Segundo dados do Instituto Nacional de Carnes (INAC), foram abatidos 956.800 bovinos até 25 de maio contra 844.037 cabeças no mesmo período de 2012.
Ajudados pelo clima e por algumas situações conjunturais – várias plantas estavam terminando de fazer as cotas Hilton -, os abates de bovinos no Uruguai cresceram 13% até o mês passado. A partir deste mês e até agosto, os frigoríficos, trabalhadores do setor de carnes e o próprio Poder Executivo estão prevendo uma forte redução na oferta de boi gordo, que fará cair mais o nível de abates.
Segundo dados do Instituto Nacional de Carnes (INAC), foram abatidos 956.800 bovinos até 25 de maio contra 844.037 cabeças no mesmo período de 2012.
Por um lado, há queda da demanda em alguns mercados pontuais e o aumento dos custos das empresas do setor que já denunciaram à Junta Diretiva do INAC uma perda de competitividade. O Uruguai, por sua qualidade e pelo nível de preços de sua carne, compara-se hoje com a Austrália e a Nova Zelândia, mas vende carne desossada nos mercados onde seus competidores vendem cortes com osso e com custos de frete menores.
Por outro lado, os frigoríficos, que não estão apertados para comprar gado, estão baixando os preços e os produtores que estão com um bom nível de pasto, não vendem a esses preços.
Hoje, há 1.200 operários da indústria de carnes do Uruguai em seguro desemprego total ou parcial, segundo informou o dirigente da Federação de Empregados e Funcionários da Carne e Afins (Foica), Luis Muñoz. A isso se soma o fato de a empresa Breeders & Packers Meat Uruguay, frigorífico de capitais ingleses em Durazno, ter enviado 400 trabalhadores ao seguro desemprego parcial por 15 dias e o Frigoyí outros 100 no sábado passado.
A preocupação cresce pelo que ocorrerá. Muñoz reconheceu que faltará mais gado que no ano passado, confirmando que a federação se reuniu na semana passada com o diretor Nacional de Trabalho, Luis Romero, para que formem uma Mesa de Carne, com o objetivo de analisar os seguros desemprego da indústria frigorífica.
Agora, o frigorífico Pando analisa reduzir os abates em 30%, baixando o turno de desossa e todo o abate, de forma que cerca de 300 operários poderiam sair de licença. Segundo a federação, o frigorífico Sarubbi que vinha trabalhando com 300 animais por 5 dias da semana, nessa semana não abateu. O Carrasco reduziria os abates em cerca de 60%, em torno de 2.000 cabeças semanais.
O grupo Marfrig está trabalhando coma as quatro plantas e esperará para ver como reagem os mercados e a oferta antes de tomar uma decisão. O frigorífico Solís também reduzirá os abates e várias empresas não definiram ainda em que ritmo trabalharão nas próximas semanas e que decisão tomar com relação aos seus funcionários.
O presidente do INAC, Luis Alfredo Fratti, afirmou que em algum momento haverá menos oferta de gado. Também é notório que houve queixas pelo preço dos animais e se não há uma obrigação de compromisso à vista, é provável que também haja retração do lado dos preços. A indústria está ajustando os números, mas que está longe de uma crise na indústria frigorífica.
O nível de abates está caindo e aos problemas da falta de oferta se somam as medidas da federação de funcionários da indústria animal do Ministério de Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) que começam com greves setoriais e preveem uma paralisação de 72 duas a partir da semana que vem se suas queixas não forem atendidas.
Hoje, o abastecimento está com muita carne, mas a boa notícia é que se está na época do ano onde os uruguaios consomem mais carne bovina, muito mais com preços estáveis como agora. Cada uruguaio está consumindo 60 quilos por ano, o maior consumo do mundo.
A reportagem é do El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.