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4 de janeiro de 2002
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8 de janeiro de 2002

Expectativa de aumento nas vendas de carne bovina para Rússia

O Brasil pretende fornecer 30% da carne bovina importada pela Rússia. Para isso o presidente Fernando Henrique Cardoso e uma missão empresarial embarcam dia 13 para aquele país com a meta de acabar com as restrições à carne bovina brasileira. Atualmente, o país não vende para o varejo, tendo suas vendas limitadas às indústrias. O sinal verde para esta mudança foi dado na última missão russa, que esteve no Brasil em dezembro e que habilitou outros 13 frigoríficos – a oficialização se dará durante a visita. Com isso, serão 31 indústrias nacionais aptas a comercializar com a Rússia.

A delegação brasileira que vai à Rússia é formada por representantes do governo, da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e empresários que já vendem ao país. Desde junho, 18 empresas estavam habilitadas a comercializar com indústrias russas. O objetivo agora é que as restrições sanitárias sejam retiradas e o Brasil possa vender diretamente ao varejo. O secretário-executivo da Abiec, Ênio Marques, acredita que, com o fim das restrições, a carne bovina possa seguir os passos da indústria suína – que responde por 55% das compras da Rússia – e assim atingir 30% daquele mercado.

Em 2001 as exportações para a Rússia foram ínfimas porque existiam mercados com preços melhores. Mas, segundo Marques, há uma base sólida de cooperação, com a necessidade de tecnologia russa na área aeronáutica e energética e eventual troca por commodities. O ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, quer usar a oportunidade para abrir mercado a outros produtos além das carnes, como açúcar, café, frutas e soja. Brasil e Rússia trabalham com a possibilidade deste comércio chegar a US$ 3 bilhões por ano, dos quais US$ 200 milhões seriam em carne bovina.

Entre os grandes exportadores habilitados está o frigorífico Bertin . Em 2001, aquele país respondeu por menos de 1% das exportações do Bertin (800 toneladas de um total de 110 mil toneladas). O gerente de exportação do frigorífico, Marco Bicchieri, quer vender entre quatro e cinco mil toneladas por ano, a partir de fevereiro.

No Mato Grosso, o Tangará pretende triplicar as vendas para a Rússia. Durante 2001, os embarques mensais eram de 25 toneladas e para este ano, espera-se 75 toneladas.

Entre os novos habilitados está o Frigonostro , de Mato Grosso do Sul, que hoje exporta 40% de seus abates diários (600 animais). Também em Mato Grosso do Sul, o Frigotel receberá a habilitação russa. Segundo o gerente comercial, Euzébio Bet, a empresa exporta US$ 4 milhões/mês aos mercados europeu, árabe e extremo oriente. Bet não acha difícil conseguir vender entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão à Rússia.

O Estado do Mato Grosso do Sul será o Estado com maior quantidade de frigoríficos habilitados para vender à Rússia no país, ou seja, 19% do total. O Estado responde por 43% das exportações de carnes do Brasil, segundo estimativas da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul).

”A entrada no mercado russo vai consolidar o Estado como grande exportador”, diz o assessor econômico da Famasul, Cláudio Mendonça. Segundo ele, a Rússia é um mercado potencial e vender para o exterior é mais vantajoso, em termos de remuneração.

Os canais diretos de comercialização são um passo importante para a abertura do mercado russo à carne bovina, mas insuficientes para a consolidação de negócios, segundo o economista José Carlos Pimenta, assessor especial da Câmara de Comércio Exterior (Camex). “A Rússia é mercado cativo da União Européia (UE), que vende 700 mil toneladas de carne bovina/ano para o país”. O economista afirma que os frigoríficos precisarão atuar em parceria com o governo federal. Devido aos subsídios da UE, a tonelada de carne embarcada em Bruxelas chega em Moscou a US$ 650/tonelada.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi e Carlos Bortolás), adaptado por Equipe BeefPoint

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