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Para refletirmos sobre nossa pecuária de corte – participe do debate com mais de 30 comentários

Um comentário recém-recebido aqui no BeefPoint nos faz refletir bastante sobre nossa pecuária.

Caroço de algodão, confinamento, cadeia de frio…

Já resolvi o problema. Sem carnes vermelhas. Ovo, frango, verduras e legumes como mistura.

Aqui na cidade do Guarujá existem mais ou menos 20 grandes supermercados: Extra, Carrefour, Dia, Rede Litoral, entre outros. Todos eles vendem carne bovina de sabor péssimo!

Já joguei muita carne no lixo (a R$ 25,00 o quilo). Antes de chegar a decisão de não mais ingerir carne vermelha, percorria quilômetros em distância para tentar encontrar alguma que fosse consumível porém meus esforços eram em vão. Custasse o preço que custasse.

Amigos, por favor, se alguém aí souber de alguma marca de carne que valha a pena me informe. Ainda sinto falta de carne vermelha! Obrigada.

Esse é um relato de um consumidor, que está há tempos procurando carne bovina de qualidade. Se cansou de procurar. Se cansou de ter uma experiência ruim com um produto que gosta, e muito. Veja que o final do comentário é um apelo. Quer voltar a comer carne, mas quer qualidade, quer o sabor real, não um sabor de estragado.

Será que não estamos matando a galinha dos ovos de ouro?

Qual o custo oculto desse problema para nossa pecuária?

O que vamos fazer para realmente enfrentar esse problema e resolve-lo?

Leia o artigo original em: Carne com odor e sabor de fígado? Qual é o problema?

 

40 Comments

  1. Rogério Baptista disse:

    Eu também passei por isso.
    Produzimos gado livre de aftosa sem vacinação e temos que comer gado vindo de outras partes do país sem saber a qualidade.
    Estou comprando terneiros Jersey(bem barato) e engordando a pasto, com suplementação a base de milho, casquinha de soja e farelo de arroz(bem barato) e carneamos em casa mesmo.

  2. Ricardo Morimoto disse:

    O problema da qualidade da carne não esta no produto e sim na manipulação,como armazenamento, transporte, exposição nas gôndolas dos supermercados e temperatura adequada para a carne não perca qualidade, a oscilação de temperatura afeta no sabor da carne.
    Dica:
    -Compre sempre carnes onde o giro é maior, assim sempre terá carnes mais frescas;
    -Verifique a data de produção na embalagem do produto;
    -Verifique se a embalagem possui muito sangue, caso tenha, isso indica que a carne teve muita oscilação de temperatura que ocasionou a exsudação do sangue.

  3. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Sou pecuarista e um grande fã da carne vermelha. A carne bovina é um alimento nobre de longa data. E estou seguro em afirmar que é a proteína animal mais apreciada pelos brasileiros.

    Por sorte até este ano não tinha comido ainda carne de cortes nobres com gosto de figado. Apesar de ter ciência de relatos desta natureza achava que havia um certo exagero sobre o tema. Em 2012 porém dei “azar”. Duas peças de filet mignon que comprei, em ocasiões distintas, tinham um gosto muito forte de fígado. Tive que jogar fora.

    Ainda que na minha estatística pessoal o problema não seja grave, nada parecido com o relato / desabafo da consumidora acima, a experiência foi muito reveladora. Me senti enganado. E o pior é que nada de informações sobre a origem da carne. Sei apenas onde comprei a peça. Talvez a embalagem tivesse algum informação sobre o frigorífico, mas quando detectei o problema a embalagem já tinha sido descartada. E certamente a embalagem não continha nada a respeito do(s) produtor(es)..

    Fiquei com vontade de voltar ao açougue com um amostra da carne mas acabei desistindo…achei que não ia chegar a lugar nenhum. Resumo: uma tremenda contrapropaganda do produto.

    Será que não conseguimos identificar a origem dos principais problemas de sabor da carne ? São oriundos da distribuição, dos frigoríficos ou dos produtores? Um processo de rastreabilidade do campo ao prato, de verdade, certamente ajudaria muito a entendermos melhor o que acontece.

    O gosto de fígado é de fato excesso de torta de algodão na dieta? Parece que os relatos de problema de sabor aumentaram junto com o volume de animais confinados, mas até agora não sei de nenhum estudo cientifico conclusivo que esclareça o problema. E por outro lado alguns dos melhores cortes que comi eram oriundos de animais confinados, que certamente permitem um melhor acabamento das carcaças.

