no centro-oeste, principalmente em GOIAS ‘e prejuízo para muitos produtores, tanto que na pesquisa do MINERVA quanto a tendência para o segundo tombo dos confinamentos de 2012 esta previsto 30% de redução.
    OU a ABIEC, ABRAFRIGO, outros, vejam com olhos diferentes esta situação ou no curto médio prazo vão ter dificuldades de JULHO em diante dos anos seguintes.
    Deveriam sim fazer parcerias com os grandes, mais sempre prever espaço para os médios e pequenos, pois, a soma dos pequenos e médios ‘e muito maior que os grandes e neste formato COM CERTEZA estão eliminando os pequenos e médios produtores, fazendo-os migragem para outra atividade.

  19. Rafael Henrique Ruzzon Scarpetta disse:

    Todos buscam abater animais na “entressafra” que não existe mais. Confinamento deveria ser estratégico para animais “quase” prontos no começo da seca, não voltarem. Apenas isso.
    Vejam a soja o preço que está hoje, é entressafra definida. somente está esse preço para estimular produtores a plantar, e na safra o preço desabar por exesso de produção.

  20. JOSÉ PAULO DE OLIVEIRA disse:

    Prezado Miguel, parabéns pelo artigo.Creio que a nossa pecuária de corte deve ser cada vez mais divulgada e discutida nas mais diferentes atividades e potencialidades reais. Gostaria se possível em outra oportunidade que abordasse os temas Pecuária Orgânica e Comercialização/exportação de Bovinos Vivos.
    Prof. José Paulo de Oliveira
    DPA/IZ/UFRRJ

  21. José Fernando Piva Lobato disse:

    Bom dia Miguel,
    Bom artigo por ser muito abrangente. Dá p/ tecer comentários a cada paragráfo!!!
    Confinar tem reflexos não somente no novilho e sua qualidade, etc, mas em diferentes categorias do rebanho, nos pastos, nos preços de venda, nos custos, nas margens sempre exíguas do pecuarista, no sistema pecuário, em…….etc,etc.
    Confinamento tem sido volúvel em seus números. Hoje mesmo na Folha Web tem notícia de redução de animais confinados.
    Dois aspectos apenas quero mencionar sobre teu texto, o qual permitiria vários outros comentários:
    1) somos sim produtores a pasto, pois criamos, recriamos e terminamos praticamente a pasto. Os números em confinamento oscilam muito, difentes fontes e notícias, de 2 a 7% (???) do total dos abates. Também em 2008 na Inglatera, em palestra, praticamente mostrei a pecuária brasileira a pasto, sem deixar de mostrar os percentuais baixos de confinamento de 2006 e 2007. Até há pouco tempo os números de animais confinados variavam de acordo c/ os preços do boi gordo da última entresafra e os custos da dieta. Ou não ?
    A produção a pasto é a grande vantagem do Brasil perante os concorrentes, permitindo termos uma produção mais barata e, assim , ganharmos mercados. Os embargos a carne brasileira em janeiro de 2008 foram devidos ao preço baixo com o qual chega à Europa. A barreira sanitária foi balela. Nunca se quis exportar osso p/ a Europa………………..Produzimos barato, e por isto ao redor de 80% da produção fica no Brasil para a alegria e saúde do povo brasileiro. Devemos nos orgulhar de produzir a pasto.
    2) Países europeus dizem produzir a pasto (com neve por seis mese ???) porque a ciência mostra ter animais a pasto mais ômega 3 em sua carne, a exemplo de peixes de águas profundas. Só estes… Também temos CLA, que…paramos por aqui…
    A carne brasileira deveria ser distinguida por isto, pois os cientistas/nutricionistas destes países estão mostrando o caminho da valorização de nossa carne.
    Recente trabalho nosso em parceria c/ vários pessoas foi possível analisar a carne de novilhos precoces Braford de dois anos de idade (Est. Guatambu, D.Pedrito, de Valter J. Pötter), oriundos de confinamento “light” (68 dias) versus terminados em pastagens de azevém, trevo e cornichão, Ambas cas carnes foram magras mesmo (!), menos de 3,8% de gordura e 47mg/100 g de carne de colesterol ! Mas, a grande vantagem pró-pastagens foi o teor de ômega 3, c/ diferença siginificativa !!!
    E mais, a segunda etapa deste trabalho de pesquisa foi o consumo destas carnes em dois períodos por funcionários do Instituto de Cardiologia do RGSul, em Porto Alegre, consumidores voluntários, devidamente selecionados pela condição clínica pela equipe do médico cardiologista Iran Castro, meu parceiro nesta empreitada. E bons resultados p/ a pecuária nacional! Não houve alteração de colesterol, HDL e LDL,triglicerídeos, mas houve redução da pressão arterial e sódio. Golo p/ a pecuária de corte brasileira!
    Prof.Lobato/Dep.Zootecnia/UFRGS

