Mais de 80 bovinos de todas as idades morreram nos últimos 30 dias vítimas de raiva animal na região de Matão, que abrange áreas de Rosário Oeste e Chapada dos Guimarães. Esse é o saldo dos ataques de morcegos hematófagos aos rebanhos de cinco fazendas que somam 2.628 animais.
O Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) garante que a grande incidência de morcegos na área é conseqüência do desequilíbrio ambiental provocado pelo represamento do rio Manso para a construção da usina hidrelétrica de Manso, administrada pela Furnas Centrais Elétricas. Segundo o representante do Departamento de Meio Ambiente de Furnas em Mato Grosso, Acyr Gonçalves, a empresa desconhece qualquer laudo do Indea sobre as mortes dos 84 animais. As mortes de bovinos naquela região já estavam despertando a atenção dos fazendeiros, mas a gravidade do problema só foi avaliada agora, com a presença de técnicos do Indea na região para acompanhar a vacinação contra a febre aftosa.
Na quinta-feira passada, o médico veterinário Edilberto Marques Lemes Pinto realizou duas necrópsias em animais para coletar o material para exame e trouxe dois bezerros para monitoramento da doença. Os bezerros foram sacrificados na sexta-feira e no sábado, e os exames dos quatro cérebros, feitos pelo Laboratório de Sanidade Animal (Lasa) do Indea confirmaram três mortes por raiva e uma por botulismo. Imediatamente após a constatação do foco da raiva animal na região de Matão, o Indea determinou a vacinação de todo o rebanho contra essa doença e também contra o botulismo. A imunização do rebanho contra o carbúnculo já havia sido feita. A vacinação vai abranger os animais concentrados num diâmetro de 25 quilômetros e não apenas na área das cinco fazendas. A maior das propriedades tem 1,1 mil animais e a menor soma 358 reses.
O Indea também marcou para o período de 2 a 13 de dezembro, quando a lua estará na fase minguante, a captura de morcegos, que serão utilizados para reduzir a população da espécie. Após a captura, os técnicos aplicam veneno no corpo dos pequenos animais e em seguida os devolvem à natureza. Ao chegar nas cavernas, os morcegos ali existentes, que têm hábitos higiênicos, lambem os que chegaram sujos e acabam morrendo.
Fonte: Diário de Cuiabá (por Nelson Severino), adaptado por Equipe BeefPoint