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EUA sofrem com crise sanitária

A indústria americana de carnes já sente os primeiros efeitos do fechamento dos mercados externos para suas exportações e começa a reduzir a produção para se adaptar à nova realidade. As previsões oficiais para 2004 sinalizam os menores embarques de carnes em quase 25 anos. Em dezembro, os Estados Unidos registraram o primeiro caso da doença da “vaca louca” em seu rebanho bovino. Neste mês, foram descobertos focos de influenza, ou gripe aviária, em frangos de Delaware e Pensilvânia.

Nesse cenário, a Swift & Company, terceira maior produtora de carne bovina dos EUA, decidiu na semana passada reduzir a produção em plantas nos estados de Colorado e Nebraska. Tais unidades, que produziam para exportação e mercado interno, suspendem nesta semana um de seus turnos de trabalho. A Swift tentou evitar o fechamento de mercados internacionais por meio da criação de um programa de identificação do gado bovino abatido, mas a estratégia não funcionou.

No fim de janeiro, a Cargill já havia decidido demitir 700 funcionários em cinco fábricas da Excel Corporation, sua unidade de processamento de carnes em Kansas. A companhia é a segunda maior processadora de carnes do país. Empresas médias e pequenas que produziam carne processada exclusivamente para o mercado japonês, um dos que fecharam as portas para os EUA, começaram a demitir e a paralisar fábricas em janeiro.

Em 2003, as exportações americanas de carne bovina alcançaram o recorde de US$ 3,8 bilhões, 21% mais que em 2002. O volume embarcado aumentou 3% e a diferença pode ser explicada, em parte, pela valorização do euro em relação ao dólar, que permitiu a recomposição de margens em mercados nos quais a concorrência é com a carne européia.

Perto desse resultado, a última estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sobre as vendas de carne bovina americana para o exterior equivale a 10% da previsão que antecedeu a descoberta da “vaca louca”. De 1,2 milhão de toneladas, o USDA passou a projetar 100 mil toneladas, menor patamar desde 1980. Os maiores compradores da carne americana são Japão e México. Quarenta países, incluindo os dois, China, Rússia e Brasil suspenderam as importações de carne norte-americana.

Inicialmente, o maior temor dos analistas era de que as empresas que tinham grande parte da produção voltada para exportação tentassem direcioná-la para o mercado interno, derrubando preços de carne bovina e frango. Mas a Swift, com a redução da produção, mostrou que essa não é a única saída.

Entretanto, na bolsa de Chicago, os preços futuros das carnes e animais vivos continuam em queda, comprovando que o mercado acredita que nem todo o ajuste ocorrerá com a redução de produção e que algum efeito deve ocorrer nos preços no mercado interno. A estratégia de redução da produção vem afetando os preços futuros de produtos como soja e derivados, utilizados na alimentação de aves.

Fonte: Valor OnLine (por Tatiana Bautzer), adaptado por Equipe BeefPoint

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