O tema do próximo Workshop BeefPoint será sobre Associações de Pecuaristas. Através das palestras e estudos de caso apresentados nos workshops BeefPoint, os participantes têm a oportunidade de trocar conhecimento, compartilhar ideias, acertos e erros também.
Para conhecer melhor os palestrantes, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um deles.
Confira abaixo a entrevista com o palestrante Luiz Cláudio Paranhos, presidente da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu).
Luiz Cláudio Paranhos é zootecnista formado pela FAZU, Uberaba, com MBA em gestão no Agronegócio pela FGV. Trabalha com pecuária de corte e pecuária seletiva (Nelore PO, Nelore Mocho PO e Brahman PO) em Uberaba, Minas, e Muquem do São Francisco, Bahia.
Participa da Diretoria da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu) desde 2004, gestão do Presidente Orestes Prata Tibery Júnior, depois gestão do Presidente José Olavo Borges Mendes e por último na gestão do Presidente Eduardo Biagi. Na ABCZ esteve à frente da Diretoria técnica no campo de melhoramento genético. Atualmente é o presidente da entidade.
Desde 1934, a ABCZ é responsável pelo registro genealógico das raças zebuínas. Atua em todo país com mais de 340 colaboradores em 23 escritórios técnicos regionais. Também atua na promoção e no melhoramento genético das raças zebuínas. Desenvolve projeto de democratização da genética zebuína superior através das feiras pro-genética, projetos de capacitação continuada dos colaboradores, projetos de educação a distância em parceria com a FAZU e o Canal Rural, projeto de unidade para demonstração das inovações tecnológicas no campo, Expozebudinâmica na estância OT, projetos de pesquisa de validação de DEPs positivas e DEPs negativas, projetos de software para controle zootécnico, PRODUZ, projeto de modelo de engorda confinado para zebuínos, entre outros.
BeefPoint: O que os pecuaristas de sua associação têm feito de interessante que pode servir de exemplo para os demais pecuaristas brasileiros?
Luiz Cláudio Paranhos: Tem buscado tecnologia e genética melhoradora, visando aumento da capacidade produtiva.
BeefPoint: O que a Associação tem feito para motivar os pecuaristas a se manterem associados?
Luiz Cláudio Paranhos: Investido bastante na melhoria dos serviços prestados por meio de programas de capacitação permanente dos colaboradores. Atuação direta em projetos para facilitar o acesso de pequenos e médios produtores a uma genética superior. Promoção das raças zebuínas através de ações diretas, como exposições, e através de propaganda e marketing.
BeefPoint: Quais os principais desafios de sua associação?
Luiz Cláudio Paranhos: Contribuir para o aumento sustentável da produção de carne e leite através do registro genealógico, melhoramento genético e promoção das raças zebuínas.
BeefPoint: Qual o perfil ideal do associado, para a sua associação?
Luiz Cláudio Paranhos: Todos os pecuaristas, produtores de leite ou produtores de animais para corte, das raças zebuínas.
BeefPoint: Qual o exemplo de associação na pecuária, no Brasil hoje? Qual instituição você admira por fazer um excelente trabalho?
Luiz Cláudio Paranhos: Assocon, pelo trabalho focado em um segmento que cresce bastante e é fundamental em pecuária de corte.
BeefPoint: Qual modelo de associação inspirou a formação e as diretrizes de sua associação e por quê?
Luiz Cláudio Paranhos: A história da ABCZ começa com a fundação da Sociedade do Herd Book Zebu, em 1919, uma associação formada por criadores com o objetivo de garantir o registro genealógico das raças zebuínas, o desenvolvimento da pecuária mineira e o aprimoramento do zebu para assegurar a pureza das raças. Na época, as importações de zebu da Índia estavam em franca expansão, assim como as raças zebuínas no Brasil.
Com isso, os criadores sentiram a necessidade de ter uma entidade que defendesse os direitos da classe e o registro genealógico. Em 1934, o Herd Book Zebu foi incorporado pela Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (que em 1967 passou a se chamar Associação Brasileira dos Criadores de Zebu). O princípio básico da associação continua o mesmo: a promoção do registro genealógico do zebu.
BeefPoint: Quais os pontos fortes de sua associação? Quais são os pontos a serem melhorados?
Luiz Cláudio Paranhos: Trabalhamos sempre para garantir os direitos do produtor rural, da pecuária sustentável e da democratização da genética zebuína de qualidade. Realizamos pesquisa de satisfação e reuniões com os associados para detectar os pontos a serem melhorados.
BeefPoint: O que a associação implementou de diferente em 2012-2013? O que você fez em 2012-2013 que te trouxe mais resultados?
Luiz Cláudio Paranhos: Implantamos o projeto Zebu de Ponta a Ponta, cujo objetivo é destacar as vantagens da pecuária zebuína para todos os elos da cadeia (produção, indústria e mercado) e para a comunidade em geral. Quarenta e nove segmentos da indústria dependem dos subprodutos bovinos.
O boi é um dos poucos animais no mundo com 100% de aproveitamento e precisamos mostrar à sociedade essa grande contribuição do zebu para a economia do país. Também ampliamos os Dias de Campo, reuniões com criadores, cursos de capacitação para os produtores rurais e profissionais do setor para levar mais qualidade e tecnologia ao campo. Tivemos a participação de quase 10 mil pessoas em mais de 50 eventos.
BeefPoint: Quais os principais planos para 2013-2014?
Luiz Cláudio Paranhos: Atenção à pecuária comercial. É daí que vem todo o sentido em se melhorar a genética, em se oferecer ao mercado indivíduos mais produtivos. Se a pecuária comercial vai bem, nossos associados são estimulados a produzir mais, a melhorar a genética, e terão liquidez ao ofertar seus produtos. Se a pecuária comercial vai mal, nosso mercado trava e somos todos prejudicados. Precisamos estar mais juntos a pecuária comercial, entender melhor suas demandas e ajudar no que for possível na melhoria dos índices de produtividade.
BeefPoint: Sabendo que aprendemos mais com os erros, do que com acertos, você poderia compartilhar um erro da associação?
Luiz Cláudio Paranhos: Em décadas passadas, foram adotados critérios na seleção das raças zebuínas que não levaram a animais produtivos e funcionais. Felizmente, esses critérios foram deixados de lado e o melhoramento genético das raças vem ocorrendo ano após ano.
Hoje, temos anualmente reuniões do conselho deliberativo técnico das raças para definir a necessidade ou não de mudanças nas regras do registro genealógico e exposições como a ExpoGenética, que debate o melhoramento genético e sempre traz as novidades e demandas do mercado.
BeefPoint: Qual seu recado para os produtores que querem iniciar uma associação ou participar de uma já existente?
Luiz Cláudio Paranhos: Quando as pessoas se unem em defesa do bem comum, as conquistas tornam-se maiores e o caminho até elas mais curto. É preciso buscar uma entidade que desenvolva um trabalho de acordo com o que o produtor acredita e defende, pois assim poderá ajuda-la na defesa dos direitos de toda a categoria.
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