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SP não tem veterinários suficientes para fiscalização

São Paulo tem hoje um veterinário do serviço público estadual para cada 127,7 mil cabeças de gado, número considerado insuficiente, até pelo governo, para fiscalizar o surgimento de doenças e bem abaixo do verificado há cinco anos, quando havia um profissional para cada 83,7 mil animais.

Os números, fornecidos pela Secretaria de Estado da Agricultura por meio da CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária), mostram que 113 veterinários têm sob sua jurisdição 155,5 mil propriedades com bovinos, o equivalente a 1.376 imóveis para cada profissional acompanhar. Se os profissionais trabalhassem 365 dias por ano e visitassem uma propriedade por dia, eles demorariam um pouco mais de três anos e oito meses para fiscalizar todos os imóveis.

Desde 1997, o Estado perdeu 32 veterinários (por aposentadoria ou falecimento). Os profissionais não foram repostos porque nenhum concurso público foi aberto pelo governo estadual no período, o último foi há cerca de dez anos.

A queda do número de veterinários se dá no exato momento em que há um aumento das exigências legais de fiscalização. “Apesar de o rebanho ser menor hoje na minha jurisdição, há mais serviço, pois a parte da defesa sanitária foi muito ampliada nestes anos com novas leis e mais inspeções”, disse o diretor do Escritório de Defesa Agropecuária (EDA) de Orlândia, José Edson Girardi.

“Os escritórios precisariam, no mínimo, de 80 a 100 profissionais para reporem os que se aposentaram ou morreram”, disse o coordenador da CDA no estado, Heinz Otto Hellwig.

No EDA de Araraquara, por exemplo, atualmente, não há nenhum veterinário na equipe. Há dez anos, existiam dois profissionais no local. Quando um produtor necessita de auxílio ou existe suspeita de doenças, veterinários são chamados de outros escritórios para fazer o atendimento.

“Seguramente, onde não há nenhum veterinário o sistema está deficiente”, disse o diretor substituto do Departamento de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, Jamil Gomes de Souza.

Nos outros escritórios, em razão do baixo número de profissionais, eles visitam as fazendas só quando são chamados ou em períodos de vacinação, acompanhando a aplicação em algumas delas. “É claro que o veterinário não tem como visitar todas as fazendas, mas o importante é atender rapidamente quando há suspeita de alguma doença”, disse Souza.

O gerente de exportação do frigorífico BF Alimentos, David Ashton, que exporta para União Européia, Oriente Médio e Hong Kong, entre outros, disse acreditar que o país ganhará mercado, mas no longo prazo. “Ainda falta infra-estrutura para o Brasil poder se acomodar às exigências internacionais. É preciso ter mais veterinários nas fazendas”.

Concurso

O secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Antônio Duarte Nogueira Júnior, disse que já pediu ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) a abertura de concursos para contratar mais profissionais para os EDAs.

Ele afirmou que são feitas parcerias com as prefeituras quando é necessário haver mais profissionais formados para atender aos produtores. Sobre a fiscalização, que não pode ser realizada de fazenda em fazenda, ele informou que existe a “busca ativa”, coleta aleatória de material em propriedades para posterior análise.

“A sanidade fitossanitária é uma das prioridades para 2004”, disse. “Ou entramos de vez no negócio ou saímos”. São Paulo responde hoje por 70% das exportações de carne brasileiras.

Fonte: AgroFolha (por Afra Balazina), adaptado por Equipe BeefPoint

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