6o Leilão CV oferta 170 animais
1 de julho de 2004
O papel da carne bovina numa dieta saudável
5 de julho de 2004

A viabilidade da biotecnologia de produção de clones por transferência de núcleo

A história da biotecnologia da reprodução acontece, no campo, como uma sucessão de eventos bastante organizados e pesquisados, de maneira que uma técnica dá suporte à outra. A Inseminação Artificial favoreceu ao desenvolvimento de técnicas que possibilitaram ultrapassar a barreira da cervix ou colo do útero para a deposição dos gametas.

Este desenvolvimento, a posteriori, permitiu a evolução da técnica de colheita de embriões e transferência que, juntas, favoreceram o estabelecimento da Fertilização in vitro. É obvio que a ciência está sempre um passo adiante do que acontece comercialmente e os sistemas de produção de embriões in vitro são oportunidades para o desenvolvimento de animais por transferência de núcleo (clonagem).


Foto: Enucleação

Mas como andam os trabalhos de transferência de núcleo?

Muitos avanços vêm acontecendo nesta área, particularmente depois da divulgação dos resultados obtidos pelo Instituto Roslin. Pesquisadores desse instituto desenvolveram depois de anos de trabalho um animal a partir de clonagem utilizando uma célula somática de um animal adulto.

O nascimento da ovelha Doly mudou um paradigma da ciência mostrando que núcleos diferenciados tinham o potencial de voltar a formar um indivíduo desde que em condições muito específicas. Desde então, muito vem sendo feito e a ciência vive um efeito da Dolymania que gerou um aumento muito grande em pesquisadores interessados nesta área do conhecimento.

Esse crescimento de interesse obviamente gerou um maior número de tentativas de aprimoramento da técnica. Hoje existe um número razoável de laboratórios trabalhando com a clonagem no mundo. O tempo trouxe também melhoras de índices e da qualidade dos embriões e o interesse na aplicação dos resultados no campo.

Com relação à aplicação a campo existem discussões envolvendo a eficiência, a verdadeira importância e efeito da aplicação desta tecnologia. Uma grande parte desta discussão é gerada pelo medo de ver uma tecnologia desta aplicada em larga escala. Teme-se que possa gerar uma diminuição da variabilidade genética nos bovinos e aumentar a suscetibilidade a uma determinada enfermidade ou qualquer outro problema da mesma natureza.

Obviamente esse medo é gerado por uma insegurança e por uma falta de critérios em termos de números. As tecnologias de armazenamento de germoplasma e poucas propriedades são capazes de guardar toda a diversidade nesta área desde que bem planejados.

Para se ter uma idéia disto basta olhar o que acontece em outras espécies como aves e suínos criados de maneira intensiva e com a aplicação de linhagens. Aliás, o estabelecimento de linhagens, este sim, deve gerar uma contribuição muito significativa da clonagem para a pecuária.

Imagine de um número enorme de animais F1 poder selecionar um animal específico e multiplicá-lo de maneira clonal. Estes rebanhos (todos do mesmo sexo) seriam extremamente especializados para uma determinada condição e utilizando o máximo do efeito de heterose. O problema para atingir este objetivo é ainda a maneira artesanal com que a clonagem está sendo realizada.

A técnica de transferência tem que ser executada por um indivíduo treinado em um microscópio invertido equipado com um micromanipulador. O técnico tem que retirar o núcleo do óvulo e introduzir no espaço perivitelíneo uma célula do animal que se deseja clonar. Além deste procedimento a dupla oócito e célula somática têm sofrer uma fusão por um choque elétrico e depois se desenvolver in vitro a semelhança de um embrião produzido por fecundação.

Depois de todos estes procedimentos a minoria dos embriões continua o desenvolvimento e é capaz de gerar uma gestação normal e a termo. Em números, um técnico treinado pode fazer 100 a 120 embriões em um dia que, com uma taxa de fusão de 50% e uma taxa de desenvolvimento de 30%, leva ao desenvolvimento de 15 a 18 embriões por manipulação.

Uma taxa de 10 a 15 % de prenhez permite, então, de uma a duas gestações por dia de trabalho. Não é um resultado ruim se levar em consideração os resultados obtidos há uma década atrás, todavia ainda não permite ainda uma aplicação em larga escala.

Os comentários estão encerrados.