    Entendo que haja mercado para carne de boi erado e de novilho precoce. Para machos e fêmeas. Alimentados a pasto ou confinados. Para cortes de traseiro e de dianteiro. Até para carne de touros e vacas de leite. Mas decididamente não há mercado para carne com gosto de fígado.

    Será que os frigoríficos não podiam coletar pequenas amostras de carne de cada lote de animais adquiridos e testa-las? Ou os supermercados?

    O fato é que uma experiência ruim do consumidor é um péssimo negócio para a cadeia produtiva, especialmente de um produto nobre, e nada ou muito pouco esta sendo feito a este respeito.

  4. Ricardo Ayres Pereira disse:

    Concordo com o Ricardo Morimoto.
    Sabor de figado na carne esta relacionado com problemas de manipulação da carne (tempo maturação, vacuo rompido, tempo de prateleira…) e não com caroço de algodão na dieta.
    Temos que ter cuidado para não taxarmos o caroço de algodão (excelente ingrediente) como o vilão da historia.
    Sei de casos de supermercados que desligam os freezers no periodo da noite para economizar energia.
    Na verdade temos que saber como, de quem, e que carne comprar.
    O SIC ja fez diversos trabalhos de marketing orientando na compra de carnes, é preciso trabalhar isso intensamente.

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Olá Ricardo, obrigado pelo comentário.
      Os principais programas de carne de qualidade do Brasil não aceitam uso de caroço de algodão nas suas dietas, ou pelo menos, colocam um limite máximo. E com isso tem muito menos problemas. Há algumas marcas, que fazem restrição ao caroço (proibido ou limitado) que garantem qualidade.
      É possível (e provável) que seja um problema causado por multi-fatores, mas há indícios que o uso indiscriminado de caroção no mínino aumenta o problema.
      Abs, obrigado, Miguel

  5. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Comunico aos interessados que o médico veterinário Sérgio B. Pflanzer, mestre e doutor em Tecnologia de Alimentos, desenvolve atualmente um projeto financiado pela Fapesp sobre sabor de carne bovina proveniente de algumas regiões do país. O referido projeto conta com o apoio de empresas do setor frigorífico que coletarão e enviarão as amostras com o histórico de procedência etc. O projeto está vinculado ao DEPAN – Departamento de Alimentos e Nutrição. Enquanto não há resultados disponíveis muitos especulam a respeito dos mais diversos fatores predisponentes, mas na minha opinião o “liverlike off flavor” ou sabor alterado que lembra fígado tem a ver com oxidação de lipídios do sarcolema, provavelmente por deficiência de tocoferóis que fariam a proteção dos ácidos graxos da membrana celular. Pode acontecer, por exemplo, nos Estados Unidos, pela alimentação do gado com derivados da destilação de grãos no processo de produção de etanol, mas os pesquisadores lá dizem que não há comprovação ou pelo menos não sabem dizer se a eliminação dos tocoferóis ocorre de fato e em quais destilados (seco/ úmido, milho/sorgo?). No Brasil, existe uma hipótese a ser estudada, de redução dos níveis circulantes de tocoferóis (e selênio?) por influência de lipídios do algodão ou até mesmo de outras oleaginosas empregadas no confinamento. Essas são apenas ideias com base no que tenho lido e ouvido de quem entende de nutrição de ruminantes.

  6. Pedro Antonio Buzelli disse:

    Vendo pelo lado comercial, acredito que o Frigorífico tem em 80 % culpa por todos estes dissabores, digo isso, pois trabalho a mais 15 anos com carnes bovinas e já vi muita coisa. Frigoríficos sucateados, má armazenagem, transporte de má qualidade logística obsoleta, sem falar na qualidade do gado que comemos aqui no Brasil, o que é bom vai embora o resto fica, é só ver a grande quantidade de matrizes que são abatidas. Então que me desculpem os comentários técnicos e até amorosos, em não culpar os grandes Frigoríficos do Pais, se não olharmos para a produção dentro dos frigoríficos não adianta mudar alimentação de gado nenhum, vai continuar a mesma coisa.

