Fechamento 12:17 – 04/01/02
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8 de janeiro de 2002

EUA: indústria da carne enfrenta tempos difíceis

A indústria da carne não está enfrentando um momento fácil nos EUA. Sinais de retrocesso são vistos em todas as partes da cadeia. Frigoríficos estão fechando fábricas para diminuir custos. Reservas em churrascarias famosas, antes difíceis de serem feitas, são fáceis de encontrar. As exportações do produto caíram 12% nos primeiros nove meses de 2001, em relação a um ano atrás, e o prognóstico para os últimos três meses de 2001 é sombrio.

A demanda pelo produto caiu, resultado do atentado em Nova Iorque no mês de setembro e do aparecimento da doença da “vaca louca” no Japão.

Cortes nas viagens de negócios e gastos desde o atentado terrorista de 11 de setembro prejudicaram vários restaurantes que dependem de visitantes de fora das cidades para garantir sua lotação. Ao mesmo tempo, os consumidores do Japão, maior importador da carne norte-americana, estão evitando o consumo de carne vermelha depois do aparecimento da doença da ”vaca louca” no Japão.

Estes fatos causaram uma redução nos preços do boi. O preço à vista, que era de aproximadamente US$ 1,59 por kg de peso vivo antes do atentado, caiu cerca de US$ 0,22. A queda de 14% transtornou a cadeia produtiva, levando a um enorme acúmulo de animais terminados nos confinamentos do país.

“Quando pensávamos que era uma aposta segura afirmar que o mercado de boi iria continuar a crescer, fomos atingidos por estes problemas inesperados”, mencionou Chuck Levitt, analista sênior da corretora Alaron Trading, de Chicago. “O problema é que não há previsão de quanto tempo esta situação irá durar”, diz Levitt.

Com um futuro incerto, a indústria da carne aumentou seus esforços de marketing em uma época que as vendas normalmente são mais baixas, devido aos feriados. A Associação Nacional dos Produtores de Carne (NCBA), por exemplo, divulgou receitas de pratos com carnes para as festas de final de ano, esperando aumentar o consumo em uma época onde o peru e o presunto são pratos mais comuns.

Estes não são tempos comuns para uma indústria que estava vivendo um aumento no consumo até pouco tempo. Em 1999, a demanda pela carne bovina aumentou 3,3 % nos EUA, em relação ao ano anterior, primeiro aumento em duas décadas. Em 2000 a demanda aumentou mais 3,5 %.

A situação econômica favorável do final dos anos 90 tem muito a ver com o aumento de consumo verificado. Consumidores com dinheiro no bolso têm maior probabilidade de comprar cortes caros de carne e podem, com maior freqüência, consumir o produto em churrascarias.

Ao mesmo tempo, produtores e frigoríficos uniram forças para desenvolver produtos mais fáceis e rápidos de se preparar. Os benefícios nutricionais do consumo de carne bovina também foram amplamente divulgados.

O consumo continuou a crescer mesmo com os problemas econômicos enfrentados em 2001, de acordo com a NCBA.

No entanto, com a tragédia de 11 de setembro, restaurantes e outros serviços de alimentação, que correspondem a 40 % do mercado de carne do país, tiveram uma redução em suas vendas.

No Japão, as churrascarias também tiveram uma redução no número de clientes, por uma razão diferente. Casos da doença da “vaca louca” foram encontrados em setembro, levando a uma crise de confiança dos consumidores em relação ao produto, sem se importar com a procedência do mesmo. Dados estimados sugerem uma redução de 30 a 50 %, diz o economista chefe da NCBA, Chuck Lambert.

Esta é uma notícia terrível para os produtores de carne norte-americanos, uma vez que o mercado japonês é responsável pelo consumo de praticamente metade do produto exportado pelos EUA. Mesmo antes dos casos da doença, as exportações para o Japão já tinham caído 7 %, para 265.284 toneladas nos primeiros nove meses de 2001, de acordo com a Federação Norte Americana de Exportação de Carne (U.S. Meat Export Federation).

Os dados sobre as exportações do último trimestre de 2001 ainda não estão disponíveis e para 2002 as previsões são tão sinistras que a indústria de carne norte-americana está desenvolvendo materiais de marketing para mostrar aos consumidores japoneses o quão seguro é o consumo da carne produzida nos EUA.

Os problemas enfrentados pela indústria têm levado empresas a reformular suas estratégias. A empresa IBP Inc., maior processadora de carne dos EUA e unidade da Tyson Foods Corp., inesperadamente fechou 4 de suas 11 fábricas no final de novembro, além de diminuir as horas trabalhadas em outras duas unidades. Um porta-voz da empresa, afirmou que a redução foi feita para que a empresa se adequasse às condições do mercado.

O fato é que a IBP está reduzindo sua produção quando o preço da matéria prima está caindo. Isso comprova, segundo analistas, o quão difícil está o momento que a indústria atravessa.

Fonte: Chicago Tribune (por Ameet Sachdev), adaptado por Equipe BeefPoint

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