O índice de preços recebidos pelos agricultores (IPR) de São Paulo caiu 1,99% em janeiro, ficando 3,09 pontos percentuais abaixo do de dezembro de 2003. Neste início de ano, quando se inicia a colheita da safra de verão 2003/04, os preços agrícolas vêm apresentando expressiva queda, em função da fraca demanda interna e da valorização ocorrida no real.
Dos 19 produtos pesquisados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), oito apresentaram aumento no preço em janeiro (banana, batata, café, cebola, feijão, milho, soja e trigo).
Segundo o pesquisador do IEA e responsável pelo levantamento, Nelson Martin, a queda foi provocada, sobretudo, pelos produtos de origem animal, como o boi gordo, leite, carne suína e ovos. No segmento animal, a queda dos produtos gerou variação negativa de 4,20% nos preços do grupo.
A tendência para o mês de fevereiro, segundo ele, é de que a queda se mantenha, embora em proporção menor, na medida em que a colheita dos principais produtos da safra de verão, principalmente soja, milho, arroz e feijão, já devem estar em fase mais adiantada e haverá maior pressão nos preços. “Em fevereiro acredito que a queda será menor”, disse.
A crise na Parmalat provocou uma superoferta de leite em importantes regiões produtoras do País, o que fez com que os preços despencassem. No caso do boi gordo, segundo o pesquisador, a expectativa era de que houvesse um maior volume de compras por parte dos frigoríficos que contavam com maiores vendas ao exterior, depois da descoberta do primeiro caso da doença da vaca louca nos Estados Unidos.
Ano
A variação acumulada do IPR nos últimos doze meses foi negativa em 1,35%, em comparação com a variação positiva de 7,17% do IGP-M e de 6,97% do IPC-Fipe (estimativa). Isto indica perda de poder de troca no período para os agricultores de 8,52 pontos percentuais em relação ao IGP-M e de 8,32 pontos percentuais frente ao IPC-Fipe. A variação mensal anualizada dos preços agrícolas vem perdendo para a inflação desde setembro de 2003.
Nos últimos doze meses, dez produtos apresentaram crescimento no preço, com destaque para algodão, amendoim, arroz e banana, cujo aumento acumulado foi superior a 20%, enquanto café, cebola, soja, tomate, boi e suínos registraram aumentos inferiores a 20%. Por sua vez, oito produtos tiveram reduções no preço, dos quais, quatro com mais de 20% (batata, feijão, milho e ovos).
Fonte: Governo do Estado de SP e Gazeta Mercantil (por Paulo Soares), adaptado por Equipe BeefPoint