  7. Tobias Ferraz disse:

    Em São Paulo – capital – o Walmart é campeão em comercializar carne ESTRAGADA. Pode isso??? Parece que pode sim e sem problema. Lamentável Anos de trabalho do pecuarista jogado fora. Alimento rico jogado fora. É a era da sustentabilidade. Pode isso??? Parece que pode sim. Nesse ponto a matéria prima para nutrição do gado é o de menos. Não existe cuidado com as peças de carne na gôndola frigorífica. Agro-abraço!

  8. Gil Antunes Horta disse:

    Sou veterinario e trabalho com nutrição de ruminantes. Mas antes disso sou carnívoro, e ao menos 80% da nutrição proteica de minha familia é de carne vermelha (carne bovina reina solitária). Procuro acompanhar esse debate sobre fatores nutricionais que alteram o sabor da carne, até agora sem resposta definitiva. Porém para mim uma coisa é certa: 90% das vezes que comprei carne resfriada e embalada (que vem embebida ou não no seu proprio sangue), ninguém em casa conseguiu comer. Nem eu, que já comi as coisas mais exóticas!!! Adoro fígado também, mas tenho de saber que é fígado, com cara e consistência de fígado. Com muita cebola é um prato sublime!!!! Em casa continuamos comendo carne, mas achei um jeito de fugir do problema: hoje só compro em açougues que recebem e carneiam os quartos inteiros. Carne fresca!!!! Creio que este é o segredo. Talvez até esteja comendo um boi que foi carneado sob a sombra de uma figueira, sob inspeção das varejeiras, mas uma coisa é certa: voltei a comer carne com prazer, não tenho mais de ficar cheirando para ver se dá para comer!!!!! Desculpem o devaneio, mas pela minha experiência (que é apenas fruto do meu sentimento) o grande problema está na cadeia a partir do frigorífico.

  9. JOÃO VITORINO ZARDIN disse:

    Vivo no Rio Grande do Sul na cidade de Santo Ângelo e graças a Deus aqui a carne ainda é de boa qualidade e até certo ponto fácil de encontrar. Fui produtor e conheço um pouco do assunto apesar de hoje estar fora do negócio.
    Mas sou um consumidor exigente, carnívoro assumido, penso que o brasileiro esta consumindo carne de péssima qualidade mas o principal fator para isto estar acontecendo é do distribuidor final principalmente este de grandes redes como aqui rede de supermercados como o Nacional, zafari, no Rio de janeiro é um desastre para o consumidor no grupo Pão de Açúcar a carne até tem procedência mas no quesito armazenamento e distribuição a carne perde muito a qualidade, quanddo chega no consumidor final já esta deteriorada ai não dá vamos perder espaço.
    De que adianta melhoramento genético, medicina preventiva, pastagens no sul de boa qualidade, confinamento alternado com pastagem e etc… se não temos condições de entregar o produto com qualidade, alem deste produto nos grandes centros chegar a um preço que constrange até germanico.

    João Vitorino Zardin.

  10. Maximo M. Miniello disse:

    Todos acima estão certos, o terrivel, terrivel mesmo, odor de figado da carne pode estar ligado diretamente a todos os fatores mencionados, quebra de cadeia de frio, perda de vácuo, demora na manipulação da carne na industria, alimentação com caroço de algodão, cama de frango, realmente tudo isso pode contribuir para a presença de odor de figado na carne, mas a meu ver, cada um de nós em seu setor, no meu caso comercial, devemos cuidar de eliminar todos estes fatores, desde a alimentação do animal, respeitando os limites e as proibições, passando pela industria, distribuição e venda ao consumidor final. concordo com que disse o Ricardo a respeito da conservação da carne nos estabelecimentos varejistas, a carne fica exposta o dia todo em ilhas que não oferecem temperatura ideal para conservação, as peças são tocadas a toda hora pelo consumidor, como tomate de feira, aumentando a perda de vacuo, o consumidor adquire um produto ja deteriorado e o leva pra casa sabe la em que condições e quando vai usar, pronto, abre o vacuo e não aguenta o cheiro, isto é quebra de cadeia de frio, este é um problema grave.
    porem discordo que a alimentação ou outro fator anterior a comercialização não cause cheiro a carne, pois ja constatei carne com odor de figado antes de embalar, logo após a desossa de carcaça com 1 dia de abate, é outro odor, que vc só sente quando processa a carne, seja por cozimento, fritura, grelhando, este odor não decorre de quebra de cadeia de frio, mas de outro fator, que pode ser a alimentação.

