Por Fernando Lopa, Presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford.
“Tirar o sofá da sala” é uma anedota antiga, onde o marido após ser avisado por um bilhete anônimo que a esposa o traia com um amante no sofá da própria sala de visitas, resolveu rapidamente o problema: tirou o sofá da sala.
Como especificado em nota recente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil – ACNB, a qual nos solidarizamos, “as Avermectinas são aprovadas pelo MAPA e usadas no Brasil há mais de 25 anos, sendo seus benefícios de grande relevância para toda cadeia produtiva – em especial nos dias atuais, em que se vê a implementação de programas governamentais que buscam ganhos de eficiência na produção, redução de emissão de gases e preservação do meio ambiente”.
As “mectinas” são as responsáveis pela primeira grande explosão de produtividade da pecuária nacional! Revolucionaram o manejo e possibilitaram que os animais, principalmente nos trópicos, pudessem produzir, a pasto, mais carne e em menos tempo. Foram impulsionadoras das tecnologias que vieram ou foram aperfeiçoadas depois, como os proteinados, intensificação dos rebanhos em melhoramento genético, melhoria de pastagens e etc, afinal elas mostraram ao produtor que a aplicação correta da tecnologia resultava, realmente, no aumento da produtividade na pecuária de corte e os capitalizou para avançar na aplicação de tecnologias. Inclusive em tecnologias para redução do uso da molécula nos animais.
Enfim se hoje, figuramos no topo da produção de carne para o mundo, e para horror dos americanos e europeus, numa matriz a majoritariamente a pasto, em clima tropical e com custos altamente competitivos, devemos a descoberta desta molécula milagrosa há décadas atrás.
A alegação do MAPA, da última quarta (11/06), apenas corrobora a piada. Com a alegação de proibir o uso do produto para não prejudicar as exportações aos Estados Unidos, ou seja, para garantir 23,5 mil das 1 milhão e 500 mil toneladas de carne que vendemos anualmente para o mundo, ou ainda, garantir uma “possível” abertura para o mercado americano de carne “in-natura”, nosso Secretário de “Defesa Agropecuária” ao invés de intensificar as inspeções nos frigoríficos, autuar os infringentes dos prazos de carência ou fiscalizar empresas que agem a margem da lei na produção ou introdução do produto no país, resolveu simplesmente punir toda a cadeia, em sua esmagadora maioria, cumpridora dos seus deveres na produção de carne saudável.
Para resumir, nosso atual Secretário de “Defesa” não buscou “defender” os interesses do setor produtivo, simplesmente “tirou o sofá da sala” impedindo a venda de um produto, muito mais utilizado na cria e na recria (justamente pela sua longa ação) do que na engorda, como forma de “resolver” um problema que poderia ser solucionado com outras medidas mais eficazes, numa intrigante rapidez, não consultando o setor produtivo, e pior, desprezando a história de sucesso mundial da nossa pecuária tropical nacional, além de desmerecer nossa forte posição internacional como produtor de proteína animal no mundo, conquistada pelo setor produtivo e, pelo que vemos, sem importância para tomada de suas decisões.
Então, resta perguntar: Quem será responsabilizado pelo prejuízo que tal medida representará ao setor? Para quem mandaremos a conta
Por Fernando Lopa, Presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford.
12 Comments
O problema inicial resume-se na necessidade de intensificar a educação sanitária lá na ponta, orientando, treinando e alertando sobre a necessidade de controle na aplicação e atenção durante o embarque de animais, garantindo o prazo de carência do medicamento. Muitas vezes, falta o registro na aplicação do produto, falta ler a bula e atenção ao medicamento que está sendo usado. Hoje no mercado existem várias concentrações do princípio ativo com associação a outros medicamentos ( vitaminas, aminoácidos, etc) e prazos e carências diferentes. O desconhecimento é muito grande, pela desinformação e falta de atenção aos detalhes. Orientar o uso com responsabilidade e planejamento.
