A vaca gorda tem sido a categoria mais prejudicada dentro da forte tendência de baixa que tem dominado nas últimas semanas no mercado de bovinos do Uruguai. A diferença entre o preço dessa categoria e o preço do novilho aumentou bastante. Por uma vaca pesada se oferecem entre US$ 2,70 e US$ 2,80 o quilo da carcaça, enquanto que o novilho especial e pesado está entre US$ 3,20 e US$ 3,25; a diferença é da ordem de 45 a 50 centavos de dólar, quando o normal em um mercado equilibrado era que o quilo de carne de vaca valesse cerca de 20 centavos a menos que o de novilho. Duas semanas atrás se advertia sobre essa situação, embora na ocasião a diferença fosse de 30 centavos.
Nos últimos dias de março, os frigoríficos concentram sua atividade em cortes kosher e Hilton, que em ambos os casos, trabalham preferencialmente com novilhos. Mais ainda nesse ano, após a auditoria da União Europeia (UE) sobre o sistema de rastreabilidade no país, que se determinou quais são as categorias cuja carne pode fazer parte da cota Hilton.
Da indústria frigorífica há os que consideram que essa mudança, que implica maiores controles por parte do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), pode ser uma das causas da ampliação da diferença entre os preços das duas categorias. A cota Hilton admite carne de novilhos de todas as idades e de novilhas de até 4 dentes, sempre que sua alimentação tenha sido exclusivamente a pasto.
A atual situação, além de gerar forte preocupação em produtores, faz com que busquem alternativas para a saída de vacas, com preços que sejam mais atrativos para os compradores. Nesse cenário, foram fechados os primeiros negócios de exportação de animais em pé para o Brasil. Ainda que se trate de “uns poucos caminhões”, influenciará o mercado. A vaca gorda no Rio Grande do Sul está em R$ 8,00 o quilo de carcaça, ou seja, cerca de US$ 3,50.
O presidente da Federação Rural do Uruguai, Carlos María Uriarte, disse que a venda de 1.750 vacas gordas em pé ao Brasil, que está em curso, seria o primeiro passo para agilizar o mercado local e melhorar os valores que os frigoríficos pagam pelos animais.
“Vemos com muito bons olhos que isso ocorra, já que é fundamental ter uma alternativa para vender nos momentos em que a comercialização de animais está em baixa, assim como colocar um piso aos preços que estão deprimidos”.
O setor criador é o que mais sente essa situação, já que “é produtor não somente de bezerros, mas sim, de vacas gordas e não estava tendo mercado para colocá-las. Se os criadores se ressentem economicamente, isso afeta toda a cadeia pecuária, já que são sua base produtiva”.
Fonte: tardaguila.com.uy e El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.