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Animados com o recuo da seca, pecuaristas dos EUA expandem rebanho

Rex McCloy conversa com seus filhos na fazenda deles no Texas. Eles estão aumentando o rebanho, no intuito de lucrar com os preços altos do gado e gastos menores com ração. David Bowser para o The Wall Street Journal

Pela primeira vez em quase dez anos, os criadores da principal região pecuarista dos Estados Unidos estão ampliando seus rebanhos, apostando que o intervalo atual numa seca de vários anos vai continuar.

O movimento dos criadores está empurrando para baixo os preços do gado, que atingiram recordes de alta no ano passado. Isso pode levar a uma queda nos preços da carne nos supermercados americanos, que estão recordes.

“Três anos atrás, não tínhamos pasto para alimentar uma cabra, quanto mais uma vaca”, diz o pecuarista Rex McCloy, pecuarista de Morse, no Estado do Texas. Agora, ele e seus filhos estão aumentando o rebanho, no intuito de lucrar com os preços altos do gado e gastos menores com ração.

Rex McCloy conversa com seus filhos na fazenda deles no Texas. Eles estão aumentando o rebanho, no intuito de lucrar com os preços altos do gado e gastos menores com ração. David Bowser para o The Wall Street Journal

Rex McCloy conversa com seus filhos na fazenda deles no Texas. Eles estão aumentando o rebanho, no intuito de lucrar com os preços altos do gado e gastos menores com ração. David Bowser para o The Wall Street Journal

Tal entusiasmo renovado na região das Grandes Planícies, que corta os EUA a partir do Texas, ajudou o rebanho bovino americano a se expandir em 2014 pela primeira vez em oito anos, embora a oferta permaneça próxima da mínima de 60 anos atingida em 2013.

Os preços do gado e da carne nos EUA dispararam no ano passado, depois que quatro anos de seca severa dizimaram os rebanhos das Grandes Planícies. Mas a expectativa de que os estoques irão crescer está levando alguns investidores a apostar em um período longo de preços menores para gado pronto para o abate.

“Estou pessimista”, diz Dennis Smith, corretor da Archer Financial Services, em Chicago. “Em minha opinião, o mercado de gado já atingiu seu pico no futuro previsível.”

Os preços no mercado futuro de gado caíram cerca de 9% este ano, em parte devido à melhora no cenário de oferta. A queda no número de animais foi compensada parcialmente por operadores de confinamentos que levaram os animais a pesos recorde. Na terça-feira, os futuros do gado para entrega em junho subiram 1,225 centavos de dólar, ou 0,82%, para US$ 1,51475 a libra (cerca de 0,45 quilos), na Bolsa de Chicago. Ainda assim, os preços já recuaram 11,42% desde o recorde de US$ 1,71 registrado no segundo semestre de 2014.

Até agora, os consumidores americanos ainda não se beneficiaram muito com a expansão do rebanho. Esse fato é ressaltado por um relatório divulgado nesta semana pelo Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA, que elevou para cerca de 1,4 milhão de toneladas a previsão de importação de carne do país, 6% a mais que em 2014, uma vez que o suprimento doméstico foi reforçado por carne proveniente da Austrália, Brasil, México e Nova Zelândia. O USDA estima que os preços da carne no varejo ainda subirão entre 5% a 6% este ano, mas já bem abaixo dos 12% registrados em 2014.

O ciclo de vida relativamente longo de uma vaca faz com que alguns analistas estimem que a produção de carne dos EUA não começará a crescer antes de 2016.

Mas, mesmo em lugares como o norte do Texas, onde ainda paira a incerteza sobre o fim da seca, o mercado de gado altista de 2014 renovou o otimismo de que criar vacas e novilhas para procriar é novamente um negócio lucrativo.

McCloy e seus dois filhos investiram cerca de US$ 3 milhões desde meados de 2013 para adicionar 2.100 cabeças de gado ao seu rebanho. Foi uma grande mudança para a família, que antes se dedicava principalmente ao plantio de algodão, milho, trigo e soja. Mas os preços dos grãos despencaram nos últimos três anos devido ao crescimento da produção americana e global.

Os preços no mercado futuro do gado vendido aos confinamentos saltaram 32% no ano passado, na Bolsa de Chicago. Os preços recorde deram a pecuaristas como os McCloys mais dinheiro para investir na ampliação do rebanho. A cotação dos futuros do boi gordo recuou 2% no acumulado do ano, uma vez que operadores de confinamentos reduziram os preços que estão dispostos a pagar pelos jovens novilhos, em face da queda da receita com o gado pronto para o abate.

“O ano passado, de longe, deu os melhores retornos da história [a este segmento do setor]”, diz Jim Robb, diretor do Centro de Informação de Marketing de Pecuária, uma associação do setor.

O rebanho de gado americano caiu 5,5% nos últimos dez anos diante da consolidação do setor de carnes e das fortes secas registradas no centro e no sul dos EUA.

Mas a seca se amenizou. Até o dia 5 de maio, 29,6% do Texas registrava algum nível de seca, menor que os 83,4% do mesmo período do ano anterior, segundo o Monitor de Seca dos EUA. Nacionalmente, 37% do rebanho bovino do país está localizado em uma área afetada pela seca, ante 48% um ano atrás.

No entanto, muitos pecuaristas continuam preocupados com o alto custo da terra adicional para criar rebanhos maiores e da reprodução. Outros estão limitados pela escassez de mão de obra em algumas regiões.

James Lieb diz que provavelmente não aumentará seu rebanho por alguns anos Ele e sua família possuem cerca de 130 vacas, embora esperem, um dia, poder retornar para algo em torno de 175, o número de animais que tinham antes de a seca chegar, em 2011.

“Não quero gastar US$ 2 mil ou US$ 2.500 por uma novilha de reprodução e não saber se vou poder ter lucro no ano que vem. Não tenho certeza de que a seca acabou.”

Fonte: The Wall Street Journal, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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