Devido ao aumento no preço dos bovinos nas últimas duas semanas que foram, segundo as categorias, de 10% a 15%, e a ameaça de que os aumentos se traduzam de maneira iminente nos cortes de carne consumidos pelo público, o Governo da Argentina restringirá por 15 dias as exportações de carne bovina, reduzindo a entrega de novas permissões para exportar.
A medida foi decidida pela Secretaria de Comércio e o subsecretário de Comércio Interior, Ariel Langer, foi o encarregado de transmitir essa notícia aos exportadores do setor.
“Nos disseram que não fecharão todas as exportações, mas restringirão as permissões de exportação e isso será por 10 a 15 dias até que se baixe o preço do boi”, relatou um dos participantes do encontro com Langer.
Por outro lado, uma fonte do Ministério da Economia com acesso ao Comércio disse que a decisão foi “consensual” e que as exportações “não serão cortadas”. “Concordou-se com os exportadores moderar o nível de exportações, porque já eram superiores ao mesmo nível de agosto de 2013. Não se cortam e não se toma nenhuma medida drástica, mas terão que moderar para acalmar a voracidade”, afirmou a fonte oficial.
O comércio recebeu com preocupação o aumento do preço dos bovinos nos últimos 15 dias no Mercado de Gados de Liniers. Nesse mercado, a categoria de novilhos subiu em média 10,47% de US$ 1,89 para US$ 2,09 por quilo -, e os bezerros tiveram aumento de 11,6%, passando de US$ 2,14 para US$ 2,39. “Em bezerros, chegou-se a pagar US$ 2,75 e, com isso, o comércio se assustou”, disse um operador do setor.
Ao mesmo tempo, o índice novilho de mercado de Liniers passou nas últimas duas semanas de US$ 1,88 por quilo para US$ 2,09 por quilo, uma alta de 11%. Esse indicador de preços já acumula um aumento de 73% desde agosto de 2013.
Nesse contexto, a Associação de Proprietários de Açougues da Capital Federal, Alberto Williams, disse que os comércios aumentarão os preços ao público. Ele disse que há 15 dias os frigoríficos vêm aumentando o preço da carne. “Já foram US$ 0,71 de aumento em menos de um mês. Os açougues vão transferir esses aumentos [ao público] em cerca de 8% pelo menos. Nos cortes mais caros, o aumento será de US$ 0,59 a US$ 0,71 por quilo”.
Para os empresários, restringir as exportações não servirá para baixar o preço. De fato, hoje só se exporta menos de 6% do produzido anualmente.
Não é a primeira contradição do kirchnerismo nesse assunto. Em 2006, em outro fechamento de exportações, o ex-presidente, Néstor Kirchner, fez baixar os contêineres que deviam chegar à Alemanha para vender carne nesse país anfitrião da Copa Mundial de Futebol.
Os fechamentos de exportações não são grátis. Segundo um trabalho de alunos de Ciências Agrárias da Universidade Católica Argentina (UCA), apresentado em um seminário no marco de um convênio com o Mercado de Liniers e o Centro de Consignatários de Produtos do país, pelas restrições às exportações desse produto, a Argentina já perdeu divisas de pelo mens US$ 10 bilhões.
Fonte: La Nación, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
1 Comment
Governo populista e irresponsável. Estão destruindo um das cadeias mais tradicionais da economia argentina. Sistematicamente. Uma penas. Queria saber como vão garantir carne para a população depois de quebrarem as empresas do setor? Quem trabalha precisa ter lucro para reinvestir na atividade. Simples assim.