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25 de março de 2002

Boi cruzado continua gerando polêmica em Goiás

A Associação Brasileira de Criadores de Girolando (ABCG), com sede em Uberaba (MG), protestou contra declarações do presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado de Goiás (Sindicarne), José Magno Pato, justificando a depreciação do boi cruzado da raça holandesa, em relação ao boi das raças específicas para corte. A crise veio à tona há cerca de dois meses, quando os frigoríficos goianos passaram a recusar oferta de boi cruzado ou pagá-lo a preço de vaca (R$ 3,00 a R$ 4,00 a menos por arroba, em relação ao boi das raças de corte).

Respondendo aos protestos dos produtores, o presidente do Sindicarne argumentou que os frigoríficos são obrigados a diferenciar os preços dos dois tipos de animais, tendo em vista que o boi cruzado não apresenta o mesmo rendimento de carcaça e nem o sabor e a conformação ideal de cortes, principalmente frente às exigências do mercado internacional. O diretor da ABCG, Djalma Tiveron, admite que o rendimento de carcaça do boi cruzado é um pouco menor que o das raças especializadas para corte, mas discorda de Magno Pato em relação ao sabor da carne.

“Causa espanto a declaração do presidente do Sindicarne de Goiás, um homem que considero entre os de maior conhecimento do setor”, diz Tiveron. Ele assegura que a carne do boi cruzado foi considerada a mais saborosa, em uma análise sensorial comparativa realizada com produto de diversas raças, por uma escola de zootecnia de Minas Gerais. “O que existe é uma propaganda para desvalorizar deliberadamente o boi cruzado, em benefício da valorização do boi de corte, especialmente do nelore”, protesta.

Magno Pato esclarece, entretanto, que não se referiu ao sabor intrínseco da carne de qualquer boi cruzado, mas à do boi que efetivamente chega aos frigoríficos goianos, em geral um animal inteiro (não-castrado) e de idade muito superior à ideal para abate.

Mais contemporizador, o presidente da ABCG, Renato da Cunha Oliveira, acha que é preciso definir bem o objeto da apreciação, para que o debate não seja desvirtuado, com as partes falando de coisas distintas. “Quando nos referimos ao boi cruzado, temos em mente o produto do cruzamento das raças gir e holandesa, em que o ideal é um animal de sangue cinco oitavos holandês”, diz. Segundo ele, como esse animal apresenta dupla aptidão (leite e carne), oferece um rendimento de carcaça muito próximo da do nelore e nenhuma diferença substantiva em relação ao sabor.

Fonte: O Popular/ GO, adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Rogério Trevisoli disse:

    Não concordo com os frigoríficos, pois eles estão generalizando. Concordo que existem bois cruzados com baixo rendimento e baixa maciez de carne, como certos animais anelorados também. Devemos sim, exigir a implantação de uma tipificação de carcaça coerente com as nossas condições e não a indiscriminada recusa de animais. O que está acontecendo mostra mais uma vez que o setor que tem uma melhor organização impõe suas forças perante uma classe em início de união. Somente com entidades fortes, representativas e comprometidas com a classe é que deixaremos de perder dinheiro e seremos mais reconhecidos.