  11. egberto barros disse:

    Olà amigos
    Boa tarde
    Sou pecuarista. Fazemos no MT, cria, recria e engorda. Atualmente estamos investindo em cruzamento industrial com A.Angus. Nós de casa e nossos colaboradores consomem a carne que produzimos. Ha cerca de dois anos, quando fizemos experiência por ocasião de seca importante, utilizamos torta de algodão e pudemos constatar alteração significativa no paladar e sabor na carne. Tive oportunidade tambem de contestar picanha servida em um restaurante em Ribeirão Preto/SP com gosto de peixe e a resposta foi me dada como sendo picanha importada da Austrália ( como sabemos há na Austrália importante uso de farinha de peixe e similares nos confinamentos australianos).
    Em todo caso, de fato não podemos macular esta tradicioanal PECUÁRIA DO BRASIL cuja tradição é o BOI DE CAPIM.
    aBRAÇOS

    egberto barros

  12. Pedro E. de Felício disse:

    Alguns comentários aqui publicados estão confundindo sabor e aroma de fígado com outros sabores desagradáveis decorrentes de má conservação da carne ou da própria maturação que leva a um tipo de “flavor” dito acastanhado, muito apreciado por uma categoria de consumidores. O sabor de fígado é intrínseco ao bovino. É importante não confundir, para que o problema possa ser equacionado técnica ou cientificamente.

  13. Domingos Batistella disse:

    Vivemos a era da ganância e do despropósito, em todos os segmentos acontece uma procura desenfreada pelo ” mínimo esfôrço e máxima conveniência ” isto é ” todos cada vez mais espertos ” , com isso no caso do assunto em pauta, a carne bovina a cada dia ” perde seu status de iguaria e vai para a vala comum do salve-se quem puder ”
    Geral: o alimento humano esta deixando de ser saboroso, nutritivo e saudável e tudo caminha para que seja bom de prateleira, para armazenar e transportar, para produzir com maquinas sem gente por perto e por aí vai a tecnologia e o mercado ( estamos apenas no começo da bagunça )

  14. João Pires Castanho disse:

    Eu na qualidade de pecuarista também estou desistindo, não de consumir carne vermelha, encontro bons cortes e com sabor muito bom, não é esse o meu problema, estou desistindo é de continuar como pecuarista, um preço de arroba defasado que não justifica todo o imobilizado em terras para se criar gado, muito menos confinar, campanhas e mais campanhas contra a carne vermelha, concentração de frigoríficos que nos arrancam a pele, especulações sobre a qualidade sanitária de nossos rebanhos, etc… etc… etc…, confesso que assim como a leitora que se diz decepcionada em consumir a carne vermelha, eu com certeza estou infinitamente mais decepcionado em produzir essa tal carne vermelha, provavelmente 2013 seja meu ultimo ano na pecuária, também me voltarei para o verde, neste caso, para a cana, e através de arrendamento, plantar por conta, nem pensar. É o fundo do poço, na minha opinião, para os agricultores e pecuaristas que insistem em produzir por conta própria, daqui pra frente, ou viramos meros locadores de terras, ou em breve os bancos se tornarão os maiores detentores de terra do nosso país. Triste realidade,

  15. Peter Anthony disse:

    O problema é da qualidade da carne e não na manipulação,armazenamento, transporte, exposição nas gôndolas dos supermercados . A carne já chega nos supermercados de mal qualidade.
    O problema esta nas raças do gado, “BOS INDICUS” origem da maior quantidade de carne oferecido para a dona de casa, carne que nunca teve e nunca terá qualidade para consumo em casa,falta maciez,gosto,e textura etc……,

  16. Odimar Carneiro disse:

    O que apodrece carne sempre foi tempo longo sem boa conservaçao,refrigeraçao,transporte inadequado e manuseio errado!
    Mate um boi no confinamento e coma para ver o sabor!
    A maioria dos bois e vacas abatidas no Brasil nunca viram algodão,e sim
    foram alimentados com capim e às vezes um sal comum.
    Chega de quererem culpar os produtores como sempre o fazem!
    Comam carne fresca para ver se tem sabor de fígado !
    Intermediários e outros aproveitadores sempre querendo vantagens!!

