Substituição de milho por resíduos de panificação em dietas de bovinos confinados

No processo de fabricação de pães, biscoitos e bolos são geradas grandes quantidades de resíduos, oriundos de recortes da massa, descarte de chão, excesso ou falta de cozimento e padronização nos tamanhos do produto. O resíduo de panificação é formado pela mistura dos diversos resíduos originados na indústria, que após separação mecânica de substâncias indesejáveis, trituração e desidratação até aproximadamente 6% de umidade, podem ser usados na alimentação animal. Na nutrição de bovinos, o resíduo de panificação é classificado como alimento energético, devido à alta concentração de carboidratos solúveis presentes. Grandes diferenças são observadas na composição química dos resíduos de panificação utilizados na nutrição animal, principalmente devido ao produto que originou o resíduo. Por esse motivo, é necessário avaliar a composição química dos resíduos a cada partida antes da formulação das dietas aos animais.

Devido às características citadas acima, o resíduo de panificação pode ser um excelente ingrediente a ser utilizado em substituição aos concentrados energéticos na dieta de bovinos de corte, principalmente o milho, permitindo redução nos custos de alimentação. Milton & Brandt (1993) não observaram diferenças no desempenho de bovinos de corte em terminação, com a substituição de 30% da matéria seca (MS) do milho na dieta por resíduos de panificação.

Passini et al., (2001) avaliaram o efeito da substituição de 10, 20 e 30% da MS do milho por resíduos de panificação sobre desempenho, consumo de matéria seca e conversão alimentar. Os autores utilizaram bezerros com aproximadamente 4 meses de idade confinados, que foram avaliados por 120 dias, Foram utilizados resíduos da indústria de biscoitos com a composição química descrita na tabela 1.

As dietas foram formuladas com a utilização de fubá de milho, farelo de trigo, farelo de soja e feno de coast-cross (Cynodon dactilon), além do resíduo de panificação. Os concentrados e volumosos foram homogeneizados e peletizados para certificação da composição de cada dieta experimental. As formulação das dietas com 10, 20 ou 30% de resíduo de panificação são descritas na tabela 2.

Não foram observadas diferenças na ingestão de matéria seca devido à substituição do milho por resíduos de panificação, mesmo havendo aumento na quantidade de extrato etéreo da dieta (tabela 3). Também não foram observadas diferenças em desempenho dos animais e na conversão alimentar, com a substituição do milho por resíduos de panificação em até 30% do concentrado (tabela 4).

O aumento no consumo de alimentos observado com a inclusão de resíduos de panificação não foi estatisticamente significativo, podendo esse fato ser explicado devido ao aumento da palatabilidade da dieta com a inclusão de resíduos.

Em dietas para bovinos de corte, a substituição do milho ou outras fontes de concentrado energético por resíduos de panificação, em até 30%, possibilitam a diminuição do custo da dieta sem alterar o consumo de matéria seca, ganho de peso e conversão alimentar. É importante ressaltar as diferentes composições dos resíduos de panificação, dependendo da origem do mesmo, devendo-se proceder análises laboratoriais para avaliação de sua composição química antes da inclusão desses na dieta.

Referências bibliográficas

MILTON, C.T.; BRANDT, R.T. Utilization of dried bakery product by finishing beef steers. Cattlemen’s Day. Kentucky, v. 1, p. 104-106, 1993.

PASSINI, R.; SPERS, A.; LUCCI, C.S. Efeitos da substituição parcial do milho na dieta pelo resíduo de panificação sobre o desempenho de novilhos da raça Holandesa. Pesq. Agrop. Bras. v. 36, n. 4, p. 689-694, 2001.