A comercialização de doses de sêmen no País cresceu 19% em 2001, segundo levantamento da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). O bom desempenho do setor foi favorecido pelas vendas de sêmen de gado de corte, que alcançaram crescimento 37%. No ano passado o Brasil comercializou 6,87 milhões de doses, sendo 63% disto de gado de corte, com destaque para a raça nelore.
Depois de dois anos na liderança das vendas, o red angus perdeu a colocação para o gado nelore. Em 2001 foram 1,2 milhão doses de sêmen desta raça, o que representa 28,67% do total comercialização (incluindo importado e nacional). As vendas foram 63% superiores às registradas em 2000. “O resultado reflete o aumento de vendas de carnes”, afirma o presidente da Asbia, Donário Lopes de Almeida.
Considerando-se também o nelore mocho, a liderança da raça é ainda mais acentuada, ou seja, 1,2 milhão mais 330 mil doses de sêmen. Para o dirigente tal desempenho deve-se à mudança nos programas de seleção das raças. Segundo ele, os pecuaristas estão buscando melhorar a raça nelore para depois fazer o cruzamento com raças européias. “O que se quer hoje é melhorar o rebanho base para depois tirar vantagem do cruzamento industrial”, argumenta.
Não existe ranking de vendas por estados, mas, de acordo com os levantamentos da Asbia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul são os maiores compradores de doses de sêmen de gado de corte. Segundo ele, a comercialização é proporcional ao tamanho do rebanho e também à tecnificação do produtor.
O uso crescente da técnica se deve à vantagem do método proporcionar o rápido melhoramento genético dos rebanhos de corte e leite, oferecendo a oportunidade de aumento de produtividade com custos menores e redução da disseminação de doenças reprodutivas. Para Almeida, a inseminação artificial é uma ferramenta eficaz na elevação dos níveis de produtividade em rebanhos de corte e leite.
Opinião semelhante tem o criador Luiz Mário Silvério de Souza, de Sidrolândia (MS). Há quatro anos ele utiliza a técnica da inseminação artificial, tendo como base o gado nelore. “É mais adequado ao clima do Cerrado”, afirma. Segundo o produtor, sem a inseminação, ele não acompanharia o mercado, pois, pela monta natural, o melhoramento genético é mais demorado e há ainda uma escassez de touros selecionados. “Além disso, é mais caro comprar o touro do que o sêmen”, destaca.
No segmento de leite, apesar da crise enfrentada ao longo do ano e depois de vários anos de queda de venda, houve retomada de crescimento da ordem de 5%. Para Almeida, o pecuarista leiteiro percebeu que não adiantava adiar o investimento em genética, como fazia há dois anos, porque depois que a crise passasse, o custo seria alto, pensando-se em longo prazo. Por isso acabou investindo em inseminação no ano passado, mesmo com os baixos preços que afetaram o setor.
Entre as raças de leite destaca-se a holandesa, que detém 66,73% da participação das vendas de doses de sêmen, com 1,6 milhão de unidades, seguido pela jersey (14,60%). Neste segmento, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo são os maiores compradores de doses.
No total das vendas, houve maior procura por sêmen nacional do que importado. Das 6,8 milhões doses, 66,51% foram de sêmen nacional, cujo crescimento nas vendas foi de 53,36%. O restante foi importado, com comercialização 11,9% inferior a 2000. A venda de sêmen nacional é maior para o gado de corte, que responde por 62,94% do total comercializado. Almeida explica que o produtor de leite procura animais “provados” e, como no Brasil não há prova que faça um ranking dos melhores, precisa usar o melhoramento genético estrangeiro.
Fonte: Gazeta Mercantil e ASBIA, adaptado por Equipe BeefPoint