  17. Hussein Gemha Jr. disse:

    Sou pecuarista em MT e presidente de um clube com mais de 2000 sócios em Barretos, onde temos dois grandes frigorificos e aqui também o problema existe. Sou criador e engordo minhas boiadas em sistema de pastos. Tivemos problemas com carnes no restaurante de nosso clube, um dos melhores restaurante de Barretos. Outros restaurantes de nossa cidade tiveram que mudar os fornecedores por problemas de sabor ruim nas carnes. Acho que o problema para os frigorificos culparem os tratos de confinamento é muito comodo. O manuseio destas carnes pelos frigorificos tem muito a ver. As industrias de carnes hoje só veem numeros de sifras na frente, esquecerão de dar qualidade em seu produtos. O tanto de sangue e agua nas embalagens, são um crime contra o comsumidor. Carnes que vão e volta em conteiner, congelam e descogelam não tem nem um pouco de cuidado para que não venham a estragar ou dar mal gosto. Ai é mais facil culpar o (c. de algodão). Quando fomos conversar com um frigorifico de Barretos que compravamos carnes deles, tivemos a mesma resposta: o problema é o c. de algodão. Resolvemos mudar de fornecedor, hoje não temos mais problemas. Quanto ao comentario para saber de um boa qualidade de carne, damos referencia de compra de filé de Frigorifico Estrela. Varios restaurantes e bares da cidade de Barretos estão mudando e mudança é sentida de imediato, um com recente mudança da direção fez a mesma coisa e foi muito elogiado , portanto devemos dar preferencia as qualidades.

  18. Leônidas Brito disse:

    Desde do ano de 2000 quando entrei na faculdade de zootecnia, leio artigos onde dizem que a carne no brasil e muito saborosa por ser uma carne produzida a pasto, diferente dos USA por exemplo. Só que diante da pressão e bombardeio por todos os lados onde o pecuarista passou de produtor a vilão para muitos ambientalista e ficou cercado pela produção de monoculturas. A pecuária teve que se adaptar ou seja produzir mais em um menor espaço de área e de tempo, criarão-se então os confinamentos (que fique bem claro que não sou contra os mesmos), é sim a forma que algumas pessoas passam a desenvolve-los. O que acho e que estamos perdendo o melhor do nosso produto a qualidade e o SABOR. Por morar no Tocantins e não haver muitos confinamentos, ainda não me deparei com essa situação de encontrar esse sabor na carne. Mais isso me preocupa pois estou vendo o crescente numero de confinamentos em minha região a 3 anos só tinha 2 ou 3 no estado hoje acredito que já deve ter uns 20 ou mais então certamente ainda nesta década aqui também estaremos sofrendo com esse problema.

  19. SERGIO RAPOSO DE MEDEIROS disse:

    É uma questão em aberto. Os experimentos feitos até agora não mostram ligação do uso de caroço de algodão e sabor alterado na carne. Nos relatos que recebemos, chega a ser apontado como causa e, em seguida, descobre-se que ele não foi usado! Enfim, passou a ser a resposta padrão para todos os problemas com sabor na carne! Para sabermos, são necessários estudos controlados e mais abrangente do que os feitos até agora. Os relatos que tenho de problema são bem poucos e acho que seria interessante tentar dimensionar o problema. Sugiro ao pessoal do BEEFPOINT que faça uma enquete para tentar ver dentro do universo de leitores do site quantas vezes tiveram pessoalmente o problema, estado da federação em que ocorreu e a descrição do sabor.

  20. Americo Castro disse:

    Como apreciador da carne bovina percebo que quando adquiro carne embalada a vacuo, na maioria das vezes ela apresenta cheiro de podre, independente de onde adquiro. procuro sempre adquirir carnes em estabelecimento que recebem os quartos inteiros para desossa e se possível sabendo a data do recebimento destes quartos. carne com cheiro diferente devolvvo sempre ao açougue, o que ficaria impossível em supermercados e grandes redes. Fica a dica, supermercado não é local adequado para compra de carnes e hortifrutigranjeiros, vamos passear mais nas feiras, açougues e sacolões, que são especializados nisto.

  21. William Cabrera disse:

    Concordo com Domingos
    O problema e grave e importante mais temos que investigar qual e realmente. O mau cheiro o sabor de fígado são duas coisas diferentes. Se for problema na alimentação devemos trabalhar para evitar e se for dos frigoríficos ou supermercados devemos denunciar para corrigir. Os médios de comunicação devem ajudar para divulgar o que esta sendo feito para melhorar e o que esta errado doa a quem doer.
    Todos os que somos parte deste negocio temos que agir e não ficar esperando soluções dos outros.

