O sucesso da atividade de cria na pecuária de corte está diretamente relacionado à proporção do número de bezerros desmamados na fazenda pelo número de vacas e novilhas colocadas para a reprodução por ano. As vacas de cria devem parir um bezerro por ano e o mesmo deve sobreviver e ganhar o máximo de peso até o desmame. Em nossas fazendas, não é difícil encontrar taxas de mortalidade de bezerros entre 6% e 12%, por isso é importante que a fazenda tenha manejo de maternidade adequado permitindo que os bezerros se desenvolvam sem grandes complicações.
O ideal é que a fazenda tenha pastos onde as vacas e novilhas irão parir (maternidades). É importante que as áreas das novilhas sejam separadas das áreas das vacas, para evitar o abandono das crias, especialmente no caso das novilhas. A observação destas áreas no período das parições deverá ser diária. Por isso deverão ser de fácil acesso. Além disso, não deverão ter excesso de lama e fezes (superlotação). Tais condições favorecem a infecção do umbigo, a contaminação dos tetos das vacas e infecções uterinas pós-parto.
Para manter a saúde dos bezerros recém-nascidos é necessário tomar alguns cuidados básicos:
– Assegurar a mamada do colostro (colostragem): Para que os bezerros recém-nascidos recebam proteção contra as principais doenças do meio onde vivem nos primeiros dias de vida, é fundamental a “mamada do colostro” em até 2 horas após o nascimento do bezerro. As vacas recém-paridas e suas crias devem ser atentamente observadas prestando atenção nos tetos e úbere das vacas e no “vazio” dos bezerros. Vacas com tetos murchos e úbere vazio (“muxibento”) demonstram terem sido “mamadas”. Bezerros com “vazios” fundos demonstram que não mamaram adequadamente o colostro. Nesse último caso, a vaca deverá ser levada ao curral onde será devidamente contida, para, então, colocar o bezerro para mamar.
– Desinfecção e a cura do umbigo: Deve ser realizada no dia do nascimento do bezerro. Essa prática evita que o umbigo seja porta de entrada de agentes que podem causar diversos tipos de infecções nos bezerros, além de prevenir a instalação de bicheira (miíase) no umbigo. Geralmente emprega-se solução de iodo a 10% ou mesmo produtos que possuam ação antimicrobiana e contra bicheiras. O corte do coto umbilical só deverá ser realizado caso o mesmo seja muito comprido, sendo que o comprimento para o corte é de cerca de 4 cm (dois dedos), a partir da pele de onde parte o coto umbilical. No caso do emprego de solução iodada, o coto umbilical deverá ser mergulhado usando-se um frasco plástico ou de vidro com boca larga. Assim o coto umbilical é mergulhado na solução. O uso de frascos de desodorante para este trabalho não é o mais indicado, pois leva ao desperdício e a falta de certeza de que realmente todo o coto umbilical foi tratado. Outro método eficiente para este manejo é a aplicação de produtos que contenham antimicrobianos, cicatrizantes e larvicidas na composição, como o Topline® Spray, por exemplo. O umbigo mal curado é altamente atrativo para moscas varejeiras (mosca da bicheira). Assim, a realização da cura do umbigo apenas uma vez, como é frequentemente feito nas fazendas de cria do gado de corte, pode não promover uma boa proteção contra a instalação de bicheiras no umbigo dos animais. Uma prática com excelentes resultados preventivos é a realização da aplicação de 1 mL de Ivomec® Injetável quando a cura do umbigo é realizada. Quando houver bicheira no umbigo, deve-se também verificar a boca dos animais, pois os mesmos também poderão possuir bicheiras nas gengivas. No tratamento das bicheiras instaladas, produtos específicos como Topline® Spray mostram ótimos resultados.
– Identificação: no momento da cura e desinfecção do umbigo dos bezerros, os mesmos deverão ser identificados e pesados. A identificação pode ser realizada por diversas maneiras, como: tatuagem, por brincos ou picote nas orelhas, por exemplo. Após a identificação, o número e o sexo do bezerro(a), o número da vaca (mãe) e, se possível, o peso vivo da cria deverão ser anotados. A identificação dos animais é de fundamental importância para avaliações de seu desempenho, além de informações referentes aos pais dos mesmos. Após a identificação, os animais deverão receber produtos preventivos contra bicheira. A aplicação de Topline® Spray e a aplicação por via subcutânea de Ivomec® Injetável são ótimas opções. Mesmo que sejam realizados os tratamentos preventivos contra bicheira logo após a identificação dos animais, os mesmo deverão ser periodicamente observados, especialmente nos períodos chuvosos. Caso haja algum sinal de bicheira, a mesma deverá ser convenientemente tratada (Topline® Spray).
Essas práticas quando bem realizadas e adotando-se práticas de bem-estar animal, podem contribuir para a sobrevivência e o bom desenvolvimento dos bezerros recém-nascidos a campo.
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2 Comments
a matéria foi boa, mas faltou ainda informações a respeito de vacinações, desverminações dentre outras práticas quanto aos bezerros e alguns dias após ao nascimento, inclusive manejo de bezerras
Equipe beefpoint, é com grande satisfação que parabenizo vocês pelo belo trabalho afetuado atravez dos boletins tecnicos e minicursos postados nas redes sociais, pois isso encrementa o conhicimento de profissionais e leigos do ramo agropecuario, e concerteza torna-se um elo emportante entre a prática e a teoria no trabalho agropecuriário.
Juliano Guilherme Sapia, Produtor rural e acadêmico do curso de agronomia-uem, umuarama.