Análise Semanal – 07/01/04
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9 de janeiro de 2004

Indústria de carne bovina orgânica dos EUA espera vender mais devido à “vaca louca”

Os produtores de carne bovina orgânica dos Estados Unidos prevêem que o medo gerado no país pelo surgimento de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da “vaca louca” aumentará a demanda por seu produto, oriundo de animais alimentados somente com leite, pastos e grãos, do nascimento ao abate.

Apesar de o governo norte-americano ter proibido a alimentação de bovinos com proteínas ou farinha de ossos de bovinos ou ovinos em 1997, devido ao risco de transmissão caso o material esteja infectado pela doença, os defensores dos orgânicos alegam que a lei tem “buracos” e que é pobremente aplicada.

Os padrões da carne bovina orgânica dos EUA, efetivados em outubro de 2002, garantem uma certificação dos produtores cujas práticas foram inspecionadas por um inspetor privado ou estadual. Os padrões incluem dieta totalmente vegetal dos animais após o desmame.

“Veremos agora um grande aumento da demanda por carne bovina orgânica”, disse o diretor nacional da Associação dos Consumidores de Orgânicos, de Little Marais, Minnesota, Ronnie Cummins. Segundo ele, a carne orgânica é responsável por não mais de 1% das vendas de carne bovina dos EUA.

O proprietário da Nick’s Organic Farm, Nick Maravell, disse que vendeu toda a carne bovina de seu pequeno, mas crescente, rebanho Black Angus em Adamstown, quase que imediatamente após o abate do outono. Maravell, que é presidente da Associação de Produção Rural e Alimentos Orgânicos de Maryland, espera que a produção do próximo ano, que deverá ser de seis animais, seja rapidamente vendida também.

A Dakota Beef Co., localizada em Chicago, quer ser a maior produtora de carne bovina orgânica dos EUA, com 25 fazendas e frigoríficos contratados para produzir carne bovina que começará a chegar nos supermercados nacionais em 2004. O porta-voz da empresa, Seldon Moreland, não previu o impacto nas vendas do caso de EEB confirmado em Washington, mas disse que pode assegurar, com 100% de certeza, que a carne bovina certificada como orgânica é livre de EEB.

A proprietária da empresa Heartland Meats Inc., em Mendota, Illinois, Pat Sondgeroth, que cria bovinos de corte alimentados com suplementos de milho e soja, disse que as vendas aumentaram drasticamente desde 24 de dezembro. Segundo ela, as vendas dobraram desde a descoberta do caso, aumento incomum para esta época do ano. Ela espera que o interesse por animais criados de forma alternativa, como é o caso dos orgânicos, seja prolongado mesmo depois da crise da EEB.

“Acho que pelo menos os consumidores estão se tornando um pouco mais conscientes sobre de onde vem a carne bovina. Eles pelo menos olharão o rótulo e farão mais questionamentos a nós e aos estabelecimentos de varejo”, disse ela.

O presidente da Organic Meat Company, em La Farge, Wisconsin, Michael Levine, também disse que os negócios estão aumentando. “Nós temos recebido ligações de consumidores que querem comprar carne bovina, de varejistas e de restaurantes, e existem consumidores que querem se certificar de que podem satisfazer sua demanda”.

Além de vegetal, a dieta dos animais destinados à produção de carne bovina orgânica precisa também ser certificada como orgânica, o que significa ser livre de herbicidas, pesticidas e fertilizantes químicos. A carne bovina orgânica tem um preço prêmio; a carne bovina moída orgânica, por exemplo, tem um preço de seis a oito vezes mais alto que o da carne convencional em vários estabelecimentos do país.

Fonte: Associated Press (por David Dishneau), adaptado por Equipe BeefPoint

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