A pecuária de corte fecha o primeiro trimestre com custos em alta e preços em baixa, com a manutenção da perda de margem para o pecuarista. A situação não é mais grave para os de recria e engorda, porque o preço do bezerro caiu 1,09% na média geral, enquanto os demais insumos tiveram elevação generalizada em praticamente todas as regiões.
Os Custos Operacionais Efetivos (COE) têm apresentado comportamento próximo da estabilidade. Os medicamentos em geral e de controle parasitário, sal mineral e vacinas, que representam cerca de 22% dos custos, respondem de formas distintas entre as regiões: algumas em alta, como no caso dos medicamentos em Minas Gerais, reajustados em de mais de 4%; e outras em queda, como em São Paulo, com declínio de 1,12% também para os medicamento. Vale destacar que o comportamento dos preços desses produtos segue a lógica esperada: a alta de alguns compensa a perda de outros, mantendo os custos operacionais estáveis.
A análise de custos deve atentar para o aumento da mão-de-obra, definido em maio, pela lei do salário mínimo, cujo item representa 20% do Custo Operacional Total (COT) e 27% do COE. Embora em todas as regiões da pesquisa, o trabalhador ganhe entre R$ 350,00 e R$ 900,00 mensais, existe uma forte indexação entre os salários pagos na atividade e o salário mínimo, que em caso de alta acentuada elevará ainda mais os custos da atividade.
Os impactos da evolução dos preços dos insumos sobre o COT são diferentes e tiveram altas generalizadas, inflacionando os custos do segmento. Se não houver elevação de preços pagos ao produtor ou aumento de produtividade, o pecuarista perde margem, podendo até ser excluído da atividade a médio ou longo prazos. Aliás, produzir mais, com os mesmos insumos, maximizando sua utilidade, tem sido uma prática comum no setor nos últimos anos. A idade de abate caiu de 48 meses, na primeira metade da década passada, para 30, ganho que pode ser estendido a outros indicadores, como partos por fêmeas, taxa de ocupação de pastagens e rendimentos de carcaça.
Tal desempenho é fruto do uso mais intensivo de insumos por todos os agentes da pecuária. Entre 1994 e 2003, o segmento expandiu em 45% a sua participação no consumo de insumos não-agrícolas no País, segundo a pesquisa CNA/Cepea-USP (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil/Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo) sobre o PIB do agronegócio. A participação da produção pecuária vendida (dentro da porteira) cresceu apenas 2,6% no PIB agro de 94 a 2003.
A manutenção desse cenário depende da capacidade do setor de sustentar a taxa de investimento dos últimos anos, que poderá ser afetada pela alta dos custos bem acima dos patamares da arroba. O principal prejuízo para a pecuária será a perda da eficiência conquistada passo a passo.
Fonte: Indicadores Pecuários CNA, adaptado por Equipe BeefPoint