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Análise semanal – 07/07/04

Exportações mantêm o bom desempenho, mas não tem repasse para o produtor

O mercado físico do boi gordo anda de lado.

Em São Paulo, região de Barretos, alguns compradores abriram ordens de compra a R$61,00/@, a prazo, livre de Funrural pelo boi rastreado. Nesse patamar, os negócios evoluem bem.

Assim, as escalas avançaram para o final da próxima semana. O feriado estadual da próxima sexta-feira (quando não haverá abate) também ajudou.

É preciso ressaltar, no entanto, que a maioria dos animais que estão morrendo em São Paulo vêm de outros Estados, sobretudo Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. O gado paulista está no fim.

Os compradores sul mato-grossenses também esticaram as programações de abate. Além dos pastos estarem secando, o que estimula o produtor a vender, houve muito negócio acima do preço referência. Lotes grandes e bem acabados saíram a R$61,00/@, a prazo, para descontar o Funrural.

A tendência, para o curto/médio prazo, ainda é de preços estáveis. Os compradores acreditam que conseguirão manter as escalas adiantadas, aproveitando o “finalzinho” da oferta de boi de pasto.

Exceção feita ao extremo sul do país, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde a entressafra já chegou com muita força. Não tem boi, as escalas estão curtas e o mercado trabalha em alta. Chegaram a ser registrados negócios a R$59,00/@, a prazo (20 dias), para descontar o Funrural com o boi gordo catarinense.

No atacado, o aquecimento das vendas internas, em função do pagamento dos salários, e o bom desempenho das exportações têm sustentando alguns reajustes. Em 1 semana o equivalente físico acumulou alta de 4%.

Fugindo um pouco do mercado interno, dados preliminares do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que o Brasil exportou, em junho, aproximadamente 106,86 mil toneladas em equivalente carcaça de carne bovina in natura. Aumento de 74% em relação às 61,51 mil toneladas embarcadas no mesmo período do ano passado. Recorde.

O faturamento chegou a US$182,70 milhões, alta de 122% em relação aos US$82,26 milhões obtidos em junho de 2003. Recorde também.

O preço médio da tonelada equivalente carcaça exportada foi de US$1.709,71, o segundo maior valor do ano. Atrás apenas dos US$1.729,89 registrados em maio. Na comparação com junho de 2003, quando o preço médio foi de US$1.337,39, observou-se uma valorização de 28%.

Transformando em reais, tem-se R$3.852,89/tonelada em junho de 2003 (câmbio de R$2,8809 por US$1,00) contra R$5.346,79/tonelada de junho último (câmbio de R$3,1273 por US$1,00), aumento de 39%.

Em contrapartida, no mesmo período, a cotação média da arroba do boi gordo paulista (rastreado) passou de R$53,65 para R$61,86, valorização nominal de 15% (gráfico), nem metade do reajuste obtido no mercado internacional.


Definitivamente não tem repasse para o produtor. Pelo menos não na mesma proporção.

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