O tema mercado do boi gordo é um dos mais relevantes relacionado a rentabilidade do setor pecuário. Por isso é o assunto mais procurado, conversado e discutido. Entender as tendências de mercado dos mais diversos fatores que influenciam o mercado do boi é fundamental para se planejar e aproveitar as oportunidades. Com o objetivo de conhecer os principais profissionais que trabalham direta e indiretamente com análise de mercado pecuário, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas para compartilhar o trabalho destes profissionais, buscamos reunir informações consistentes sobre o tema. Queremos conhecer mais como essas pessoas pensam, o que prestam atenção, o que consideram mais importante e o que sentem falta ao fazer seu trabalho de análise de mercado. Para conhecer melhor quem tem se destacado no mercado pecuário no Brasil, acompanhe nossa série de entrevistas. Confira a entrevista com Fábio da Silva, zootecnista e analista de mercado da bovinocultura de corte do Imea!
O tema mercado do boi gordo é um dos mais relevantes relacionado a rentabilidade do setor pecuário. Por isso é o assunto mais procurado, conversado e discutido. Entender as tendências de mercado dos mais diversos fatores que influenciam o mercado do boi é fundamental para se planejar e aproveitar as oportunidades.
Com o objetivo de conhecer os principais profissionais que trabalham direta e indiretamente com análise de mercado pecuário, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas para compartilhar o trabalho destes profissionais, buscamos reunir informações consistentes sobre o tema.
Queremos conhecer mais como essas pessoas pensam, o que prestam atenção, o que consideram mais importante e o que sentem falta ao fazer seu trabalho de análise de mercado.
Para conhecer melhor quem tem se destacado no mercado pecuário no Brasil, acompanhe nossa série de entrevistas.
Confira a entrevista com Fábio da Silva, zootecnista e analista de mercado de bovinocultura de corte do Imea.
Fábio da Silva cursou zootecnia em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná. Trabalha como analista de mercado de bovinocultura de corte no Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O Imea é uma empresa privada sem fins lucrativos, mantida por entidades que representam os produtores rurais de Mato Grosso, sendo elas a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).
No Imea, o trabalho desenvolvido é dividido basicamente em acompanhamento de mercado e elaboração de projetos, principalmente os voltados para as instituições mantenedoras .
Com relação às rotinas, o que fica mais evidente ao público em geral são as produções de relatórios, como o Boletim Semanal da Bovinocultura de Corte e o Relatório das Intenções de Confinamento em Mato Grosso, mas existe muito mais por trás disso, levantamos preços da arroba do boi gordo diariamente, reposição semanalmente, preços de cortes cárneos no atacado e varejo, abate de bovinos, enfim, existe muito mais que faz o Imea girar e possibilita ao Estado ter tantas informações.
BeefPoint: Quais as principais ferramentas para conseguir analisar o mercado de forma ampla?
Fábio Silva: As ferramentas são básicas e não é necessário nada mirabolante para se fazer uma boa análise do mercado. Assim, utilizo rotineiramente e incessantemente o Excel, com o complemento do software do CMA nas análises, em especial sobre mercado futuro.
BeefPoint: Quais são os gráficos que você acompanha diariamente para fazer uma boa análise?
Fábio Silva: Sempre alimento com os preços mais recentes e vejo qual é a tendência do físico em Mato Grosso e em São Paulo através de médias móveis de curto, médio e longo prazo.
Além disso, olho sempre a movimentação da arroba futura na bolsa, a oscilação no atacado e também indicadores de como anda a margem dos frigoríficos através do equivalente físico.
BeefPoint: Quais são os principais indicadores para analisar o mercado do boi, na sua opinião?
Fábio Silva: Sigo a linha fundamentalista. Deste modo, todos os indicadores que reflitam a oferta e demanda do mercado são indispensáveis, como, por exemplo as escalas de abate dos frigoríficos, o abate de bovinos (machos, mas também o abate de fêmeas), a movimentação do atacado de carne, as exportações de carne bovina, o mercado futuro do boi gordo, preços da reposição, em especial do bezerro e também os indicadores de oferta de demanda das carnes concorrentes.
Aqui em Mato Grosso temos o privilégio de acompanhar a movimentação de bovinos através da emissão de GTAs, fruto de uma parceria com o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), o que possibilita aferir como anda a demanda pelas categorias de bovinos.
BeefPoint: O que você lê de notícias, análises e relatórios de mercado? Quais são as leituras indispensáveis?
Fábio Silva: As leituras especializadas são produzidas pela Scot Consultoria, as notícias e análises que saem no portal do BeefPoint e também algumas coisas produzidas pela Informa Economics FNP, em especial o Anualpec.
Atualmente, também estou iniciando uma leitura de alguns relatórios da FC Stone. Entretanto, acredito que o foco não pode ser somente no que gira em torno da agropecuária, o que torna importante uma leitura mais “macro” das notícias.
Neste contexto, busco ler notícias regionais de Mato Grosso, através dos jornais locais e também leio a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo, dois grandes jornais que trazem excelentes informações, inclusive sobre agropecuária.
BeefPoint: Quais são os principais fatores devemos olhar pelo lado da oferta e do consumo para uma análise de curto e médio prazo?
Fábio Silva: Pelo lado oferta devemos olhar a escala de abate das indústrias, ela nos dá uma noção muito boa de quão ofertado está ou não o mercado. Pelo consumo, acredito que é importante olhar a movimentação do atacado e seus preços.
Após isso, um bom olhar do mercado é fechado com uma análise de preços no físico e futuro.
