Não se confirmou ainda a informação prestada anteontem (23/06) pelo conselheiro da embaixada russa em Brasília, Alexey Labetsky, ao ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Linneu Costa Lima, de que a suspensão do embargo às carnes brasileiras seria anunciada ontem (24/06). Labetsky afirmou ontem pela manhã que o governo russo tinha solicitado, junto à embaixada brasileira em Moscou, informações complementares sobre o foco de aftosa no Brasil.
A conselheira Kátia Gilabert, responsável pela área agrícola da embaixada brasileira em Moscou, disse ao ministro interino não ter recebido, até às 19h da Rússia (12 horas em Brasília), o pedido das autoridades russas.
Hoje, Costa Lima conversará com o primeiro-vice-ministro da Agricultura da Rússia, Sergei Dankvert, para esclarecer o caso.
O presidente em exercício, José Alencar, afirmou que o foco de aftosa é “um caso isolado que está sendo visto seriamente pelo governo, mas não há nenhum risco de contaminação”, disse.
Juan Luís Ucelli, presidente da Associação Argentina de Produtos Suínos, apoiou o embargo. “É o mínimo que se podia fazer. O Brasil nos fechou a fronteira de Tartagal em 2003”, enfatizou, acrescentando que, dessa forma, a Argentina se fortalece junto ao Mercosul.
Costa Lima, informou que o secretário da Agricultura da Argentina, Miguel Campos, afirmou, durante contato telefônico, ter determinado ao Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) a análise imediata dos documentos relativos à descoberta de um foco de febre aftosa no Pará, divulgado na quinta-feira passada (17/06).
O ministro interino do Brasil disse ter recebido de Campos a informação de que a divulgação equivocada pela imprensa argentina sobre o caso de aftosa no Brasil, confundindo o estado do Pará (Norte) com o estado do Paraná (Sul), contribuiu para sua decisão de suspender as importações de carne brasileira.
A Rússia blefa ao proibir importações de carne do Brasil, alegando a existência de um foco de febre aftosa no Pará. Essa é a opinião de exportadores e representantes de entidades ligadas ao setor. A proibição russa deve afetar mais o setor de carnes suínas que o de gado bovino. “Quando você começa a aparecer, pode se preocupar que irão começar os ataques”, define a gerente de comercialização da multinacional holandesa Teeuwissen Mercosul, exportadora de alimentos, Irene Batista Monteiro.
Segundo ela, o Brasil tem que se preocupar, “daqui para frente”, com as medidas tomadas pelos russos. “É simples, o Brasil hoje é competitivo. E em um mercado internacional bastante vendedor, a briga vai ser de foice por mercados”, afirma.
Segundo dados, alguns frigoríficos brasileiros já conseguiram recolocar a carne bovina barrada pela Rússia em outros mercados. Carregamentos de carne suína, no entanto, estão armazenados em portos e com custos de “logística”, de acordo com Péricles Salazar, do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Paraná.
Fonte: Mapa e Folha de S.Paulo (José Maschio), adaptado por Equipe BeefPoint