  22. mario wolf filho disse:

    Um dos varios problemas na cadeia, é que em média os frigorificos abatem 800 cabeças dia que vai de novilho precoce de 18 a 24 meses, vaca de 10 a 15 anos, touro de 10 anos, até bufalo e na maioria das vezes vai para o mercado consumidor sem identificação nenhuma. Hoje ja existem programas com identificação, eu mesmo como pecuarista produzo novilho precoce cruzamento industrial de nelore x rubia galega que é distribuida em uma rede de Supermercado com excelente qualidade.

  23. Geraldo Perri Morais disse:

    Este problema apareceu junto com a engorda de bovinos em confinamentos e, portanto, é obvio que o problema está ligado ao tipo de alimentação de alguns confinamentos(caroço de algodão ou outros alimentos). Acho que não seria dificil acabar com este problema desde que os frigoríficos façam o rastreamento da origem dos animais quando é observado este sabor desagradavel da carne e penalizem no preço o valor da arroba para estes animais. É bom deixar bem claro que animais engordados exclusivamente a pasto não tem e nunca tiveram esta caracteristica de sabor desagradavel da carne. Senhores confinadores, é hora de tomarem providências urgentes ou senão toda cadeia produtiva da carne irá sofrer num futuro próximo.

  24. Paulo Lemos disse:

    Fico feliz em saber que muitos estão preocupados sobre este GRAVE problema para a cadeia produtiva de carne bovina. Em 1998/99, era pecuarista em Chapadão do Sul MS qdo iniciou a cultura de algodão pelos agricultores da região, foi então que utilizei pela 1ª vez o caroço na alimentação de novilhos em terminação com ótimos resultados, porém, no mesmo ano surgiram as reclamações da população que não conseguia mais comer carne bovina devido ao forte cheiro. Chegou ao ponto de um vereador e tbem produtor entrar com lei municipal proibindo caroço de algodão na alimentação de bovinos que foi prontamente aprovada pela camara de vereadores. Concordo que não é sómente este o problema, mas acredito que seja o principal, outro que me preocupa é a entrada dos gdes frigoríficos no varejo ofertando carnes embaladas a vacuo em pequenas Vans rodando pelas cidades e competindo com pequenos comerciantes(açougueiros). Creio que seja assunto urgentíssimo para ampla discussão e participação de toda a cadeia para solucionar o problema antes de maior perda de consumidores, que estão migrando para outras carnes.

  25. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Apenas no intuito de contribuir para o debate esclareço que nas duas ocasiões em que percebi gosto de fígado comendo carne de traseiro só detectei o problema de sabor após o preparo da carne. Como menciona acima o Sr Maximo M. Miniello. Antes do preparo não percebi nenhum odor desagradável ou outro indício do problema. É certamente um problema de sabor bem específico, ainda que sua causa seja indefinida. Por isto sugeri que frigoríficos e/ou supermercados coletem pequenas amostras dos lotes adquiridos e os testem antes de comercializarem. Com este procedimento acredito que rapidamente chegaríamos a um conclusão. Mas fico feliz em saber, pelo Sr Pedro de Felício, da existência de projeto de pesquisa financiado pela FAPESP relacionado ao sabor da carne bovina e espero que abranja também o problema do gosto de fígado. É um começo.

  26. Roberta Zuge disse:

    Com foco na garantia da qualidade de produtos pecuários sempre busco informações para adquirir carne. Atuei no Paraná, colaborando também com algumas Alianças Mercadológicas, e que alguns integrantes realizaram cursos comigo. As Alianças possuem uma sistemática muito interessante, onde a marca da carne é do grupo de produtores, e o abate é um serviço terceirizado.

    Em uma ocasião estive em um grande supermercado (cadeia nacional) aqui em Curitiba. Deparei-me com um enorme banner de uma das Alianças, de novilho precoce, na gondola de carnes. Perguntei ao vendedor quais daquelas carnes eram oriundas daquele local. Para minha surpresa, ele indicou uma carne que possuía um adesivo de um frigorífico de Naviraí. Sei que eles não abatiam lá e questionei ao vendedor. Ele me disse que isto não tinha a menor importância, pois colocavam os adesivos que estavam disponíveis. E afirmou que aquela era a carne de novilho precoce oriunda da Aliança em questão. Era uma costela que cada osso tinha quase a largura do meu braço! Muito precoce o animal mesmo. Mas, comprei a carne, fotografei tudo e enviei ao presidente do sindicato do município, que era ligado a esta Aliança.

