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Exportação de carnes para a Rússia pode ser decidida hoje

O acordo que Brasil e Rússia tentarão fechar hoje, como solução para as exportações brasileiras de carnes ao mercado russo neste ano, passa pela flexibilidade no uso das cotas, com tarifas menores. Para uma solução de longo prazo, Moscou quer barganhar o maior acesso das carnes brasileiras em seu mercado à obtenção do contrato de US$ 700 milhões de venda de 12 aviões supersônicos para a Aeronáutica.

A saída para 2004, que poderá ser sacramentada hoje em Moscou, é apoiada em dois pilares. Primeiro, a Rússia promete destinar este ano aos exportadores brasileiros de carnes de frango, suína e bovina as cotas não utilizadas pelos Estados Unidos e União Européia, que obtiveram grande parcela nessa distribuição: 90% da cota de frango, 60% na dos suínos e, no caso dos bovinos, a maior parte é para os europeus, como reconheceu em Genebra o vice-ministro russo de Comércio, Maxim Medvedkov.

“Discutimos alternativas operacionais dentro da regulamentação baixada, para dar uma interpretação que eleve a participação brasileira a um nível adequado”, afirmou o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Márcio Fortes. Em todo caso, parece claro que o país não conseguirá repetir o volume de exportações de 600 mil toneladas de 2003 (313 mil de carne suína, 201 mil de frango e 86 mil de bovina).

Segundo uma fonte russa, Moscou pediu que o Brasil apresente um projeto de longo prazo sobre seus interesses na exportação de carnes à Rússia. A fonte chegou a mencionar a cifra de três milhões de toneladas em sete anos. Para os russos, o essencial é a “paridade”, ou seja, se os brasileiros insistem tanto em ampliar a exportação de carnes podem fazer um esforço na compra dos caças.

Hoje, na Organização Mundial de Comércio (OMC), Brasil e Rússia terão negociação bilateral no âmbito do acesso de Moscou à entidade. Isso dá espaço para Brasília também barganhar seu apoio em troca de melhor acesso não só para carnes, mas também para dezenas de outros produtos. Ontem, a delegação brasileira reclamou na OMC que a Rússia deu uma cota tão grande para a UE que Bruxelas vai acabar aumentando os subsídios à exportação de carnes para preenchê-las.

Brasília argumenta que as exportações vinham crescendo nos últimos dois anos, mas para os russos, o cálculo deve ter como base os últimos dez anos, e, nesse caso o Brasil teria uma participação bem menor. “Não se distribuem cotas com base nas exportações de um ano. O Brasil que me desculpe”, afirmou o chefe da delegação russa na OMC, Maxim Medvedkov.

Os russos parecem determinados a manter a atual divisão entre os países. “Já temos um déficit de US$ 1 bilhão com o Brasil. Não preciso dizer mais nada”, afirmou.

Fonte: Valor OnLine (por Assis Moreira) e O Estado de S.Paulo (por Jamil Chade), adaptado por Equipe BeefPoint

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