Conheça o Programa “No Ponto” do JBS, que premia animais castrados
20 de maio de 2013
Mercado físico do boi gordo – 17-05-2013
20 de maio de 2013

Além da rastreabilidade

Os produtores certificados não são tratados como simples fornecedores, mas sim, como profissionais valorizados pelo alto padrão de desempenho socioambiental que atingem a partir de suas ações. Seus produtos são diferenciados o que traz benefícios de imagem e mercado.

Por Eduardo Trevisan Gonçalves

Recentemente, temos observado várias iniciativas que visam garantir a origem dos produtos que são oferecidos aos consumidores. Todavia, uma análise mais apurada nos força a pensar o que realmente se está rastreando.

Não deveria ser orgulho para ninguém garantir que a carne ou o café venham de uma área sem desmatamento ilegal, ou livre de trabalho escravo, ou ainda, garantir que, naquela área especifica, somente foram aplicados os agrotóxicos permitidos. Isso tudo é obrigação. Está na lei.

Talvez, nós consumidores, estejamos muito acomodados, já que chegamos ao ponto de valorizar iniciativas e produtos que garantam que em seu processo produtivo a lei do país fora respeitada ou, às vezes, até menos que isso, somente a intenção de cumpri-la um dia.

A agropecuária está contaminada por essas iniciativas, nas quais se rastreia o simples básico, a partir das fazendas até o varejo. Todavia, os produtores do Brasil, já mostraram que têm condições de oferecer muito mais garantias aos consumidores.

Este país é o líder em produção socioambiental certificada: café, suco de laranja, cana de açúcar e mais recentemente de carne e couro. Atualmente, são mais de 250.000 hectares sob bom manejo.

Sistemas de certificação de terceira parte, como é o caso do selo Rainforest Alliance Certified, garantem muito além do básico: por meio de auditorias independentes e pelo comprometimento dos produtores, as propriedades têm planos escritos e implementados para recuperação e conservação da biodiversidade, proteção dos recursos hídricos e garantias aos trabalhadores, como treinamento, moradias e salários acima da média local. São mais de 100 diferentes critérios avaliados nas auditorias, anualmente.

Os produtores certificados não são tratados como simples fornecedores, mas sim, como profissionais valorizados pelo alto padrão de desempenho socioambiental que atingem a partir de suas ações. Seus produtos são diferenciados o que traz benefícios de imagem e mercado.

Embora boa parte destes produtos tenha destino internacional, uma iniciativa do Grupo JD, Imaflora, Marfrig e Carrefour, disponibiliza em treze hipermercados, cortes nobres de carne com o selo Rainforest Alliance Certified. Também foi o caso da empresa italiana Gucci ao confeccionar bolsas com couros da mesma origem.

Esta e outras ações como a da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), no Mato Grosso do Sul, demonstram que a cadeia produtiva da pecuária está se abrindo para novas oportunidades, buscando diferenciação e ferramentas de mercado que possam valorizar seus produtos.

Estas iniciativas oferecem aos consumidores brasileiros produtos rastreados de alto desempenho socioambiental e mostra como a união entre a cadeia produtiva pode gerar resultados também ao meio ambiente e aqueles que vivem do campo.

*Eduardo Trevisan Gonçalves, engenheiro agrônomo, MBA em agronegócios, é secretário-executivo adjunto do Imaflora.

3 Comments

  1. Vasco Varanda Picchi disse:

    Caro Eduardo,

    Parabéns pelo artigo.

    Ao trazer para a pecuária as experiências positivas das certificações de terceira parte, na valorização e diferenciação de produtos das diversas cadeias produtivas, a rastreabilidade tenderá a deixar de ser vista como objetivo e passará efetivamente a ser considerada uma ferramenta para ir além, apoiando a credibilidade e transparência entre os diferentes elos da cadeia da carne e permitindo ao consumidor uma visão mais clara sobre os diferenciais da carne que está comprando.

    Parabenizo também ao Imaflora, Marfrig, Grupo JD e Carrefour pelo pioneirismo e visão de futuro ao investir nesse projeto.

    Abraço,

  2. Eduardo Trevisan disse:

    Vasco, obrigado pelo seu comentário. Estou completamente de acordo com você e acredito que é este mesmo o caminho. A rastreabilidade como uma ferramenta para a agregação de informações – e valor – aos consumidores e cadeia. Também parabenizo ao ótimo trabalho que você e Safetrace têm conduzido.

  3. Jose Ricardo S Rezende disse:

    Parabéns a todos os envolvidos na iniciativa e especialmente a São Marcelo, que não só não teme a transparência como a explora comercialmente. Controle sobre o seu processo produtivo é o que permite a São Marcelo melhorias permanentes de gestão.