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Oferta de bezerros pode ter déficit no longo prazo

Para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, o crescimento da produção de carne no Brasil vai ser limitada pela produção de bezerros. "A intensificação do uso da tecnologia na cria é um fato, mas o produtor precisa de mais renda, ter acesso ao crédito, para modernizar sua produção", disse.

A baixa rentabilidade da pecuária e a insuficiente aplicação de tecnologia podem provocar redução na criação e oferta de bezerros no longo prazo no Brasil. De acordo com o analista da Scot Consultoria, Hyberville Neto, a queda do preço do boi gordo diminui a rentabilidade do setor, fazendo com que o pecuarista especializado na criação de bezerros deixe a atividade.

“Hoje o cenário da atividade de cria tem a menor margem da cadeia, ou seja, é menos rentável do que a recria, a engorda e o ciclo completo. Quando o pecuarista de cria sai da atividade, ele vende a vaca, o que ajuda também a pressionar os preços da arroba do boi gordo”, explicou o especialista.

Hoje, para o responsável técnico da Agropecuária Santa Bárbara, Fábio Dias, se o bezerro não tiver de 30% a 35% de ágio sobre o preço do boi gordo, o pecuarista começa a repensar sua presença na atividade de cria. “Hoje o Pará paga um ágio de 40%”, informou. Questionado se o Pará pode ocupar o lugar de Tocantins como maior unidade federativa produtora de bezerros, Dias disse que não. “Principalmente no sudeste do Estado, onde há uma produção muito relevante, há a questão do conflito de terras que atrapalha o pecuarista”, declarou.

“É necessário um remanejamento de toda cadeia produtiva da pecuária para remunerar melhor o criador. Senão veremos a continuidade da desistência dos pecuaristas dessa atividade”, alertou o operador de commodities agrícolas do BES Securities, Leandro Bovo.

Outro avanço necessário para evitar o déficit de bezerros é a intensificação do uso da tecnologia. De acordo com o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e professor da Esalq/USP Sérgio De Zen, no Brasil, com 100 vacas é possível produzir 60 bezerros por ano. “O Brasil tem a menor produtividade de bezerro por vaca do mundo”, disse. Na Austrália, esse número sobe para 80 bezerros/ano, o mesmo dos Estados Unidos. Já na Argentina, a produtividade por vaca é de 74 bezerros/ano.

“O Brasil está fazendo um avanço fantástico no uso da tecnologia em recria e engorda e temos de fazer isso na cria”, ressaltou o gerente da área de pesquisa de mercado da Minerva Foods, Fabiano Tito Rosa. “A cria é promissora. Estamos abaixo dos índices dos outros países e ainda não vemos a revolução que a Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) vai provocar”, disse, confessando que a indústria tem uma relação direta muito pequena como criador e que ela precisa ser mais estreitada.

Para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, o crescimento da produção de carne no Brasil vai ser limitada pela produção de bezerros. “A intensificação do uso da tecnologia na cria é um fato, mas o produtor precisa de mais renda, ter acesso ao crédito, para modernizar sua produção”, disse.

Fonte: Agência Estado, sobre evento organizado pela Scot Consultoria, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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