    No dia seguinte ele me telefonou e, como era de se esperar, a carne não era deles, ainda não tinham efetuado nenhuma entrega de carcaça a este supermercado!

    No meu entendimento isto é crime, o consumidor é enganado, sistematicamente, e tem poucos meios para conseguir se resguardar. No outro extremo o produtor também é lesado. Neste caso, a marca em questão perde a credibilidade, pois não possui nada das características esperadas pelo padrão descrito.

    Acredito que mecanismos de garantia de origem e qualidade, que tenham, também, meios de afiançar os critérios de transporte, manutenção, manipulação, etc. nos pontos de venda sejam necessários para mantermos a confiança dos consumidores.

  27. Rodrigo França Padovani disse:

    Roberta, o pior é a grande quantidade de marcas que oferecem picanha fatiada em alguns supermercados onde o preço é mais baixo que a peça inteira, como um frigorifico pode vender uma peça inteira de picanha a R$ 44,00 e a picanha fatiada da mesma marca a R$ 32,00? Você processar a carne torna ela mais barata? Queria entender esta matemática!
    Não sei se o mesmo ocorre em outras regiões do país.

  28. ANTONIO NETO disse:

    Existe alguma diferença entre a suplementação com caroço ou torta de algodão?

  29. Múcio Paixão de Araújo disse:

    Carne mal conservada é que tem gosto ruim! A defesa sanitária animal no Brasil, termina no frigorífico! A distribuição e venda no varejo é que geram os problemas! Não há integração das fiscalizações estaduais e municipais.
    Problema de país desorganizado.

  30. Renato Vaz de Macedo disse:

    Caro Rodrigo. Não é Picanha, é Cochão Duro.
    Ainda com gosto de fígado??? Estamos perdidos.
    Realmente estamos matando a galinha dos ovos de ouro.

  31. PECPLUS - Gestão e Planejamento Pecuário disse:

    A diferença entre esses preços Rodrigo França Padovani é que essa peças que são fatiadas são peças sem valor comercial seja pelo tamanho ou por alguma imperfeição na cobertura de gordura causada pela retirada de algum abcesso ou até mesmo erro na manipulação da peça no momento da esfola ou desossa. Daí eles fatiam o pedaço com cobertura de gordura para agregar valor nesse peça que não poderia ser comercializada por inteiro.

  32. carlos viacava disse:

    Parabéns pelo debate aqui desenvolvido. Tem muita coisa boa e um pouco de ignorância como a de dizer que a raça “bos indicus” pode influenciar o sabor da carne. A alimentação e o acabamento sem dúvida influenciam, mas a raça nada tem a ver.

  33. Edilza Cazerta Goulart disse:

    A manipulação sem higiene, o mau acondicionamento que produz excesso de sangue na embalagem, geladeiras com temperatura inadequada, “carne velha” na prateleira do supermercado, todos esses fatores afetam o sabor da carne desde tempos em que não havia confinamentos no Brasil. Sem dúvida, a alimentação do animal confere sabor à carne, mas o mau trato que os supermercados dispensam ao produto tem grande importância nesse caso. Percebe-se que o confinador está sendo considerado o vilão da história . Logo logo os supermercados se manifestarão e, com meia dúzia de belos banners coloridos, vão dizer que a parte deles é feita com excelência. E a população urbana acreditará…

  34. Neilor C. Fontoura disse:

    Caros senhores!
    Aqui no RS onde vivo e e como carne diariamente, felizmente não tive essa desprazerosa experiência sensorial (carne com gosto de fígado), observo atento sempre que leio artigos sobre o tema pois trabalho com Qualidade dos Alimentos e Pecuária de Corte, mas me parece bem plausível chegar à conclusão da origem do problema por eliminação:
    – Fator raça- Se tivermos carnes de animais britânicos ou britanizados teremos boa experiência sensorial;
    – Fator nutricional- terminação a pasto X terminação em confinamento;
    – Processamento- embalagem a vácuo + tempo de armazenamento (indústria)+ tempo de armazenamento (varejo).
    Vejo que não temos um fator e sim uma soma de fatores que podem interferir na qualidade, não que aqui não tenhamos problemas com qualidade, mas esses fatores específicamente não são o senso comum para nós, logo não temos o dito problema.
    “produzir carne bovina é caro e demorado” (Cavalcanti,2012), quando intensificamos o processo produzimos uma commoditie e não qualidade.

