Os orçamentos pressionados estão encorajando uma mudança no mercado de proteína russo, à medida que o consumo de carne bovina caiu para níveis muito baixos (recordes), enquanto o de carne suína ganha uma participação ainda mais forte de mercado. A pressão sobre as importações de carne bovina, causada por questões políticas e pelo enfraquecimento do rublo, estão encorajando essa tendência.
Os produtores de carne suína estão tendo muito mais sucesso em impulsionar a produção doméstica do que os produtores de carne bovina, à medida que o rebanho leiteiro que está caindo reduz a disponibilidade de gado para abate.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que a produção de carne bovina da Rússia em 2016 será de 1,34 milhão de toneladas, levemente acima das estimativas oficiais. Porém, a expectativa é de que a produção caia para 1,32 milhão de toneladas em 2017, “principalmente devido aos menores números de bovinos para abate”. Esse é o menor nível desde a queda da União Soviética.
“O crescimento acelerado da produção em importantes produtores de carne bovina ainda não compensou a menor produção pela redução nos rebanhos leiteiros”. O USDA previu que o rebanho total de bovinos cairá em 2%, para 18,05 milhões de cabeças em 2017, e o leiteiro caiu em 2,8%, para 7,48 milhões de cabeças.
Apesar da menor produção de carne bovina, as importações em 2017 deverão permanecer em 610.000 toneladas, de acordo com as estimativas de 2016. Isso pressionará o mercado, direcionando uma queda de 1,3% no consumo de carne bovina, para 1,92 milhão de toneladas, também o menor nível registrado.
“A carne bovina enfrentará mais competição pelos menores preços da carne suína e pelos preços acessíveis da carne de frango, que continuarão substituindo a carne bovina no varejo e no processamento de carne”.
Porém, o consumo de carne suína, a carne mais barata, está aumentando, à medida que os russos buscam reduzir gastos. “A atual crise econômica afetou as famílias russas mais fortemente do que a crise anterior de 2008-09, e, a esse respeito, é frequentemente comparada à crise sistêmica dos anos noventa. O contínuo declínio dos gastos dos consumidores em 2016 sugerem que a previsão econômica continua desfavorável para a carne bovina como um produto premium”.
Com os preços da carne bovina cerca de 30% maior do que o da carne suína, os menores orçamentos encorajam a substituição de uma pela outra. O USDA previu que o consumo doméstico de carne suína na Rússia aumentará para 3,28 milhões de toneladas em 2017, o maior nível desde 1991. E a oferta está aumentando para suprir a demanda.
No entanto, as previsões de demanda por carne bovina poderão ser mais fortes em prazo mais longo. Na semana passada, o Rabobank chamou a Rússia de “gigante adormecido” em termos de comércio global de carne bovina.
“Até recentemente, a Rússia era um player dominante no complexo comercial global de carne bovina”, disse o banco. “Após eventos geopolíticos, o país decidiu se retirar do comércio global e focar no desenvolvimento de sua própria indústria de carne bovina. Isso, entretanto, ainda não gerou volumes que cobrissem seu déficit de carne bovina e a Rússia continua um gigante adormecido com potencial para entrar novamente no comércio de carne bovina, movimentando volumes de importação substanciais no processo”.
O Rabobank prevê que as importações de carne bovina aumentarão em longo prazo, à medida que a economia estabiliza e se recupera. “O aumento do PIB impulsionará a confiança dos consumidores e dará suporte à demanda por carne bovina, que será parcialmente suprida pelos investimentos na produção primária de carne bovina”.
O Rabobank vê as importações de carne bovina da Rússia com potencial de se recuperar para níveis de antes de 2015 “se as barreiras de importação forem removidas, o preço do petróleo se recuperar e o rublo voltar a ganhar força”.
Fonte: Agrimoney, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.