BeefPoint: Você poderia nos contar uma história ou um acontecimento, em que conseguiu entender as relações do mercado, fazer uma análise correta da situação, e acertar a tendência de preços? Quais as lições você tirou desse episódio?
Fábio Silva: Aconteceu este ano, quando todos já previam uma oferta menor de gado confinado e nós aqui do Imea, pautados pelo aumento dos custos de produção e por nossos levantamentos da intenção de confinamento, também trabalhávamos com um expectativa pessimista para a terminação no cocho.
Pois bem, o diferencial de nossas informações é que nós prevíamos a entrega dessa boiada à indústria frigorífica, acontecendo exatamente como as nossas previsões de maior entrega no terceiro trimestre de 2013, em especial em setembro.
Com esse cenário, projetamos um “furo” de oferta para o quarto trimestre de 2013 e previmos que os preços poderiam subir nesse período de oferta bem restrita, o que aconteceu e os registros foram próximos aos recordes históricos para o Estado.
As lições que ficam desse episódio é que boas e confiáveis informações são tudo quando se fala em mercado do boi gordo.
BeefPoint: Você poderia nos contar uma história ou um acontecimento, em que aconteceu o contrário, onde não conseguiu entender as relações do mercado, fazer uma análise correta da situação, e errou a tendência de preços? Quais as lições você tirou desse episódio
Fábio Silva: Utilizando as ferramentas de costume e alimentando meu gráfico favorito, o de médias móveis, entendi que o preço continuaria subindo em outubro/13 e os indicadores corroboravam com isso, mas, um pequeno detalhe na análise gráfica, um pequeno indicativo na “ponta” da série de preços que indicava o oposto me deu uma leitura errada do mercado.
Assim, previ que os preços continuariam subindo, mas isso não aconteceu e os preços caíram. Pouco, mas caíram.
BeefPoint: Em sua opinião, quais são os principais dados em falta na pecuária brasileira para que se possa fazer uma análise consistente do mercado? O que poderia ser feito para reduzir esse problema? Qual órgão poderia contribuir de forma mais efetiva?
Fábio Silva: Bom, primeiramente, estou em um estado que informações não faltam e se comparado com a geração de informação a nível nacional, trabalhamos com informações em tempo real.
Acredito que não faltam informações/dados, temos muitas por aí, só precisamos analisar com calma todas elas, ou a maior parte.
Divido a opinião de outros analistas, não podemos esperar tanto tempo para saber como foi o abate de bovinos no Brasil, esperar tanto para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) liberar essas informações. Não é somente o abate, dados como o rebanho também demoram a sair, acho que precisamos de mais agilidade na geração desses dados.
BeefPoint: Qual o maior desafio do analista do mercado da pecuária?
Fábio Silva: O maior desafio é lidar com as informações, que são muitas, e saber distinguir a hora de utiliza-las. Além disso, quando se tenta prever o que vai acontecer no mercado as possibilidades de erro são enormes, por isso, é preciso ser humilde, aceitar os erros e estudar mais para que isso não aconteça.
BeefPoint: Qual profissional da área é sua referência?
Fábio Silva: Sou um jovem analista e tenho muitas referências para citar. De início, não posso esquecer o Prof. Paulo Rossi Junior e o Prof. João Padilha Junior, ambos da Universidade Federal do Paraná e que acreditaram em mim, dando a primeira oportunidade de trabalhar com mercado no Laboratório de Pesquisas em Bovinocultura.
Em seguida, gostaria de citar não somente o Alcides Torres da Scot Concultoria, mas sim toda equipe de analistas e consultores da empresa, o Alex Lopes, Gustavo Aguiar, Hyberville D’Athayde Neto, Marco Túlio Habib Silva e Rafael Ribeiro de Lima Filho, que me deram a oportunidade aprender muito de mercado lá em Bebedouro.
Por fim, hoje posso trabalhar com duas referências no Imea, o Daniel Latorraca e o Otávio Celidonio.
BeefPoint: Qual conselho você daria para quem quer começar a trabalhar na área?
Fábio Silva: Acho que tem que ser apaixonado pela área, ter muita dedicação, ter uma busca constante por atualização e focar em suas ferramentas e indicadores, exaustando-se de analisa-las. Tem que saber que provavelmente essa profissão vai consumir você e você gostará de que seja assim, porque é empolgante analisar o mercado do boi gordo.
Comentário BeefPoint: Nosso muito obrigado a Fábio da Silva, por contribuir com nossa série de entrevistas. Muito bom conhecer uma como é feita análise por alguém que trabalha no IMEA, parabenizamos o Instituto pelo trabalho que vem desempenhando e por profissionalizar nossa pecuária cada vez mais.
Veja as entrevistas da série:
O mercado te amassa quando você acha que sabe tudo sobre ele [Rodrigo Albuquerque]
Aprenda o operacional e evite surpresas desagradáveis no seu negócio! [Flavio Abdo Saraiva Santos]
Veja como Lygia Pimentel estuda e analisa o mercado [Série analistas de mercado]
Confira como Gustavo Figueiredo pensa e analisa o mercado do boi gordo [Série analistas de mercado]
1 Comment
Um dos problemas do IMEA é que normalmente quando se trata do preço do boi aqui no MT, ele informa o preço balcão que é o menor preço pago pelo Frigorifico. Se Você pegar outro informativo como SCOT, e outros sempre vai estar acima do preço informado pelo IMEA e repassado pela ACRIMAT, prestando um desserviço para o Pecuarista.
Mario Wolf Filho Pres. do Sindicato Rural de Nova Canaã do Norte MT.