  35. Rodrigo Albuquerque disse:

    O Bill Gates disse que “tinha que tornar seus próprios produtos obsoletos antes que a concorrência os tornasse”. Ele faz isto lançando produtos novos e melhores. No caso da carne, a cadeia a tornou obsoleta, ao menos para os consumidores. Digo isto porque penso que este problema é da cadeia como um todo. E quando um problema é de “todos”, mas sem um “pai” específico, é de difícil solução. E para mim, esta “começa no começo” da cadeia. Enquanto os produtores não tiverem tipificação de carcaça com preços diferenciados de acordo com bonificação por qualidade (e não apenas depreciação de preços pagos), este problema, bem como outros, ficará de solução difícil. E o consumidor, irá optar pela troca da carne bovina, ainda que esta esteja “deitada no berço esplêndido” da preferência da maioria das pessoas.

  36. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Muito interessante e oportuna discussão. Mesmo não tendo vivido a experiência de comprar ou consumir carne com sabor de fígado, preocupa-me como consumidor, a experiência de comprar carne com qualidade. O nosso tão apreciado assado, momento que reunimos amigos, confraternizamos e pagamos caro para isso, provoca seguidamente uma certa ansiedade pois nunca temos certeza do resultado. Esta preocupação é bem menor com o produto das cadeias concorrentes, mesmo que estes jamais possam oferecer o incomparável aroma e sabor da boa carne bovina. Precisamos realmente melhorar a informação de todo o processo, seja para quem produz, industrializa, distribui mas, principalmente, para quem compra para consumir. É na repetição de boas experiências que adquirimos confiança em um produto ou em uma marca.

  37. Marcos Chiquitelli Neto disse:

    O debate é muito oportuno, especialmente pelo depoimento de um dos companheiros que atenta para as diversas propagandas para redução na ingestão de carne vermelha, sejam pelas ongs ou mesmo pela mídia desinformada. Acredito na causa multifatorial, por exemplo, o manejo inadequado do gado, que aqui ainda não foi citado, pode fazer com que o glicogênio hepático e muscular sejam utilizados no período pré abate. Este açúcar é um dos principais componentes de reserva energética dos ruminantes e que, se ausente após a morte do animal, faz com que a carcaça não alcance o pH adequado para sua conservação natural, ou seja, uma carne que poderia durar até 15 dias resfriada (em condições de pH adequado), não dura mais do que 3 dias. Outro fator ligado ao manejo pré abate são os hematomas, os quais não causam apenas a hemorragia (derramamento de sangue que provoca o sabor de fígado) no ponto de impacto e sim, dependendo do grau da lesão, pode acometer uma área de até 30 cm de raio em torno do local atingido, com derramamento de sangue no músculo em questão, potencializando o sabor de sangue até no filé mignom. Assim, devemos lembrar que o algodão pode estar envolvido sim, os frigoríficos e supermercados também tem sua parcela de culpa mas que outros elementos sob nossa tutela estão afetando a qualidade final do nosso precioso produto, a carne bovina.

  38. Felipe Pohl de Souza disse:

    Creio que o debate iniciado com o desabafo de um consumidor e apropriadamente explorado pelos editores, exige uma reflexão mais ampla, não há que se buscar culpados e sim soluções.
    E minha opinião é que o primeiro passo da cadeia da carne bovina buscar a satisfação do consumidor e isso é responsabilidades de todos os elos, do criador ao açougue. Enquanto cada elo buscar apenas as soluções dos seus problemas andaremos as voltas com sabores alterados, consumidores insatisfeitos e não conseguindo os preços justos por produtos de qualidade.

  39. renato dos santos disse:

    Ler Marcos Chiquitelli sempre é bom! Prazer marcão!!! Sempre no conhecimento e no uso do bom senso, o sabor da carne na mesa do consumidor é influenciado por “N” fatores, cabendo a cadeia produtiva detectar a sua responsabilidade e fazer sua parte para diminuir a possibilidade da alteração neste tão saboroso alimento. Na verdade, cada elo da cadeia já conhece o certo, bastando fazer. abraço meu amigo.