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Interações entre manejo alimentar, concentrações de ionóforos e desempenho de bovinos de corte confinados

O sistema de manejo utilizado no fornecimento de alimentos à bovinos de confinados, é uma das atividades de maior importância no sucesso dos confinamentos de bovinos de corte. O objetivo de um correto manejo alimentar é prover alimentos em quantidades adequadas à todos os animais mantidos no sistema.

O manejo tradicionalmente utilizado no fornecimento de rações para bovinos de corte confinados consiste em promover acesso contínuo dos animais à ração, permitindo haver ingestão ad libitum. Recentemente alguns nutricionistas têm adotado manejos diferentes, como o de “cocho limpo”, visando diminuição nas perdas de ração durante o fornecimento. Esse manejo consiste em fornecer a mesma quantidade de ração utilizada no manejo tradicional, porém permanecendo o cocho limpo por um certo período antes do próximo fornecimento. Nesse sistema pode ocorrer maior variação nas quantidades de matéria seca ingerida entre os animais, pelo fato de alguns animais conseguirem ingerir uma maior quantidade de ração num menor tempo. Os diferentes manejos vão alterar o número e o tempo de duração das refeições praticadas pelos animais durante o dia.

Outro fato importante nesse tipo de manejo é em relação às características das rações. Dietas com grandes proporções de concentrado aumentam as chances de ocorrências de distúrbios metabólicos, sendo assim, o uso de ionóforos nesse tipo de manejo de arraçoamento é de grande importância como forma de prevenir casos de acidose subclínica.

Erickson et al., (2003) avaliou o desempenho de bovinos de corte confinados, com diferentes manejos de cocho, e concentrações de ionóforos. Foram utilizados 1615 animais cruzados de tamanho corporal médio-alto (frame size), com 304 kg de peso médio inicial, 15 m2/cabeça na área de piquete, e 25 cm de cocho/cabeça. A lotação utilizada variou de 74-100 animais/piquete. As descrições acima mostram que as condições experimentais foram bastante semelhantes às condições encontradas em confinamentos comerciais brasileiros.

Os tratamentos utilizados foram de manejo ad libitum com 28,6 mg de monensina/kg matéria seca (MS) na dieta total (AD 28), manejo de cocho limpo com 28.6 mg de monensina/kg MS da dieta (CL 28) e manejo de cocho limpo com 36.3 mg de monensina/kg MS da dieta (CL 36).

Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, sendo uma pela manhã – 06:00 e outra no início da tarde – 13:00. Nos tratamentos CL 28 e CL 36, os cochos deveriam estar vazios às 22:00, e no tratamento AD os cochos só deveriam estar vazios às 06:00, no momento do novo arraçoamento. Os animais com manejo de cocho limpo teriam 8 horas a menos de acesso a ração.


A utilização do manejo tradicional com ingestão ad libitum de ração, permitiu maior ingestão de MS (P<0.01) e melhor desempenho em relação aos animais sob manejo de cocho limpo (tabela 2). Não foram observadas diferenças no desempenho dos animais nos tratamentos CL 28 e CL 36, mostrando não haver efeito do aumento na concentração de ionóforo da dieta, de 28 para 36 mg/kg MS, para animais sob manejo de cocho limpo. Também não foram observadas melhora na eficiência alimentar com aumento da concentração de ionóforo na dieta.

Como demonstrado no trabalho de Erickson et al., (2003), o manejo alimentar com cocho limpo pode limitar a ingestão de matéria seca e consequentemente o desempenho de bovinos corte confinados. Esse manejo faz com que os animais diminuam o número de refeições diárias, porém não afetando o ambiente ruminal a ponto de causar distúrbios digestivos. A ingestão total de matéria seca de bovinos confinados é influenciada por diversos fatores, como condições ambientais, além da disponibilidade de alimentos.

Referências bibliográficas

ERICKSON, G.E.; MILTON, C.T.; FANNING, K.C.; COOPER, R.J.; SWINGLE, R.S.; PARROT, J.C.; VOGEL, G.; KLOPFENSTEIN, T.J. Interaction between bunk management and monensin concentration, on finishing performance, feeding behaviour, and ruminal metabolism during na acidosis challenge with feedlot cattle. J. Anim. Sci., v. 81, p. 2869-2879, 2003.

GOODRICH, R.D.; GARRET, J.E.; GAST, D.R.; KIRICK, M.A.; LARSON, D.A.; MEISCKE, J.C. Influence of monensin on the performance of cattle. J. Anim. Sci., v. 58, p. 1484-1498, 1984.

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