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5 de março de 2002
PR: Associação consegue melhor preço e já conta com rastreabilidade
7 de março de 2002

Frigoríficos do Paraná não abatem e pode faltar carne

Bastou ser deflagrada a greve dos servidores da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, na segunda-feira, e os transtornos já começaram a ser sentidos. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindicarne), Péricles Salazar, por dia quatro mil bois deixam de ser abatidos no Estado por falta da guia de trânsito. Em dois dias de paralisação, o prejuízo estimado é de R$ 6,5 milhões. “Além de não abater, o mercado está abrindo para os clandestinos e pode ocorrer desabastecimento”, alertou.

No Estado, são vinte abatedouros com inspeção federal, mais seis com inspeção estadual, outros com inspeção municipal e ainda há os clandestinos, que não são afetados porque não têm veterinários de inspeção. Diversas empresas ligaram, desde o primeiro dia da greve, para o Sindicarne, avisando que estavam com o boi na “mangueira”, ou seja, só esperando a autorização para o abate. “Espero que termine o quanto antes, pois sem fiscalização a vigilância epidemiológica fica afetada e há risco de reaparecimento da febre aftosa”.

Somente a falta de inspeção da qualidade dos produtos de origem animal em frigoríficos, e de fiscalização do trânsito estadual e interestadual de animais e produtos de origem animal, prejudicam o trabalho do setor no controle de doenças, como a própria febre aftosa.

Para Salazar, o governo deveria adotar um nível maior de diálogo com as lideranças para evitar o que está acontecendo no setor agropecuário. “O pecado do governo está em ficar recluso no Palácio e nas secretarias sem dialogar e as greves acabam sendo deflagradas”, analisou. Ele reconhece que o governo tem dificuldades orçamentárias para atender as reivindicações de todos os setores, mas “não pode se movimentar somente depois que acontecem as greves”.

No caso da greve de servidores da Seab, que ocorrem há quase sete anos sem revisão anual dos salários, as tentativas de negociação com o governo vinham ocorrendo desde de dezembro do ano passado, mas todas fracassaram. E conforme dados dos Sindi/Seab, Sindivet e Senge, 98% dos 700 servidores da Secretaria aderiram ao movimento. A perda salarial, de agosto de 1995 até fevereiro deste ano, de acordo com o Dieese, é de 64,87%.

Liminar garante trânsito

O juiz da 2ª Vara Cível de Paranavaí, Marcelo Teixeira Augusto, concedeu liminar autorizando a entrada, saída e transporte de animais inscritos na 31ª Expoparanavaí, que está sendo realizada no Parque de Exposição Arthur da Costa e Silva. O trânsito dos animais estava ameaçado com a greve dos servidores da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), que começou na última segunda-feira.

Conforme a liminar, os animais podem ser transportados ‘‘independentemente’’ do atestado de vacinação fornecido pela Secretaria de Agricultura, mas serão inspecionados por quatro médicos veterinários credenciados junto à Seab, que ficarão responsáveis pela expedição de todos os documentos necessários.

De acordo com o presidente da Sociedade Rural de Paranavaí, Marcel Thuronyi, a liminar foi fundamental para garantir os próximos leilões da Expoparanavaí. Segundo ele, a greve dos servidores da Seab criou uma expectativa negativa, já que muitos pecuaristas ficaram inseguros em participar do evento. ‘‘Antes da liminar os compradores não sabiam se poderiam comprar os animais em exposição e depois transportá-los. Tudo agora acabou’’, desabafou.

Fonte: Paraná On Line (por Joseane Martins) e Folha de Londrina (por Lucinéia Parra), adaptado por Equipe BeefPoint

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