Referência em pesquisas sobre eficiência na pecuária de corte no Norte da Austrália, Geoffry Fordyce defende a necessidade de qualificar a produção para atender mercados em constantes mudanças.
Em visita ao Estado do Rio Grande do Sul, onde participou de evento do NESPRO – Núcleo de Estudos de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva da UFRGS, o pesquisador da Universidade de Queensland falou sobre os desafios e oportunidades da atividade.
Confira trechos da entrevista concedida ao jornal gaúcho Zero Hora:
Jornal Zero Hora: Como pesquisas contribuem para aumentar a eficiência na produção de carne bovina?
Geoffry Fordyce : Mercados em constante mudança tem levado produtores de carne a reduzir custos de produção e aumentar a quantidade de peso e a qualidade da carne. Isso só tem sido possível com pesquisa, em que produtores trabalham com cientistas para identificar problemas, oportunidades e soluções.
Alguns bons exemplos são: custo do uso de suplementos, avaliação da fertilidade dos touros, produção e gerenciamento do pasto, vacinas e gestão para prevenir doenças infecciosas e manejo do rebanho e carcaças antes, durante e depois do abate.
Jornal Zero Hora: Como o estresse térmico impacta a produção e como contornar esse problema?
Geoffry Fordyce : Há diversos efeitos diretos e indiretos sobre o gado. Os principais incluem redução de apetite, fertilidade comprometida e desidratação. A estratégia mais eficiente para lidar com estresse térmico é usar animais que sejam mais tolerantes.
Seleção dentro da raça é tão importante quanto seleção de raça.
Jornal Zero Hora: Como o comportamento animal influencia na produção?
Geoffry Fordyce : Em um sistema de produção de carne, os produtores estão gerindo comportamentos para alcançar alta produção por meio de baixos custos sem prejudicar o ambiente. Um desafio ainda maior é sustentar altos níveis de bem-estar animal.
O bem-estar inclui permitir que se comportem de maneira normal, para que se sintam confortáveis e possam se reproduzir com sucesso. Aumentar a atenção para esse aspecto permitirá sustentar os mercados, especialmente os muito exigentes, que vão demandar rótulos de bem-estar no produto.
Jornal Zero Hora: Quais as tendências de criação e produção de carne?
Geoffry Fordyce : Por pelo menos 30 anos houve previsões de grande crescimento na demanda de carne. A demanda cresceu e permanece alta, mas não aparenta ter levado prosperidade aos produtores. Isso sugere que prognósticos otimistas devem ser tratados com alguma cautela. Se os produtores continuarem a aumentar a produção e a eficiência, é provável que continuarão a ser viáveis.
Para isso, terão também de desenvolver um ambiente natural para criação do gado, além de aprimorar os níveis de bem estar do animal.
Fonte: Jornal Zero Hora, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.