Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Rio Grande de Norte decidiram estender até o início de janeiro a atual campanha de vacinação contra a febre aftosa, cujo final estava previsto para hoje. O comunicado foi encaminhado ontem à tarde, à Divisão de Febre Aftosa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Os estados atribuíram a decisão à falta de vacinas. O consumo previsto para este ano era de 284 milhões de doses, mas já foram comercializadas 304 milhões.
Esses números são da Central de Selagem da Vacina, órgão sob supervisão do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), localizada em Vinhedo (SP). O coordenador da Central, Sílvio Cardoso Pinto, disse que o aumento na demanda é conseqüência da imunização inesperada no Rio Grande do Sul, devido aos registros de focos da doença naquele Estado, ocorridos no início deste ano. “Foram 30 milhões de doses a mais no Sul, o que afetou a produção do estoque regulador”, explica o coordenador.
Os técnicos da Divisão de Febre Aftosa do Ministério da Agricultura acrescentam que, além da procura pelos pecuaristas gaúchos, houve também um alto índice de reprovação na análise da qualidade das vacinas produzidas por seis laboratórios no Brasil. Os testes ocorrem justamente no Rio Grande do Sul. “O ciclo de produção das doses é de seis meses”, diz Cardoso. Ele acredita que em maio, na nova fase de vacinação, não haverá problemas com falta de estoque do produto.
Mesmo agora, em dezembro, já não há escassez de vacinas, informou o Ministério da Agricultura. A dificuldade estaria em realizar a distribuição das doses para os Estados. No mês passado, o problema era falta do produto, e 14 unidades da federação prorrogaram o prazo final de imunização de 30 de novembro para 20 de dezembro.
O diretor-presidente da Agência de Defesa de Sanidade Animal e Vegetal (Iagro) de Mato Grosso do Sul, Loacir Silva, disse que durante reunião na manhã de hoje será avaliado o desempenho da imunização no estado, que possui um rebanho de 23 milhões de cabeças de gado, o maior do País. Silva adiantou que não houve falta de produto para vacinação e as chuvas não chegaram a atrapalhar.
Os pecuaristas sul-mato-grossenses receberam, em maio, do Escritório Internacional de Epizootias (OIE), o certificado de área livre da febre aftosa com vacinação. Com o título, o Estado aumentou as exportações de carne em 300% principalmente para o exigente mercado europeu, abalado pelo mal da vaca louca.
Já em Tocantins estariam faltando pelo menos 1,5 milhão de doses para livrar o rebanho de 6,3 milhões de cabeças do riscos da febre aftosa. A prorrogação neste Estado deve se estender até 11 de janeiro. No Pará, a escassez, segundo o coordenador da Central de Selagem, ainda é maior, mas não representa comprometimento da imunização.
O Sindan liberou na terça-feira mais 4,5 milhões de doses. O órgão não prevê desabastecimento no mercado, mas somente uma prorrogação da imunização para o final de dezembro. “É preferível atrasar do que ficar sem vacinar”, afirma Cardoso.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Hudson Corrêa), adaptado por Equipe BeefPoint