Bom dia, (nosso) secretário deve estar defendendo o interesse dos americanos, são pessoas que não se integram e nao se conformam com o desenvolvimento do setor.Talvez na ideia dele a agropecuária brasileira seja desprovida de cabeças pensantes, uma pena. Saudacoes.
Concordo com o Presidente da ABHB; mas acho que a pergunta seria: Quem ou o que está por trás disso?
Os órgãos normatizadores do Governo MAPA, sempre estiveram distantes da classe produtora da pecuária brasileira.Os pecuaristas de pequeno e médio porte não tem a informação necessária para a utilização das Ivermectinas,o que eles sabem é que esses medicamentos fazem os efeitos desejável em sua produção,Terneiros mais pesados,vacas emprenhando todo ano,bois engordando mais rápidos,O pecuarista não tem a informação que seu boi vai ser comercializado para Rússia, EUA e que estes países não aceitam resíduos de Ivermectina na carne.Alguém já viu uma campanha do MAPA neste sentido?
Está na hora da CNA se posicionar sobre o assunto, pois atitudes intempestivas certamente prejudicarão nossas exportações. Se quisermos preservar a cadeia da pecuária de corte, precisamos rever essa proibição. O diálogo é a melhor saída.
Sr Fernando Lopa
Muito bom esse seu artigo e concordo plenamente com sua opinião. Esses produtos são usados principalmente na cria e recria e não na engorda. Porque não visitar os confinamentos e propriedades de engorda , fazendo uma campanha de esclarecimento sobre os prazos de validade do produto em questão e fiscalizar e punir quem não os respeita? Seria um universo muito menor e mais fácil de fazer do que proibir o uso em toda as propriedades pecuárias do Brasil. Temos que recolocar o sofá na sala para evitar perdas muito maiores.
Medida arbitrária esta do MAPA, a qual certamente impactará no custo do produtor rural, com o aumento de manejos antes desnecessários.
Mais uma medida imperativa do nosso governo, em detrimento à margem do produtor já tão esmagada.
Deixo aqui o meu protesto e indignação!!
Parabens Fernando Lopa pela tua análise, mas acho que os “iluminados” do MAPA estão usando uma outra teoria – e sem fugir do setor das piadas – que é a de introduzir o bode na sala.
Acho que vem mais coisa por aí.
De acordo Fernando, essa incompetência governamental, se estende do municipal ao federal, departamentos que tem como função, auxílio e assistência, só nos apresenta o problema, a solução e a conta, e por nossa conta. Atitudes de tal irresponsábilidade,
Desmotiva e repreende, nossa vontade de produzir, linda palavra (PRODUZIR)
ISSO É BRASIL!!! ( o produtor rural brasileiro luta sozinho pra conseguir um lugar ao sol perante o mercado mundial ); nossa política é podre e corrupta; primeiro o produtor brasileiro é responsabilizado por todo o desmatamento feito no mundo, os estrangeiros querem transformar o Brasil numa imensa floresta; e o governo apoia! Quando a @ resolve desempacar e tornar a pecuária um pouco mais rentável, o governo com ajuda das multi nacionais interessadas,encontra uma vaquinha louca lá no meio do Mato Grosso;( estranho não! ); agora nos produtores, nos tornamos lideres na produção mundial de carne de qualidade( graças ao nosso esforço e competência); ai vem os( espertos ) e querem tirar do mercado a ivermectina!
Fiquei apreensiva em iniciar meu novo projeto em investir em pecuária “sem ter pasto ou fazenda “
Concordo com Carlos Roberto Conti Naumann, o Secretário de Defesa realmente não pensou em momento algum nos produtores. Se traz um bom resultado, por que não melhorar a forma de uso, beneficiando os dois lados ? É uma vergonha para o nosso país pensar em favorecer a exportação/americanos e desfavorecer os produtores brasileiros .