  22. Vicente Da Riva disse:

    Parabéns pela matéria. O confinamento, principalmente para quem se dedica ao ciclo completo(cria/recria/engorda), é a melhor opção para enfrentar a sazonalidade das pastagens tropicais. Aliado com um manejo racional preserva as pastagens, aumenta a produtividade(@ / ha.ano),etc…..mas acredito que já deve ser utilizado a partir propriedades de porte médio (500 ha de pastagens), com a produção de silagem associada com a reforma de pastagens mais degradadas. A necessidade de investimento em equipamentos adicionais (via financiamentos) caracteriza o empreendorismo, com a aceitação dos desafios de produzir com mais eficiência, com reflexos na melhoria da qualidade das pastagens, ou então permanecer apenas na atividade extensiva com menor possibilidade de enfrentar as dificuldades deste setor.
    E o custo x benefício? Prefiro correr os riscos da atividade e manter produtiva a propriedade, do que assistir a degradação das pastagens. As vendas programadas, a certeza de acabamento uniforme(cobertura), a absorção de novos conhecimentos representa grandes vantagens adicionais ao sistema exclusivamente a pasto.Vicente Da Riva,pecuarista em Alta Floresta-MT.

  23. Licinia de Campos disse:

    Meu caro Miguel,

    Vou falar como nutricionista que sou. Vc bem sabe que escrevi por 12 anos no SIC – Serviço de Informação da Carne-e para tanto, tive que pesquisar MUITO. A qualidade nutricional do boi a pasto é inconteste. A carne bovina do animal a pasto é muito mais rica em nutrientes, especialmente ômega-3, que o capim lhe confere. E tb provado por estatísticas, o animal confinado na terminação vai decrescendo seu teor em Ômega-3 e aumentando o Ômega-6, sendo que este último é bastante comum na dieta ocidental e o 1o raro. Hoje temos um consumo na dieta ocidental de 20:1 em relação ao consumo de ômegas, sendo sempre o perdedor o Ômega-3. Não vou explicar aqui qual é a importância do Ômega-3 para o ser humano, pois ocuparia muito espaço. Tb já fiz palestras demonstrando que o confinamento é possível, sem prejuízos ao Ômega-3 desde que a alimentação seja devidamente acompanhada por um zootecnista, com formulações voltadas a esse final. Além da questão dos Ômegas, temos tb a questão lipídica da carne. Harvard considerou a carne vermelha potencialmente cancerígena, e o que posso declarar é que é verdade, dentro dos contextos de criação do gado americano, e que não se aplica ao gado brasileiro.
    Assim, a conclusão é óbvia. Temos muito a aprender com o já realizado lá fora. E além de se preocupar com a qualidade organoléptica da carne, a preocupação do valor nutricional do produto acabado, tb deveria ser um dos pontos a serem valorizados e até mesmo veiculados como propaganda “plus” do nosso gado.
    O assunto é polêmico e existem inúmeros fatores que o espaço não permite a abordagem. Só espero que a discussão saia somente dos meios acadêmicos e ganhe linguagem popular p/ podermos estar sendo acessíveis na transmissão de valoração da qualidade da carne bovina brasileira.
    Licinia de Campos

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Obrigado Licinia! Feliz 2013 !
      Meu ponto é que não podemos / devemos promover o gado a pasto depreciando o gado confinado. Seria um tiro no pé, não traz benefícios e só malefícios.
      Obrigado. Abs, Miguel