Nesta semana houve uma conversa sobre carne bovina de qualidade no Twitter. Os pontos abordados foram quais atributos os consumidores utilizam para avaliar a carne que consomem e também a criação de marcas de carne e seu crescimento no Brasil.
Marcelo Shimbo (restaurante Pobre Juan, ex-Swift Black JBS), twitou dizendo que o consumidor em geral basicamente avalia a qualidade da carne bovina somente por sua maciez. A suculência e sabor são pouco consideradas segundo ele. E para mostrar visualmente todos atributos importantes para a avaliação de uma boa peça de carne, Marcelo twitou algumas fotos, veja:
O outro tema discutido no Twitter sobre carne bovina foi a criação e construção de uma marca. Considerando a definição de marca, para qualquer produto, a empresa deve garantir padronização , frequência de entrega e volume. Sendo que este último depende do volume de produção e demanda, não tendo que ser obrigatoriamente em grande quantidade. A demanda e o preço se adequam ao volume existente.
Shimbo comentou sobre um tweet que dizia sobre o crescimento do número de marcas de carne no Brasil. Porém ele reforçou o processo de criação de marcas, e de forma divertida disse: “Há um crescimento de rótulos coldados nas carnes. Fazer uma marca é outra história”.
Roberto Barcellos, também especialista em carne bovina de valor agregado, concordou com Shimbo, e twitou que “em terra de cego, quem tem um rótulo é Rei”, parodiando o ditado popular.
E para você, quais são os principais atributos para se avaliar uma carne bovina?
– Marca?
– Procedência?
– Rastrabilidade?
– Características sensoriais? Maciez, suculência, sabor…
– Atendimento no restaurante?
9 Comments
Raça
Idade
Grau de acabamento
Processo industrial
Conservação
Preparo
Sou produtor no RS e fornecedor dos novilhos para o programa Swift Black da JBS
Caro Marcelo
Grande tema este que vc. postou. Parabéns.
Permita-me alguns comentários:
Além de apreciador da boa carne, sou gaúcho, residi no ROU e muito próximo da Argentina. Por lá, além do vinho, que é bom barbaridade, desenvolve-se desde muito jovem, o conhecimento sobre o que é um bom churrasco.
Acredite, que cliente que aprecia a boa carne assada, vai ao seu restaurante principalmente por ela.
Maciez é sem dúvida a sensação que marca, além de um bom marmoreio e certa camada de gordura onde deva constar.
Carne suculenta demais ou “boi berrando” como se diz por lá, afugenta as mulheres e crianças, e se elas não gostarem o esposo não irá mais com a família ao seu restaurante.
Esta carne da foto, nem eu gostaria de ingerí-la. Está crua, e gosto de sangue não é o sabor que desejamos sentir num bom pedaço de “asado”.
Por fim, acho que as raças especializadas, as inglesas, são as que sempre produzirão estes cortes tão desejados e que trazem clientes ao seu negócio.
Ei, estava esquecendo. um bom assador é imprescindível, queimadores de carne é o que mais se encontra por este brasilsão afora.
A fixação da marca, atendimento, procedência, virão como consequência das suas reconhecidas qualidades pelo consumidor.
Grande abraço
A rastreabilidade dá confiabilidade ao produto permitindo mesmo sem conhecer a carne ou mesmo vê-lá o consumidor possa ter certeza de que adquiriu raça, idade, maciez, sabor (suculência penso que deva ser atribuído ao chefe), etc. Incluindo-se aqui hormônios, vermífugos, vacinas, parasiticidas e outros. Pena tão poucas fazendas rastreados no Brasil.
O processo todo de tenderização da carne que ocorre durante a estocagem refrigerada, ou maturação, consiste na proteólise dos componentes estruturais das miofibrilas.
As enzimas proteolíticas atuam ocasionando algumas alterações no tecido muscular,
como: (a) degradação e/ou enfraquecimento gradual da linha Z, que conduz à
degradação das miofibrilas; (b) desaparecimentoda troponina T; (c) degradação da
desmina e nebulina e, provavelmente, da titina (proteínas estruturais do tecido muscular). Essas alterações causam diminuição da rigidez e aumento gradativo da maciez da carne.
Existem três sistemas enzimáticos responsáveis pela proteólise dos componentes
estruturais das miofibrilas: o sistema das catepsinas, o complexo multicatalítico de
proteases (MCP) e o sistema enzimático das “calpaínas”.
Para mim, maciez é sobrevalorizada. É claro que não pode ser dura, mas sendo macia suficiente é imprescindível o sabor. Especialmente aquele sabor de carne fresca criada a pasto, difícil de definir , mas facilmente reconhecível. Também importante é o teor de gordura adequado a cada corte, costela magra não dá. Caro conterrâneo Luis, vais fazer pensarem que gaúcho não sabe comer carne! O bife da foto está ao ponto, pro meu gosto poderia ser mais mal passado e um pouquinho mais gordo. Acho que deveria ser considerado crime ambiental passar a carne do ponto, que é diferente para cada corte; costela não pode sangrar, picanha e entrecot tem que sangrar sempre.
Não sou especialista, apenas um consumidor. Para mim, o mais importante é ter a certeza de que o gado foi bem tratado ao longo de toda a sua vida, castrado e abatido sem sofrimento algum. Como NENHUMA marca oferece essa certeza no Brasil, fui obrigado a parar de consumir carne há alguns meses (apesar de sempre ter sido um grande apreciador).
É claro que prefiro uma carne macia, bem conservada e marmorizada. Mas nada disso vale a pena se o preço a se pagar é provocar dor e sofrimento a outro ser vivo.
A mesma refeição que no Pobre Juan você gasta 350,00 reais, em ribeirão Preto no Ancho é a metade do preço. Qualidade de carne é bem semelhante dos dois restaurantes.
Maciez com certeza é o diferencial mais fácil de ser notado! e de longe o mais apreciado.
O comentário do Leonardo Regazzini toca num ponto que eu acho muito importante.
Conhecer o produto do nascimento até o prato. Temos sim alguns produtores fazendo isso.
Sobre sofrimento, o comentário é um pouco utópico o que eu gosto de dizer aos nossos clientes é que esses animais foram tratados com o respeito que qualquer animal destinado a virar alimento de alta qualidade deveria receber.
Sanidade, alimentação, bem estar e um abate devidamente fiscalizado e dentro das normas são quesitos básicos para a produção de carnes de qualidade.
Os atributos citados têm cada um a sua importância, que vai variar de consumidor para consumidor. Enquanto não houver pesquisa qualitativa e quantitativa, as opiniões continuarão sendo opiniões. Sempre válidas, mas apenas opiniões. O setor como um todo precisa evoluir no entendimento do consumidor e saber que atributos realmente ele valoriza para poder definir uma estratégia de marca consistente.