Devido ao caso de aftosa no Pará, o secretário estadual da Agricultura, Moacir Sopelsa, criticou a postura do governo federal de não cobrar das demais unidades da Federação um controle mais rigoroso na inspeção sanitária, como ocorre em Santa Catarina. No entanto, o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc) e da Cooperativa Central Oeste Catarinense (Aurora), José Zeferino Pedrozo, acredita que a situação deve ser esclarecida ainda nesta semana.
“Tem que haver mais investimentos nessa área para que se exija uma postura mais dura no controle da saúde animal, a exemplo do que ocorre aqui. O País tem que fiscalizar a suas fronteiras. É inadmissível o Brasil continuar com esses riscos e comprometer toda a economia”, reclamou Solpesa.
Pedroso, acredita que o cancelamento das importações seja revertido o mais breve possível. “O Ministério da Agricultura deve esclarecer esse caso logo. Não há porque parar toda a importação devido a um problema ocorrido num estado que nem é exportador de carne (no caso o Pará)”, analisou, apostando que houve confusão na interpretação do episódio pelos russos, que podem ter confundido o Pará com o Paraná.
Ele destaca que, além da distância em relação a Santa Catarina, de 3,5 mil quilômetros, o Estado paraense não é considerada zona livre de aftosa. Portanto, um foco no Norte não deveria afetar a região Sul, que pertence a outro circuito pecuário.
O empresário está preocupado com o custo que os frigoríficos terão com a paralisação das exportações de carne para a Rússia. Segundo ele, as empresas que possuem mercadoria aguardando embarque nos portos terão que investir no aluguel de câmaras frias para manter a qualidade dos alimentos. “A capacidade de armazenagem é limitada. Quando mais dias demorar esse embargo, maior o custo”, comentou.
O secretário geral da Faesc, Enori Barbieri, avalia a postura russa como prejudicial para a abertura de novos mercados. Para ele, o fato revela que o Brasil continua frágil no controle sanitário, que é hoje o principal item observado para motivar as exportações. “Isso gera desconfiança ao importador”, comenta.
O veterinário da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Jarbas Oliveira, trabalhou durante quase dois anos no Pará. Ele foi cedido pelo governo para auxiliar os paraenses na implantação de um sistema de controle sanitário, mas devido ao tamanho geográfico do Estado, o trabalho continua lento e a falta de estrutura técnica é um fator prejudicial na melhoria do atendimento.
Oliveira disse que Santa Catarina não corre risco de ser atingida pela doença. “O Pará é considerado área com risco desconhecido e a comercialização de carnes só deve ocorrer naquela região”, explicou. Mesmo assim, a postura da Cidasc é manter em alerta o controle sanitário existente nas 43 barreiras fixas situadas nas divisas do Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina.
Fonte: Diário Catarinense (Diego Rosa e Darci Debona), adaptado por Equipe BeefPoint