Os preços da carne de frango nos Estados Unidos vem caindo consideravelmente durante as últimas 3 décadas, enquanto que a carne bovina vem se tornando um dos alimentos preferidos dos norte-americanos preocupados com sua saúde, e que desejam acrescentar sabor em suas refeições.
Adicionando a isso a redução do rebanho bovino de corte dos EUA e o aumento da população do país, cuja previsão é de um aumento de mais de 300 milhões dentro de 10 anos, as previsões da Austrália de venda de carne bovina para os EUA estão aumentando bastante.
Essa e outras estatísticas, que foram a base da conversa entre o especialista do setor norte-americano, Len Steiner, que foi a Sidney na semana passada para reunir-se com especialistas australianos, apontaram para uma forte demanda e bons preços para a carne bovina importada pelos EUA. Porém, Steiner lembrou a Austrália deve gerenciar sua cota de exportação de forma adequada, bem como se adaptar às mudanças nas tendências de consumo no mercado norte-americano.
“Eu vejo boas oportunidades para a carne australiana, mas o mercado consumidor dos EUA está crescendo e modificando-se. Se a Austrália não acompanhar isso, poderá perder parte do mercado.” Steiner, que faz parte do Conselho de Importação de Carne da América e tem acordos com várias das maiores vendedoras de carne bovina dos EUA, disse que a Austrália precisa proteger seu pequeno mas lucrativo comércio em crescimento de carne bovina resfriada de qualidade para a América. Ele acredita que essa parte do mercado – que correspondeu a menos de 5% do total das exportações australianas de carne bovina para os EUA no ano passado – é a chave para o crescimento e aumento de lucros futuros.
Por essa razão, é vital que a indústria australiana trabalhe no sentido de solucionar o problema das cotas nos EUA. Dados mostram que as vendas de carne bovina resfriada para os EUA cresceram de menos de 1000 toneladas em 1998 para cerca de 18 mil toneladas no ano passado.
Além disso, Steiner disse que o grande crescimento da reputação da Austrália como um país que fornece carne bovina confiável e de alta qualidade pode ser perdida, a menos que o sistema de cotas garanta vendas regulares. Segundo ele, se a Austrália permanecer com acesso ao mercado dos EUA apenas até o mês de outubro, como aconteceu em 2001 (pois esgotou sua cota anual de exportação nesse mês), terá que investir na conquista dos consumidores de forma bastante violenta quando retornar ao mercado, após 3 meses de afastamento.
Na semana passada, uma Força Tarefa se reuniu em Sidney, e concordou que a Austrália precisa redirecionar seus gastos promocionais dirigindo-os ao mercado dos EUA, a fim de aumentar o valor do comércio de carne bovina resfriada.
Segundo o gerente geral do Meat and Levestock Australia, Mike Hayward, o mercado norte-americano pode representar grandes oportunidades de nicho de mercado para a Austrália, que poderá investir em divulgar sua carne de grande qualidade e excelente sabor. Além disso, ele disse que algumas marcas, como a Hereford Premium, bem como algumas marcas de produtos orgânicos de Queensland, terão grandes chances de obter um aumento nas vendas nos EUA, e receberão um fundo extra de promoção neste mercado.
Além disso, Hayward admitiu que, após um período de crescimento, os preços e as vendas de carne de frango nos EUA começaram a apresentar uma queda. “Os consumidores norte-americanos parecem estar saturados de carne de frango e voltando para a carne bovina, o que é um fator positivo para a Austrália.”
Além disso, a mudança com relação a fatores de saúde, bem como as dietas baseadas em grandes quantidades de proteína e baixa quantidade de carboidratos que estão em moda nos EUA, estão ajudando a carne bovina a reconquistar seu lugar entre um dos alimentos mais vendidos.
Porém, segundo Steiner, uma das maiores mudanças que está ocorrendo nos EUA, e que se torna a principal razão da necessidade da Austrália obter uma relação de confiança com os importadores norte-americanos, foi a mudança da demanda para alimentos mais convenientes, o que torna necessário um fornecimento regular para que se obtenha sucesso.
Recentemente foi publicada uma reportagem no Wall Street Journal que informou que a perspectiva é de que a carne bovina possível de ser preparada no microondas terá um crescimento de cerca de US$ 1 bilhão para a indústria nos próximos anos. Grandes companhias do país, como a IBP e a Hormel, já investiram em campanhas milionárias para promover produtos pré-cozidos, que os consumidores podem preparar em 4 ou 5 minutos.
Segundo a National Cattlemen’s Beef Association (NCBA), esse crescimento na indústria pode ser evidenciado pelo lançamento de 474 novos produtos derivados de carne bovina no ano passado, contra 70 apenas lançado em 1997.
Steiner disse que os norte-americanos estão “abandonando a carne fresca” em favor da carne pré-cozida, e a Austrália terá que investir nisso, ou corre o risco de perder parte do mercado.
Fonte: MeatPoultry.com (por Jenny Kelly), adaptado por Equipe BeefPoint