O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, embaixador Sergio Amaral, disse hoje que o governo está disposto a renegociar as barreiras antidumping aplicadas pelo Brasil a produtos chineses. Segundo ele, o assunto pode ser tratado a partir do próximo dia 1o , quando Amaral estará na China, com uma comitiva de cerca de 120 empresários, para divulgar os produtos brasileiros e propor parcerias entre as empresas dos dois países, visando o aumento do comércio bilateral.
“Com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), estaremos dispostos a fazer uma revisão das medidas antidumping”, afirmou o ministro. De acordo com ele, atualmente há 11 medidas antidumping em vigor, aplicadas pelo Brasil a produtos chineses.
A missão brasileira é a maior já realizada em todo o período em que Amaral está à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O objetivo é, principalmente, criar possibilidades para a ampliação do mercado e de grupos brasileiros na China. Segundo o ministro, apesar de o comércio com a China ter crescido cerca de 75% no ano passado, a presença brasileira naquele país ainda é pequena.
Uma das propostas para a ampliação desse intercâmbio comercial é a de empresas brasileiras investirem na produção e na distribuição de mercadorias em parcerias com empresários chineses. Uma das novidades é que o governo brasileiro anuncia o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com linhas de financiamento específicas, para empresas brasileiras que queiram instalar-se no mercado chinês, seguindo orientação de expandir as vendas de produtos de maior valor agregado, conforme explicou Amaral.
O apoio destina-se basicamente a pequenas e médias empresas e, para isto, o banco assinou há pouco mais de dez dias documento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que vai lhe garantir um empréstimo de US$ 900 milhões para o apoio a este segmento econômico.
No ano passado, o Brasil teve superávit de US$ 573,9 milhões com a China, com exportações de US$ 1,902 bilhão e importações de US$ 1,328 bilhão. Houve aumento de 75,27% nos negócios. “Há espaço para crescer mais”, disse Amaral.
Os produtos visados pelos exportadores brasileiros vão desde a soja até aviões, passando por café, ônibus, álcool, fármacos e serviços. Com a entrada da China na OMC, o país reduziu tarifas e quotas de diversos produtos de interesse do Brasil. Entre eles estão carne bovina e de frango, café em grão, café solúvel, soja em grão e óleo de soja, além de máquinas, equipamentos e peças para o setor automotivo.
A tarifa da carne bovina, por exemplo, foi reduzida de 39% em 2001 para 31,8% em 2002, devendo cair para 12% até 2004.
O ministro explicou que o resultado dessas missões não virá a curto prazo. “Mas a conquista de mercados novos, embora leve algum tempo para sua maturação, é fundamental para ampliar as exportações”, comentou. “A missão é uma oportunidade para empresários dos dois lados conhecerem as oportunidades que existem, mas leva algum tempo até que as negociações sejam concluídas”, mencionou Amaral.
Fonte: MDIC (por Mariana Pereira e Gustavo Gantois), O Estado de São Paulo e Gazeta Mercantil (por Paulo Paiva), adaptado por Equipe BeefPoint