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Altas tarifas de importação prejudicam entrada da Nova Zelândia no mercado japonês

As altas tarifas de importação de carne bovina do Japão têm impedido que a Nova Zelândia aproveite a chance de exportar mais a este mercado, após o surgimento de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da “vaca louca”, nos Estados Unidos.

Os exportadores neozelandeses de carne bovina querem ver um afrouxamento no regime tarifário, com tarifas de importação de 50% para carne bovina resfriada, antes de satisfazer à demanda dos japoneses.

O diretor-executivo da Associação das Indústrias de Carnes da Nova Zelândia, Brian Lynch, disse que se trata de um “julgamento muito delicado” saber se a Nova Zelândia poderá satisfazer a deficiência de carne bovina no Japão sem quebrar contratos antigos e importantes com clientes nos EUA.

Também é verdade que, apesar de a Nova Zelândia vender carne bovina manufaturada aos EUA, o país vende cortes primários ao Japão. A venda de mais carne bovina a esse país necessitará de caras mudanças estruturais de longo prazo, disse ele. “Além disso, a barreira do Japão às importações de carne bovina dos EUA será quase que certamente temporária. Há muito em jogo para os EUA permitirem que a barreira se prolongue muito”, continuou.

Desta forma, Lynch analisou que a Nova Zelândia poderia agir para resolver uma situação inesperada e se prejudicar no longo prazo, sem garantias de melhor acesso ao Japão.

Oficiais de agricultura do Japão chegaram neste final de semana a Wellington para buscar novas fontes de carne bovina para substituir a norte-americana, proibida devido à EEB. Os oficiais japoneses se reunirão com oficiais do Ministério de Assuntos Estrangeiros e Comércio da Nova Zelândia, bem como com a Meat New Zealand, a Associação das Indústrias de Carne e com o Ministério da Agricultura e Floresta (MAF) neozelandês. Os visitantes representam o Ministério da Agricultura japonês estão na Nova Zelândia para ter acesso a dados de oferta e demanda, e não se envolverão em detalhes específicos.

A barreira a todas as importações de carne bovina dos EUA, que no ano passado foram responsáveis por um terço do produto consumido no Japão, colocou o país asiático em uma situação complicada. As importações do Canadá e da Europa estão proibidas devido à EEB e a febre aftosa coloca os produtores da América Latina também fora do alcance.

O diretor-executivo da Meat New Zealand, Mark Jeffries, disse que as autoridades japonesas querem colocar carne bovina nos pratos dos consumidores a preços reais, “então, as tarifas deverão ser um assunto a ser tratado”.

“Eles terão de convencer os exportadores da Nova Zelândia de que o mercado japonês tem valor”, disse Jeffries. No ano passado, a Nova Zelândia exportou 192 mil toneladas de carne bovina manufaturada aos EUA, no valor de cerca de NZ$ 900 milhões (US$ 614,74 milhões, na cotação de 14 de janeiro), principalmente para uso em hambúrgueres.

Fontes da indústria de carnes neozelandesa acreditam que a importância desta relação bilateral com o Japão colocará uma grande pressão nesse país para relaxar a barreira. No entanto, uma fonte do setor japonês disse que não está certo de que isso acontecerá tão cedo. “Enquanto pedem que os japoneses retirem a barreira à sua carne bovina, os EUA ainda mantêm a barreira à carne bovina canadense, devido à EEB”.

Considerando as reuniões desta semana em Wellington pouco valiosas, ele disse que os exportadores neozelandeses poderão querer negociar melhor acesso aos mercados japoneses, “mas duvido que conseguirão algo, os japoneses são intensamente protecionistas”.

Jeffrier destacou que a carne bovina neozelandesa, oriunda de animais alimentados a pasto, poderá encontrar novas oportunidades no Japão, e a visita dos oficiais japoneses é uma oportunidade para exibir a indústria local.

Fonte: Stuff.co.nz (por Garry Sheeran), adaptado por Equipe BeefPoint

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