Mercosul propõe barganha entre carros e carne à UE

O Brasil ofereceu à União Européia (UE) cota de 60 mil veículos europeus que entrariam todo ano com tarifa menor no Mercosul, desde que Bruxelas aumentasse as cotas para seus produtos agrícolas de uma vez e não aos poucos.

A informação foi dada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Ele e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, discutiram a barganha com o comissário europeu de comércio, Pascal Lamy, ontem em café da manhã em Paris.

O Mercosul espera como contrapartida cotas maiores para produtos sensíveis na Europa, como carnes bovina e de frango. Além disso, quer acabar com a divisão das cotas em duas etapas. Assim, o ganho adicional de mercado seria de no mínimo US$ 1,3 bilhão, ao invés de US$ 700 milhões.

Pela proposta atual de Bruxelas, a cota para carne bovina é de 100 mil toneladas. Só que 50 mil seriam aceitas imediatamente após a assinatura do acordo regional e a outra metade quando acabar a negociação da Rodada de Doha na Organização Munidal do Comércio (OMC). O Mercosul pede 300 mil de uma vez.

Segundo Furlan, o comissário agrícola da UE, Franz Fischler, reconheceu que a cota de 75 mil toneladas de frango é muito restrita, comparada ao que o Mercosul já exporta para o mercado europeu. Os próprios importadores europeus têm pressionado a UE a melhorar sua oferta.

A UE aceitou que, depois da reunião da próxima semana em Bruxelas, outra reunião com peso político importante seja realizada em Brasília na primeira quinzena de agosto. Para Furlan, trata-se de demonstração concreta de interesse e urgência. “A sinalização tanto de Lamy como de Fischler é de que temos capacidade de chegar a um acordo até outubro”, disse.

Furlan não esconde o temor de que, se o acordo regional não for concluído até outubro pela atual Comissão, ele “pode atrasar muito ou mesmo nunca mais ser concluído”, por causa de complicadores que poderiam ser colocados pelos dez novos países-membros da União Européia. “Há um compromisso para que não se perca mais tempo”, concluiu Furlan. “Agora é mais acerto de detalhes”.

Fonte: Valor OnLine (por Assis Moreira), adaptado por Equipe BeefPoint