Críticos do burgeronomics dizem que são esperados preços médios mais baixos em países mais pobres do que nos mais ricos, porque os custos de mão de obra são menores.
A carne bovina está novamente se destacando no mundo das finanças internacionais. Jens Weidmann, chefe do Bundesbank, na Alemanha, recentemente preocupou-se que os esforços do banco central para reviver as economias debilitadas poderiam levar a uma “crescente politização das taxas de câmbio”. Bill Gross, da PIMCO, enorme gestora de fundos de investimentos, avalia que o mundo está entrando em uma espiral de desvalorizações competitivas que lembram os anos trinta, à medida que as economias ansiosas por crescimento impulsionam suas moedas para baixo para dar um impulso aos exportadores. O que o Índice BigMac tem a dizer?
O Índice Big Mac é a análise feita pela The Economist analisando as taxas de câmbio de diferentes países. Seu segredo é a teoria de paridade do poder de compra (PPP, da sigla em inglês), segundo o qual os preços e as taxas de câmbio deveriam se ajustar a longo prazo, de modo que cestas idênticas de bens comercializáveis custem o mesmo entre os países. Nesta cesta contém somente um Big Mac e confia no McDonald’s em produzir produtos idênticos a partir dos mesmos ingredientes em todos os locais (ou quase todos: na Índia é utilizado o Maharaha Mac, que contém frango ao invés de carne bovina).
Seguindo taxas de câmbio de mercado, a versão canadense do hambúrguer custa US$ 5,39, comparado com um preço médio de US$ 4,37 nos Estados Unidos. Pelos cálculos, então, o dólar canadense está aproximadamente 24% sobrevalorizado com relação ao dólar americano. No México, em contraste, um Bic Mac custa US$ 2,90 à taxas de câmbio de mercado, sugerindo que o peso (moeda mexicana) está 33% abaixo de seu valor de longo prazo com relação ao dólar. O dólar americano compra muito mais Big Macs no México do que nos EUA.
O Índice Big Mac sugere que as moedas estão particularmente supervalorizadas na Noruega, Suíça e Brasil (veja a tabela). O contínuo fortalecimento do Real é uma grande fonte de irritação ao ministro das Finanças do Brasil, Guido Mantega, que foi o primeiro a usar a expressão “guerras cambiais” em 2010. O Brasil reagiu com controles de capital na forma de impostos sobre as compras estrangeiras de títulos brasileiros, mas a moeda continua supervalorizada.
Em dezembro, o Brasil registrou um déficit recorde em conta corrente, à medida que suas exportações caíram, contribuindo para uma queda nas previsões de crescimento econômico. A Suíça ficou com sua moeda supervalorizada atrelando seu franco ao euro em 2011. Isso suspendeu a valorização do franco suíço contra a então problemática moeda única, embora não contra o dólar.
Moedas em grande parte do mundo emergente, incluindo Rússia, China e Índia, estão bastante baratas com relação ao dólar , segundo os cálculos. Críticos do burgeronomics dizem que são esperados preços médios mais baixos em países mais pobres do que nos mais ricos, porque os custos de mão de obra são menores: o PPP sinaliza para onde as taxas de câmbio devem se dirigir em longo prazo, à medida que países como China ficam mais ricos, não onde os preços deveriam estar agora.
Ainda assim, o subvalorizado yuan (China) mal se deslocou para uma medida de valor justo do Bic Mac. Isso, muitos calculam, é devido à intromissão do Banco Popular da China, que está contando com o crescimento das exportações para a sustentação: a China teve um superávit comercial maior do que o esperado de US$ 36,1 bilhões em dezembro, graças ao crescimento de 14% nas exportações com relação ao ano anterior.
O Japão é o país que causou as mais recentes discussões sobre batalhas cambiais. O novo plano do Governo para reflacionar a economia com estímulo fiscal e monetário ajudou a direcionar o iene para baixo nos últimos meses. O Índice Big Mac colocou o iene próximo a um valor justo contra o dólar em julho; esse está mais de 19% subvalorizado agora e é um bom desenvolvimento para os exportadores japoneses, mas não tão bom para os rivais.
Já na Europa, o Euro está em torno de 12% mais caro em relação ao dólar, de acordo com nossos cálculos; no verão de 2012, estava próximo a um valor equilibrado. O moeda se fortaleceu nos últimos meses à medida que o medo de uma quebra na zona do Euro diminuiu, mas muitos europeus ainda acusam para a manipulação da moeda. O Banco Central Europeu fez pouco para impulsionar o setor econômico em dificuldades da zona do Euro, assim como outros bancos centrais, incluindo o Federal Reserve e o Banco da Inglaterra, que agiram agressivamente para melhorar suas economias. Se a moeda continuar valorizando, os exportadores da zona do Euro terminarão em apuros.
Acompanhe as taxas de câmbio globais ao longo do tempo com o novo Índice Big Mac interativo: http://www.economist.com/content/big-mac-index.
Fonte: The Economist, traduzida e adaptad apela Equipe BeefPoint.