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Argentina tem recuperação do setor de carnes em 2003

Após a retração ocorrida devido ao ressurgimento na Argentina de febre aftosa, a atividade frigorífica do país em 2003 começou uma fase de recuperação. Esta tendência se acentuou na segunda metade do ano e, como conseqüência imediata, o abate de bovinos aumentou em 7%.

No entanto, estes dados continuam abaixo dos níveis dos anos de 1999 e 2000, de acordo com um levantamento divulgado pelo Argentine Beef Consortium (ABC), que engloba mais de 90% dos frigoríficos exportadores de carnes da Argentina.

Durante o ano passado foram observados novos sinais do potencial da indústria frigorífica exportadora nacional, já que se conseguiu expandir as exportações e o consumo de carne bovina no país. No entanto, para se obter a consolidação deste processo o país dependerá, em primeiro lugar, da recuperação de seu status sanitário no próximo mês de março.

Por outro lado, é extremamente importante aumentar os esforços para manter os mercados recuperados, assim como remover as barreiras que limitam o acesso a uma parte substancial do comércio mundial de carne bovina.

Diversas mudanças

Segundo o informe apresentado pelo ABC, a produção de carne bovina cresceu a uma taxa inferior à taxa de crescimento da produção de bovinos, devido ao menor peso médio dos animais abatidos. Além disso, a composição da oferta pecuária se caracterizou por uma menor participação de novilhos, que caíram 30,7% com relação ao total abatido comparando-se com o ano de 2001, quando o surgimento de aftosa no país gerou o fechamento de muitos estabelecimentos exportadores. Como contrapartida foi observado o aumento do abate de fêmeas.

A recuperação da oferta de carne bovina na Argentina permitiu uma melhora tanto nas exportações como no consumo doméstico durante o ano de 2003. Por outro lado, a estabilidade relativa registrada nos preços dos cortes de carne bovina no varejo e a melhora da economia em seu conjunto, durante 2003, sustentaram uma recomposição do consumo de carne bovina ao longo do ano passado.

Desta forma, os operadores, que não sofreram com o aumento do gado em pé registrado em 2002, viram uma melhora em suas margens devido à queda nas cotações dos animais vivos ocorrida desde o início de 2003.

Além disso, o consumo per capita do produto (61,2 quilos) aumentou levemente. Segundo o informe, foi registrado um aumento de 3% com relação ao ano anterior.

Por outro lado, o ABC informou que se a Argentina tivesse podido operar em um mercado unificado teria aproveitado a excelente conjuntura que favoreceu as exportações dos Estados Unidos, da Austrália e da Nova Zelândia. Caso o país tivesse tido esta oportunidade poderia ter obtido um faturamento adicional de aproximadamente US$ 400 milhões, que teriam sido distribuídos para toda a cadeia de produção. Em 2003, se mantive uma grande concentração das exportações à UE, segundo o ABC.

A situação sanitária argentina sofreu um novo revés em setembro do ano passado, quando um foco de aftosa na região de Tartagal disparou novas medidas restritivas. A mais importante foi a perda do mercado chileno que, nos sete meses em que esteve plenamente operacional, se tornou o terceiro destino do ano passado.

Durante 2003, o mercado mundial de carnes foi afetado pela confirmação do primeiro caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) na América do Norte e com a interrupção da corrente comercial entre os Estados Unidos e seu principal fornecedor, o Canadá.

Paralelamente, na Europa, observou-se uma melhora na demanda de carne bovina após a segunda crise de EEB ocorrida em outubro de 2000. Esta situação levou à redução de seus excedentes exportáveis e ao estabelecimento de outros destinos com valores subsidiados.

Diante deste cenário, a Argentina foi novamente fornecedora de mercados como Argélia, Rússia, Egito e Bulgária.

Fonte: El Litoral, adaptado por Equipe BeefPoint

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