Os fiscais agropecuários federias concederam uma trégua, e o mercado físico do boi gordo voltou a trabalhar em ritmo quase normal. Quase, e não totalmente normal, porque ainda tem muito “pepino” pela frente. Quando resolve um, aparece outro.
No Paraná tem rodovia fechada por caminhoneiros e porto que não funciona. Em Minas Gerais foram os fiscais do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) que resolveram cruzar os braços, impedindo a emissão de GTAs (Guias de Transporte Animal).
E mais. Como existe a chance da fiscalização federal parar de novo a partir do início da próxima semana (ainda que as negociações estejam adiantadas), tem muita indústria trabalhando com capacidade reduzida, esperando uma solução definitiva para o impasse. É válido lembrar que somente o setor de carnes deixou de faturar, de forma direta, US$100,00 milhões durante a greve.
O clima também prega algumas peças. No Sul do país a seca obriga o produtor a vender e prejudica o comércio de animais para reposição, deixando o mercado ofertado. Já no Norte do país, sobretudo Pará, a chuva atrapalha o embarque e o transporte de animais, levando à redução dos abates diários.
Em geral, o que se observa é uma demanda bastante elevada por animais rastreados. Primeiro, porque as vendas externas seguem a todo vapor. Depois, os frigoríficos correm para recompensar os clientes que foram prejudicados pela paralisação dos embarques.
No Mato Grosso do Sul chegaram a ser registradas correções positivas para o gado cadastrado no SISBOV (gráfico). Como alguns frigoríficos reajustaram somente as cotações dos animais rastreados, o deságio na compra de gado não rastreado chegou, em alguns casos, a R$3,00/@.
O atacado voltou a trabalhar em alta. A retomada das exportações diminuiu a pressão no mercado doméstico, que vivia sob o temor de um aumento de oferta. Além do mais, as vendas melhoraram um pouco (preços convidativos).
Para o boi gordo, no curto prazo, a tendência seria de preços estáveis, sempre pontuando melhores negócios para o gado rastreado. Contudo, os entraves constantes (greves) deixam um certo clima de incerteza no ar.