Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que entre os tipos de alimentos consumidos pelas famílias brasileiras, considerando apenas a alimentação no domicílio, o grupo de Carnes, vísceras e pescados é o que mais pesa nas despesas (18,34%), seguido de Leites e derivados (11,94%), Panificados (10,92%) e Cereais, leguminosas e oleaginosas (10,36%).
A região Norte é a que possui o maior percentual de despesa com Carnes, vísceras e pescados, 26,30%, contra 16,47% do Sudeste, o mais baixo percentual.
Uma comparação entre a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2002/2003 e as anteriores (de 1987/88 e 1995/96), considerando apenas cinco regiões metropolitanas (Belém, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), revela que, de um modo geral, aumentaram as participações dos itens Panificados e Bebidas e infusões no total da despesa com alimentação no domicílio; por outro lado, diminuíram as participações de Carnes, vísceras e pescados, Leites e derivados, Açúcares e derivados e Frutas.
Comparando-se os tipos de produtos consumidos nas duas classes extremas de rendimento mensal familiar, observa-se que a classe alta (mais de R$ 4.000) gasta um percentual maior de sua despesa total de alimentação com itens como: Frutas (3,54%, contra 2,44% da classe de até R$ 400); Leites e derivados (9,21% contra 7,72%), com destaque para queijos (2,67% contra 0,42%); azeite de oliva (0,45% contra 0,05%); refrigerantes (2,44% contra 1,34%) e bebidas alcoólicas (2,61% contra 0,53%); Enlatados e conservas (0,90% contra 0,41%), destacando-se maionese (0,25% contra 0,11%); e Alimentos Preparados (2,56% contra 0,81%).
No item carne de boi, a classe mais alta tem um gasto maior com carne de primeira (3,93% contra 2,43% da mais baixa), enquanto a classe de renda mais baixa gasta um percentual maior com carne de segunda (4,47% contra 1,06% da mais alta). Até a faixa de rendimento mensal familiar de R$ 1.000, os percentuais empregados são sempre maiores para a carne de segunda.
Segundo informações de dez das principais regiões metropolitanas do País, o brasileiro comia 16,2 kg de carne bovina em 1974-1975 no domicílio. A cifra caiu para 14,6 kg em 2002-2003, um recuo de 9,9%. Em 1995-1996, no auge do Plano Real, eram 20,8 kg. Na comparação com 2002-2003, a queda é de 29,8%.
Para o técnico do IBGE, Edílson Nascimento da Silva, três fatores explicam a redução do consumo de carnes: o recuo da renda nos últimos anos, o aumento do uso de alimentos já preparados e a propagação da refeição fora do lar. Em 2002-2003 o rendimento total nas principais regiões metropolitanas do País teve queda de 18% ante 1995-1996.
As maiores aquisições de carne bovina ocorrem nas regiões Sul e Norte (21,2kg em ambas) e as menores, no Nordeste e Sudeste (14,2 kg em ambas), enquanto o consumo no Centro-Oeste (17,6 kg) aproxima-se da média nacional (16 kg). Por unidade da federação, as maiores aquisições de carne bovina foram verificadas em Rondônia (27,2 kg) e Rio Grande do Sul (26,1 kg) e as menores, na Paraíba (10,2 kg) e Ceará (11,3 kg).
Fonte: IBGE e Folha de S.Paulo (Pedro Soares), adaptado por Equipe BeefPoint