A implantação da balança do produtor em frigoríficos foi tema de reunião ocorrida na noite da última segunda-feira (17/5), no auditório do SRCG (Sindicato Rural de Campo Grande). Na ocasião, o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Laucídio Coelho, chegou a comentar que o maior problema não está concentrado nem na pesagem e sim na matança, onde se chega a perder uma arroba por animal, ou seja, quase 6% do produto.
A abertura do evento foi feita pelo presidente do Sindicato Rural de Alto Noroeste, sediado em Araçatuba (SP), Fernando Aguiar. Ele explicou todo o processo até a implantação da balança do produtor, que levou dois anos, e disse que os 60 dias de funcionamento já proporcionaram transparência na relação entre produtor e frigorífico.
Aguiar disse que a discussão era antiga e até que se chegasse à balança outras alternativas foram cogitadas. Primeiro a possibilidade da venda pelo peso vivo, mas o produtor disse que não há movimento forte da classe para que isso se realize e se pressione as indústrias a comprar no campo. Além disso, ponderou que é difícil para o comprador aferir os pesos na fazenda, sem ter o acompanhamento do animal. Outra possibilidade foi de aferição por autarquia ligada ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia), mas esbarrou na falta de estrutura do órgão.
Por sugestão do presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, Aguiar decidiu conhecer o sistema da balança do produtor, implantada em Goiás e então a levou para a Faesp (Federaçãoda Agricultura do Estado de São Paulo), que assumiu os custos da balança, em torno de R$ 10 mil cada, enquanto o Sindicato cuida da manutenção.
Hoje o Friboi, Bertin e Frigoalta, que juntos abatem 60 mil animais ao mês, já têm a balança paralela. O diretor de compras do Friboi, Artêmio Listoni, afirmou que o sistema é um ponto de partida para melhoramento da relação do produtor e frigorífico. “A situação era muito desconfortável para quem explicava e quem reclamava”, diz.
O presidente da Acrissul, Laucídio Coelho, questionou, porém, o problema que está ligado aos padrões de matança, a cada ano reduzindo mais o aproveitamento da carcaça. Ele disse que a questão de distorção no preço geralmente é problema com os frigoríficos de pequeno porte e, a partir do momento em que houver a balança paralela, do produtor, pode haver uma “compensação” no momento da limpeza. Há alguns anos, afirmou, o rendimento era de 57% a 58% e hoje, quando muito, chega a 54%. “Estaremos dando aval a esse trabalho dos frigoríficos”, disse. Para ele, é preciso caminhar para a venda do animal pelo peso vivo.
Fonte: Sindicato Rural de Campo Grande/MS, adaptado por Equipe BeefPoint